A Baixada de Jacarepaguá tem área aproximada de 130Km² e 10% da sua cobertura é composta por rios e lagoas.

A Baixada de Jacarepaguá tem área aproximada de 130Km² e 10% da sua cobertura é composta por rios e lagoas.

A cidade esparramada de forma irregular nesta planície costeira cresce praticamente sem controle e sem equipamentos urbanos que possam atender as suas necessidades de sustentabilidade de forma plena. A consequência é muito visível e clara. Todos resíduos fugitivos, sem atendimento como o esgoto, o lixo e as águas pluviais contaminadas com a sujeira das pistas e calçadas dos bairros, escorre para os rios e daí para as lagoas. Nos rios elas se concentram e são conduzidas para as lagoas e baías onde elas se espalham.

Como solução ideal persegue-se a universalização dos serviços de esgotos, lixo e águas pluviais o que no mundo real não conseguimos ver qualquer perspectiva de conclusão. O paradoxo está na medida que quanto mais insistimos nas soluções ortodoxas e utópicas da universalização destes serviços pior fica a situação do meio ambiente hídrico que recebe todas as consequências desta ilusão. Assim a cada ano que avançamos as lagoas tornam-se cada vez mais assoreadas, pior fica a qualidade da água, e a fauna e a flora nativa
vai pouco a pouco desaparecendo. Enquanto isso ficamos discutindo as inúmeras propostas
oferecidas mas que nenhuma se inicia. O que fica são bairros cercados de valas negras
em que se transformaram os rios, e pântanos que substituíram as lagoas.

Neste momento precisamos inovar instrumentos que venham desfazer esta destruição ambiental. Insistir unicamente em teses antigas e ortodoxas não iremos satisfazer nossos desejos em curto espaço de tempo pois praticamente teremos que reconstruir a cidade. Inovar está em atacar onde estas mazelas urbanas se concentram, ou seja, nos rios. Retirar dos rios o esgoto, o lixo e das águas pluviais contaminadas impede que esta poluição chegue nas lagoas, baías e praias. Se permitirmos que estes detritos urbanos se espalhem nos espelhos d’água costeiros fica praticamente impossível recuperar o estrago feito.

Ao avaliar as soluções existentes e funcionais, que mostraram alguma eficácia, nos deparamos com as ecobarreiras e as unidades de tratamento de rios-UTR’s.

As ecobarreiras até então dimensionadas e testadas mostram que precisam ser mais robustas pois os resíduos flutuantes que descem pelos rios estão a cada dia que passa mais volumosos. Além disso, a sua operação depende de uma cadeia de processo bem concatenada com coleta, tratamento, reciclagem e disposição adequada em aterros sanitários controlados.

Quanto as UTR’s que pudemos visitar e inspecionar, observamos que atendem a retirada do lixo fugitivo, tratam e separam o chorume do esgoto fugitivo presente no rio, como também retiram o silte/areia/resíduos urbanos carreados pelo rio e que vão colmatar/ assorear as lagoas e baías. Do volume total removido dos rios pela UTR, 15% é composto de lixo, 25% é lodo do esgoto fugitivo, e 60% é silte/areia/detritos urbanos que vão assorear as lagoas. Estudos realizados conferem a possibilidade de reciclar uma boa parte do lixo removido, transformar silte/areia em tijolos sustentáveis, e o lodo da UTR do Arroio Fundo é tratado na Estação de Tratamento de Esgotos-ETE da Barra antes de ser lançado pelo emissário submarino.

Trata-se de soluções inovadoras que complementam o trabalho realizado pela CEDAE, COMLURB e Rio Águas. As ecobarreiras e as UTR’s não excluem a necessidade do saneamento básico, coleta de lixo e drenagem urbana, mas refinam e complementam estes serviços importantíssimos.

Prof.  David  Zee
Vice-Presidente  da  Câmara Comunitária Barra da Tijuca