Com população superior a 7 bilhões de habitantes, a Terra já não consegue atender com recursos naturais tamanha a demanda humana.

Com população superior a 7 bilhões de habitantes, a Terra já não consegue atender com recursos naturais tamanha a demanda humana. Os recursos naturais terrestres já estão super explorados e à beira do esgotamento. Só estamos conseguindo esticar um pouco mais a manutenção do homem no planeta raças a tecnologia, a criatividade e infelizmente, a desigualdade social no usufruto dos recursos naturais.

As mudanças dos oceanos já estão acontecendo e próximos 50 anos serão decisivos para recuperar o passivo ambiental acumulado no século passado. A elevação do nível do mar, da temperatura da água, a acidificação e a poluição das águas costeiras já são percebidas. Ocorrem mudanças graduais e podem não nos afetar em um primeiro momento. Contudo as mudanças bruscas decorrentes, como a maior frequência e intensidade das marés meteorológicas, ciclones, chuvas intensas, ressacas e zonas mortas em ambientes costeiros evidenciam a agressividade e daí nossa preocupação com a degradação dos oceanos.

A percepção das agressões e as reações dos oceanos é o primeiro passo na direção da mudança. O traçado do nosso litoral está sendo alterado de forma expressiva. Em vários locais reportam-se eventos de assoreamento ou erosão. As edificações costeiras, portos e mesmo plataformas marinhas sofrem crescente ameaça de colapso. As normas
técnicas de construção de segurança devem ser atualizadas para o novo cenário climato-oceanográfico que se forma. O risco de inundações nas planícies costeiras já é uma realidade frente às flutuações bruscas e pontuais do nível do mar causada pelas ressacas e pelas marés meteorológicas. A agressividade da maresia salina (salsugem) deteriora as edificações
costeiras de forma acelerada. A salinização do lençol freático nas zonas costeiras impede o aproveitamento dos mananciais subterrâneos de água piorando a situação da falta d'água potável.

Dentro desta nova realidade o homem deve se preparar melhor para enfrentar este novo cenário oceanográfico. Não basta apenas ocupar, é preciso planejar e desenvolver estratégias para mitigar os efeitos negativos e potencializar o aproveitamento
dos recursos naturais. Dentre esses planejamentos, destacam-se:

  • Desenvolver outros usos benéficos ao invés de perceber o oceano apenas como um local de despejo de resíduos será possível com investimentos financeiros e políticos para uma pesquisa de inovação.
  • Estratégias como a gestão costeira para o melhor aproveitamento do uso do solo respeitando-se as fragilidades litorâneas e usufruindo com sabedoria suas potencialidades é a melhor maneira de aumentar a resiliência das cidades do futuro e o ambiente natural do entorno.
  • O monitoramento da evolução e do comportamento dos oceanos para entender melhor  as trocas de energia entre diferentes esferas do planeta (hidrosfera/oceanos, litosfera/continente, atmosfera/ar) é outra estratégia a ser perseguida.
  • Transformar todos estes dados em informação útil e compreensível para a sociedade, incentivando a sua participação e responsabilidade no processo é extremamente relevante, pois influi na mudança de atitude do homem com relação à natureza.

Através do respeito pela natureza considerando-a como parceira desta jornada, possibilita a existência do homem no planeta de forma sustentável. Na verdade não é o planeta
que precisa ser salvo. Nós é que precisamos nos salvar do desastre que estamos cultivando.

Prof. David Zee
Vice-Presidente da Câmara Comunitária da Barra da Tijuca