O primeiro time gay do Rio faz história e derruba o preconceito nas quatro linhas

 

“Nós somos o time de Camarões da Liga Carioca. Somos o segundo time das pessoas”. è de maneira irreverente e divertida que o presidente do time Beescats Soccer Boys, composto apenas por gays, André Machado, morador do Jardim oceânico nomeia seu time.

A ideia inicial foi criar um pequeno grupo para praticar o esporte: “quando vim de São Paulo para o Rio acabei parando de jogar futebol, todos os meus amigos aqui são gays e nenhum deles tinha esse hábito de jogar, por isso, quis montar um time. A gente começou a chamar as pessoas pelas redes sociais. Começou com 13 pessoas na primeira semana, na segunda foram 30 pessoas, na outra 60, quando a gente viu, já estavam dando 100 pessoas nos jogos, foi um boom e as pessoas começaram a descobrir que podiam jogar futebol. Eles falavam: ‘eu não gosto de futebol’, mas não é que não gostava, não sabia que gostava”.

André conta ainda que muitas vezes o desinteresse de gays pelo futebol vem de traumas sofridos na infância: “muita gente falava: ‘eu não jogava porque no colégio eu era o último a ser escolhido’, então ele ficava com as meninas. Então quando você não pratica você não cria o gosto. Lógico que o nível no começo era muito baixo porque era muita gente que nunca tinha jogado, então a gente colocou algumas regras. Era proibido reclamar e era para todo mundo brincar. Assim começou os Beescasts, de uma forma para se divertir sexta-feira à noite”.

Com o crescimento do time e a divulgação na mídia a procura acabou crescendo a tal ponto que até profissionais do mundo da bola apareceram para integrar a equipe: “tinham muitos jogadores que acabavam vindo por descobrir um ambiente, que eu chamo de seguro, confortável para ele vir brincar, ’dar pinta’ e namorar, e aí o nível começou a subir também, pois começaram a chegar os boleiros”.

Com a subida no nível do futebol do futebol, a equipe resolveu participar da Taça Hornet em São Paulo, apenas com times GLBTS. Após vencerem o torneio, a equipe resolveu então criar seu próprio campeonato no Rio, a Champions LiGay, realizada no ano passado, que contou com oito times e foi disputada na rio Sport Center na Barra.

Hoje o Beescats já possui cinco títulos dos seis campeonatos que participou. Porém, a maior surpresa do time foi um convite inusitado de Gustavo Maranhão, presidente da liga Carioca de Futebol, que possui 150 times de oito divisões diferentes: “ligamos para ele querendo indicação de times para amistosos, pois estávamos treinando para a LiGay, na hora ele perguntou: ‘mas vocês são aquele time de gays?’, eu respondi que sim, mas na defensiva e ele disse: ‘é sensacional o projeto’”.

Gustavo acabou convidado os Beescats para participar da maior liga de futebol de sete do país. A entrada do time no campeonato acabou gerando uma comoção grande por parte dos outros times: “a receptividade foi maravilhosa, temos fila de times que querem fazer amistosos com a gente”.

Contudo, para esse ano, os Beescats estão focados para uma das maiores competições do mundo Gay, o Olympic Gay Games que acontecerá em agosto desse ano. Os Beescats serão o primeiro time brasileiro de futebol a participar do torneio: “para se ter uma ideia, o Brasil nunca levou mais de três ou quatro atletas para a competição, estaremos no maior evento esportivo gay do mundo, representando o Brasil”. Para que isso fosse possível, o time conseguiu patrocínio da Chille Pepper Single Hotel, que está ajudando a equipe na mais nova etapa e os treinos são ministrados pelo técnico Cazuza. Comn isso, é de maneira despretensiosa e convidativa que o Beescats Soccer Boys estão fazendo história e quebrando as barreiras do preconceito.