Moradora do Recreio é a criadora da personagem “Ivete Rabodegalo” do Programa Pânico na Band

por Guilherme Cosenza

Foi com um sorriso largo no rosto, muita simpatia e piadas na ponta da língua que a atriz Sill Esteves encontrou nossa equipe na praia para um bate-papo. A paulistana já mora no Rio há 11 anos e escolheu o Recreio dos Bandeirantes para viver. A criadora da personagem “Ivete Rabodegalo” do Programa Pânico na Band, declarou seu amor pela cidade e falou um pouco sobre sua vida, seus personagens e sua trajetória no meio artístico. Acompanhe:

Jornal da Barra: Quando você percebeu que a sua vida seguiria as vertentes das artes cênicas?

Sill Esteves: Por ser loira sempre me chamavam para fazer a Xuxa, Angélica ou uma Paquita na escola. Mas em casa eu sempre imitava o Michael Jackson, o Batoré, ou seja, nada haver com o meu biótipo. Então comecei a perceber que essa veia artística começou de fato na minha infância.

Jornal da Barra: Você acredita que isso é um dom?

Sill Esteves: Eu acredito, porém, as pessoas confundem o dom com a necessidade de estudar e aprender a fazer o trabalho. Você pode sim ter um dom, mas ele precisa ser trabalhado, você precisa estudar e desenvolver ele, tem muita gente que tem o dom e acha que isso é suficiente, eu nunca achei isso, sabia que tinha um dom, mas sempre fui estudar.

Jornal da Barra:Por onde você passou e se preparou para ser uma artista?

Sill Esteves: Nossa passei por muitos lugares(risos). Minha primeira propaganda de TV eu tinha 14 anos. Na época eu já fazia cursos livres de teatro. Fiz Senac, me formei em São Paulo no “Espaço de Formação Teatral”, contudo enquanto fazia o curso, já fazia o teatro amador, onde somei meus trabalhos que me permitiram tirar meu registro profissional. Acho muito importante passar por todo esse processo, pois é nesse momento que o ator acaba se formando, não só na escola, mas nas peças.

Jornal da Barra: Você teve apoio da família para seguir a profissão?

Sill Esteves: Não (risos). Minha mãe sempre dizia: “você precisa ter um trabalho de carteira assinada minha filha”. No meu primeiro teste para um comercial eu fui escondida e acabei selecionada entre 100 meninas. Acabei ganhando meu primeiro dinheiro com isso. A minha mãe disse na época que o dinheiro era meu e eu podia fazer o que quisesse. Então resolvi investir na minha carreira, porque o ator precisa investir.

Jornal da Barra: Você fez parte do grupo de vídeos na internet Parafernalha, como foi sua entrada?

Sill Esteves: Foi a convite de um amigo meu, o Fábio Nunes, que fazia parte do Parafernalha. Na época nós também fazíamos um espetáculo juntos que era o “Avacalhados” e o “Valentinas”, que foi o primeiro espetáculo de improviso brasileiro só com mulheres. Ele então chegou para mim e me convidou para fazer uma esquete sobre uma cena que ele disse que se encaixaria perfeitamente no meu perfil, então eu li o roteiro e resolvi participar.

Jornal da Barra: Essa esquete que você fez, você deu vida a uma prostituta, como você faz para não ter sua imagem vinculada a vulgaridade?

Sill Esteves: Eu sempre lutei para que a minha imagem não fosse vinculada a esse tipo de imagem. Por isso resolvi tirar graça da minha personagem. O que funcionou, o vídeo acabou sendo o mais visualizado do canal com mais de 42 milhões de acessos, é o vídeo mais visualizado de todo canal até hoje, nem somando todos os vídeos eles batem o número de acesso do meu primeiro vídeo lá. Foi muito bom, não esperava esse sucesso todo. Depois ainda estrelei outra esquete, o “Porno na Vida Real” com o Gregório Duvivier que também deu mais de um milhão de acesso, mas sempre cuidando para que não caísse na vulgaridade.

Jornal da Barra: Mas como você faz para evitar esse rótulo quando faz personagens ligadas ao sexo, como no caso dos dois vídeos?

Sill Esteves: Era simples, na hora do figurino quando me pediam para levar falavam: “a Sil, leva calcinha e sutiã”. Ao invés disso, eu de maneira malandra, levava um corpete, camisolas, baby doll, outras opções sexys para que eles escolhessem. Minha carreira sempre foi montada dessa maneira onde eu direcionava para o que eu quero dentro da minha vontade. Não que eu não me ache bonita ou que não vá usar um biquíni, simplesmente porque esse não é o meu foco.

