Peça “O Homem de La Mancha” se inspira entre a loucura e a realidade

“Eu sou eu, Dom Quixote, Senhor de La Mancha, e meu destino é lutar. Pois quem não se aventura, com fé e ternura, o mundo não pode mudar”.  Espetáculo aclamado em 2014 “O Homem de La Mancha” está de volta aos palcos.

Escrito por Miguel Falabella e baseado no musical “Man of La Mancha”, de Dale Wasserman, ele foi inspirado na obra homônima de Miguel de Cervantes. Se na versão literária a história se passa nas planícies da cidade espanhola “La Mancha”, na teatral brasileira ela transfigura-se para um hospício na década de 1930, para homenagear outro grande visionário: Arthur Bispo do Rosário.

Assim como o Cavaleiro Errante, Rosário recriou o cotidiano conforme gostaria que ele fosse. Fez de suas obras as loucuras de sua mente. E fez dos seus olhos o irradiar dos seus sonhos e sua mente.

No espetáculo, Miguel de Cervantes vai para um manicômio, onde é julgado pelos pacientes se é culpado ou inocente pelos seus “crimes”. Nessa hora, Cervantes mostra sua defesa, incorporando-se a personagem Dom Alonso Quijana, que, em sua loucura, vira Dom Quixote, Senhor de La Mancha, que, junto com seu fiel escudeiro, Sancho Pança, caminha pela cidade lutando contra o “mal” que lhe atordoa.

Tratado como louco, Cervantes (ou Dom Quixote) se depara com uma estalagem que, para seus olhos, é um castelo medieval. Nela, encontra sua dama, a cortesã Aldonza Lorenzo, mas que, na verdade, é Dulcineia para ele. Para tentar cativar a jovem, faz uma serenata de amor que, no espetáculo, é representada pela música “Sonho Impossível”, de Chico Buarque.

Com uma visão formidável, Falabella consegue transpor a obra prima de Cervantes para o cotidiano, de uma forma leve e descontraída para toda a família. E se puder resumir a peça, que está em cartaz até o dia 29 de julho no Teatro Bradesco, localizado no shopping Village Mall, que fica na Avenida das Américas, nº 3900, em uma simples frase, nenhuma outra se encaixaria melhor que o dito popular: “o que os olhos não veem, o coração não sente”.