O Complexo Lagunar da Baixada de Jacarepaguá composto pelas lagoas da Tijuca, Camorim, Jacarepaguá, Marapendi e Lagoinha tem espelho d'água de aproximadamente 13km², ocupando praticamente 10% da área da baixada costeira de mesmo nome

O Complexo Lagunar da Baixada de Jacarepaguá composto pelas lagoas da Tijuca, Camorim, Jacarepaguá, Marapendi e Lagoinha tem espelho d'água de aproximadamente 13km², ocupando praticamente 10% da área da baixada costeira de mesmo nome. Ambientalmente falando, estas lagunas servem de reservatório para o acumulo do excesso das águas que descem pelos rios das vertentes dos maciços da Pedra Branca e da Tijuca, antes de se direcionarem para o mar através dos canais da Joatinga e de Sernambetiba. Inclusive a garantia do escoamento das águas, antes acumuladas nas Vargens, depende destas comunicações com o mar.

A ocupação urbana da Baixada de Jacarepaguá em bairros populosos como a Barra da Tijuca, Recreio dos Bandeirantes e principalmente das Vargens dependem desta drenagem natural, compostos pelos rios, canais e lagoas em direção ao mar. Sem a garantia da abertura plena e permanente desta comunicação com o mar, durante o verão existe um grande risco das edificações ficarem completamente inundadas com as chuvas intensas de março que fecham o verão.

Em função da umidade trazida pelas brisas marinhas, representada pelas chuvas orográficas de verão, torna-se questão de segurança publica a garantia das trocas hídricas com o mar. Assim a plena abertura dos canais da Joatinga e de Sernambetiba devem ser mantidas pela recuperação e manutenção de guias-correntes (quebra mar) onde as atuais devem ser corrigidas. Sem esta intervenção o risco de inundação e deterioração da qualidade das águas lagunares é eminente.

Os serviços oferecidos pela natureza representados pela drenagem das águas, pela digestão da matéria orgânica acumulada nas lagoas, da produtividade primária favorecendo a reprodução do pescado, da navegabilidade das lagunas são alguns dos benefícios sociais que tanto desejamos. Para isso é preciso manter o equilíbrio dos ciclos da natureza, ou seja, garantir o meio ambiente vivo e saudável. Algumas ações importantes para garantir a sobrevida das lagoas são a manutenção da comunicação lagunar com o mar, desassoreamento da lagoa da Tijuca, elevar as pontes baixas e recuperar a faixa marginal de proteção no entorno das lagoas e canais.

O desenvolvimento sustentável da região requer o benefício social e ambiental, mas só será atingido se houver a viabilidade econômica das ações de sustentabilidade. Neste sentido estratégias e planejamento devem ser pensados e desenvolvidos para que se consiga agregar valor aos serviços ambientais desejados. Estas, geralmente de difícil percepção e de tangibilidade. Sem métricas que possibilitem uma maior visibilidade e valoração dos serviços dificilmente a natureza se mantém e tudo tende a desaparecer com o tempo.

Com um plano estratégico promove-se o ordenamento do uso, a percepção dos resultados pelas métricas definidas, a valoração dos serviços da natureza, a distribuição dos benefícios nos diversos segmentos sociais e uma meta de resultados a ser perseguida. No planejamento estratégico é possível resgatar o valor dos serviços ambientais para investir nos instrumentos de recuperação ambiental e assim potencializar os resultados em retorno ao meio ambiente e a sociedade.

Algumas ferramentas relevantes para o plano estratégico de conservação dos recursos hídricos da Baixada de Jacarepaguá são o Gerenciamento Costeiro, o plano de usos sustentáveis para o complexo lagunar e os planos de estruturação urbana (PEU's).

No planejamento estratégico é preciso adotar o princípio do ganha/ganha, onde se procura incorporar o maior numero de ganhos para um maior numero possível de segmentos sociais e ambientais. Com a visão integrada da cidade e da natureza, da viabilidade econômica das iniciativas e de inovação das propostas, o caminho se abre não para apenas uma solução definitiva, mas para um conjunto de ações que devem ser constantemente revistas e renovadas.

Assim, governo/empresas/sociedade devem ser protagonistas e beneficiários de forma ampla e transparente. Neste sentido, as parcerias públicas privadas (PPP's) devem sempre haver a participação da sociedade beneficiada em favor da eficácia dos resultados e principalmente para uma maior ética nas relações.

Prof. David Zee

Vice-Presidente da Câmara Comunitária Barra da Tijuca