Jornal da Barra: Você está mais evidencia atualmente por conta do Programa Pânico, você acredita que seu perfil se enquadra mais na TV, no teatro, no cinema ou na internet?

Sill Esteves: Eu não sei, o teatro a gente pode brincar mais, uma criança pode fazer um velho e vice e versa, a televisão você precisa ter um biótipo mais real com o personagem. Mas gostar mesmo eu gosto de fazer os quatro, cinema, televisão, teatro e internet. Mas eu amo fazer televisão.

Jornal da Barra: Como você chegou no Pânico na Band?

Sill Esteves: Sempre foi uma veia do teatro que me levou para televisão. Eu já tinha trabalhado aqui no Rio no Domingão do Faustão. Depois disso eu precisei ir para São Paulo resolver alguns problemas lá, ai eu ligava para alguns amigos meus que eram integrantes do Pânico na época, o Diego Becker e o Eduardo Sterblicht, e pedia para que eles me dessem uma força, me arrumassem um bico no programa para eu ganhar algum dinheiro para ajudar na volta da viagem. Eles sempre me ajudaram e acabei fazendo algumas participações. Mas acabei ficando definitivo quando o Edu criou a “Igreja do Poderoso”, então entrei para o elenco de espetáculo.

Jornal da Barra: A “Igreja do Poderoso” era um espetáculo de teatro televisionado, como foi unir os dois?

Sill Esteves: Foi uma loucura, na televisão passavam os melhores momentos, mas na real, fazíamos duas horas de espetáculo em duas sessões e ai pegávamos as pequenas partes i iam para TV. Era muito dinâmico e foi ai que comecei o meu trabalho no Pânico, onde fiquei por dois anos, também comecei a participar de outros quadros e fui me instalando em um programa de humor que não tinha mulher humorista. Sempre brinquei que se queria saber quem eu era, era só olhar a única mulher de roupa no programa (risos)”.

Jornal da Barra:Você tem ganhando muita visibilidade ao interpretar a personagem Ivete Rabo de Galo. Como foi a criação desse personagem?

Sill Esteves: A criação da Ivete Rabo de Galo foi bem interessante. Eu tive um acidente em agosto que eu acabei rompendo todos os tendões e quebrando meu braço. Eu tive que ficar com o braço imobilizado. Só que na mesma semana a produtora do Pânico me ligou perguntando se eu estava confirmada para a gravação da semana que vem, então eu não pensei duas vezes e confirmei (risos). Porém eu tive que postar nas redes um pedido de desculpa para as pessoas que iriam assistir a minha peça naquela semana, pois não conseguiria fazer a apresentação devido ao acidente. A produtora do Pânico viu a postagem e me ligou, perguntando como eu iria gravar com o braço quebrado e eu de pronto respondi: “Bruna, você não sabe, tive uma ideia muito boa”, mesmo sem saber o que fazer (risos). Comecei a pensar então, e nasceu a Ivete Rabo de Galo, que bebeu tanto que caiu do palco (risos).

Jornal da Barra: A bebida que você tomava era alcóolica mesmo?

Sill Esteves: Sim. Quando cheguei para gravar, havia uma garrafa no estúdio e eu falei que iria beber de verdade. Quando o Bola (integrante do Pânico), viu que a bebida era de verdade, ele aproveitou para me sacanear e ficava perguntando qual o meu nome, para eu fazer o bordão da personagem e beber, logo na minha primeira apresentação bebi uns 10 copos (risos) e o personagem vingou de uma maneira que eu nem esperava.

Jornal da Barra: Para finalizar, por que você escolheu o Recreio para morar?

Sill Esteves: Eu sou apaixonada pelo Rio de Janeiro. Eu gosto de São Paulo, mas lá é meu trabalho, gosto da noite paulistana, mas gosto de poder correr no calçadão e pegar um sol, isso é completamente Rio. Eu sempre morei na zona sul, mas lá é muito agitado e a minha vida profissional é sempre muito agitada e quando eu chegava em casa eu queria ficar tranquila, ver um filme e relaxar e onde eu morava era muito complicado. Foi então que surgiu a oportunidade de vir para o Recreio. No começo fiquei um pouco tensa de vir, mas depois que vim me apaixonei pelo Recreio onde moro já há quatro anos.