A proliferação dos grandes condomínios na Barra se assemelha muito com o que o urbanista Lúcio Costa imaginava no seu plano diretor na década de 60: os condomínios bairros.

Por Marcelo Perillier

A proliferação dos grandes condomínios na Barra se assemelha muito com o que o urbanista Lúcio Costa imaginava no seu plano diretor na década de 60: os condomínios bairros.

Dos antigos, Nova Ipanema, Novo Leblon e Riviera aos atuais Península, Pedra de Itaúna e Blue, todos têm em comum essa junção de prédios e/ou casas em espaços amplos e verdes, harmonizando os cimentos com a natureza. Todavia, esse conceito traz certos problemas.

Imagina você morando num pequeno edifício de três andares, com 15 apartamentos no total. Já dá uma pequena confusão em reuniões, certo? Agora cresce esse número para dois prédios de 23 andares, com 264 moradias? Aumenta o falatório nas assembleias condominiais. Imagina isso num espaço onde tem 64 espigões dos mais variáveis tamanhos, conceitos e estilos, como é a Península, numa área tão grande ou até maior que o bairro do Leblon? Ser sindico, ou “prefeito” é um ato de heroísmo.

Assim que são os espaços de urbanização do nosso bairro, um conglomerado condominial das mais variadas espécies de gente e de classe social, em que todos, juntos, transformam e cuidam, primeiramente do seu próprio terreno, para depois do vizinho. Porém, como o dito popular diz: “não mete o nariz onde não é chamado”. E é isso que, muitas vezes, pode atrapalhar o andamento da boa vizinhança.

Sendo assim, vamos vivendo e aprendendo a conviver um com o outro. Afinal de contas, como bem diz Lavoisier: “na natureza nada cria, nada se perde, tudo se transforma”. Se o projeto arquitetônico de Lúcio Costa mudou, por que não podemos mudar também nossas relações com aqueles que moram bem próximos de nós? Pois, para cobrar melhoria do vizinho, primeiro devemos saber como estamos indo no nosso próprio terreno. Falar dos outros é fácil, agora pensar no que estamos fazendo de errado é extremamente complicado. O importante é não ficar indiferente. Participar das assembleias, das mudanças de estatutos, das eleições e até quem sabe, aceitar a concorrer a um cargo, que certamente será um encargo.

Normas de condutas facilitam uma vida comunitária, mais a participação ativa fortalece a comunidade e o bem comum.