São, ao todo, 13,7 milhões de desempregados, informou nesta sexta (18) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)

A volta dos brasileiros às ruas já começa a pressionar a taxa de desemprego, que na quarta semana de agosto bateu 14,3%, o maior nível desde o início da pandemia. São, ao todo, 13,7 milhões de desempregados, informou nesta sexta (18) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Em uma semana, segundo o instituto, 1,1 milhão de pessoas ingressaram na fila do emprego no país, o que explica a pressão sobre a taxa de desemprego, que saltou de 13,3% para 14,3% -o indicador considera apenas as pessoas que disseram ter ido atrás de uma vaga no período pesquisado.

Os dados são da pesquisa Pnad Covid, que busca identificar os efeitos da pandemia no mercado de trabalho, e não devem ser comparados com a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar) Contínua, que mede a taxa oficial de desemprego do país.

Mas apontam tendências sobre o crescimento do desemprego no país. No segundo trimestre, a Pnad Contínua trouxe uma taxa de desemprego de 13,3%, a maior para o período desde que a pesquisa começou a ser feita no formato atual, em 2012.

No início da pandemia, com a população em isolamento e o comércio fechado na maior parte do país, a taxa de desemprego medida pela Pnad Covid era de 10,5%, já que menos gente se dispunha a sair em busca de trabalho.

"O mercado de trabalho estava em ritmo de espera para ver como as coisas iam se desenrolar. As empresas estavam fechadas e não tinha local onde essas pessoas pudessem trabalhar", diz a coordenadora da pesquisa, Maria Lúcia Vieira. "À medida que o distanciamento social vai sendo afrouxado, elas vão retornando ao mercado de trabalho em busca de atividades."

A pesquisa do IBGE constatou que, com a reabertura da economia, o número de pessoas que dizem respeitar isolamento de forma rigorosa caiu pela segunda semana seguida. Na última semana de agosto, foram 38,9 milhões, queda de 6,5% em relação à semana anterior.

Para a coordenadora da pesquisa, há relação direta entre o aumento das pessoas em busca de trabalho e a flexibilização do isolamento social. "A gente está vendo uma maior flexibilidade das pessoas, uma maior locomoção em relação ao mercado de trabalho, pressionando o mercado de trabalho, buscando emprego", afirma.

Com a reabertura das lojas, indústria, comércio e serviços começaram a reagir ao tombo inicial da pandemia. Os dois primeiros já acumulam três meses de alta consecutiva. O último reage de forma mais lenta, mas chegou ao segundo mês de alta.

Segmentos industriais que tiveram grandes demissões no início da pandemia, como têxtil e calçadista, começaram a repor empregados diante do aumento das encomendas. Em julho, o país teve um saldo positivo de 131 mil empregos formais gerados.

Os dados do IBGE mostram, porém, que a pandemia afetou mais o trabalhador informal, que foi impedido de ir às ruas prestar seus serviços. As vagas formais foram menos atingidas com o apoio de programas do governo para preservar o emprego, como a suspensão de contratos e a redução da jornada.

O IBGE calcula, porém, que ainda há 74,4 milhões de brasileiros fora da força de trabalho. São aqueles que não procuram emprego porque não têm necessidade ou porque acham que não vão encontrar uma vaga, embora tenham vontade de trabalhar. Esse último grupo reúne 26,7 milhões de pessoas.

Isso indica que a taxa de desemprego deve ser ainda mais pressionada nos próximos meses, quando parte desse contingente voltar ao mercado. Para economistas, sem a queda no número de brasileiros que procuravam emprego, a taxa real de desemprego hoje seria superior a 20%.