Fundado em 2010, Clube Atlético Barra da Tijuca firma parceria com Interfut para renovar categorias de base. Por Ive Ribeiro e Marcelo Perillier

Existe um grande clube na cidade. No entanto, ele não é Flamengo, Vasco, Fluminense ou Botafogo. Muito menos América, Bangu ou Olaria. Trata-se do Clube Atlético Barra da Tijuca. Carinhosamente chamado de Barra, o CABT é dividido em duas vertentes: a base, que treina no Centro Cultural e Esportivo Israelita Adolpho Bloch (Rua Sylvio da Rocha Pollis, 523) e que conta com a parceria da Interfut; e o profissional, que não tem local fixo para treinar e manda seus jogos no Estádio Aniceto Moscoso, do Madureira, popularmente conhecido como Conselheiro Galvão, fazendo referência à rua que fica.

Fundado em 2010 por Adilson Oliveira Coutinho Filho e por “Super” Ézio, ex-atacante do Fluminense da década de 90, o clube recebeu o nome de Centro Esportivo Yasmin, em homenagem a filha de Adilson. No mesmo ano, organizou Copa Yasmin de Futebol Juvenil, convidando as principais agremiações cariocas para disputar o torneio, que foi vencido pelo Fluminense. O Yasmin faturou o terceiro lugar, após derrotar o Bangu por 2 a 1.

Em 2011 aconteceu uma nova edição do campeonato, desta vez com equipes de menor expressão. No segundo semestre, o Yasmin disputou a Série C do Carioca, quando caiu na semifinal para a Associação Atlética Carapebus, que subiu para a Série B junto com o Goytacaz Futebol Clube.

Ainda em 2011, o clube mudou a intitulação para a atual e as cores do uniforme também. Saíram o azul e branco e entraram verde, branco e grená, uma alusão a Duque de Caxias, cidade de Adilson. Passados os anos, alguns jogadores de expressão mundial vestiram a camisa do Barra, como o ex-atacante Dodô e o ex-goleiro Max. Em 2014, o gerente Luiz Verdini montou um trabalho de base, mas que não vingou, como revela o atual vice-presidente Luizinho Roux.

- Ano passado disputamos o sub-13 e o sub-20 porque é obrigatório. Um dos poucos, se não o único, jogador que é cria nossa e faz sucesso é o lateral-direito Juan, que defende o Boa Esporte (MG). Ele passou pelo Barra, foi para o Corinthians e voltou para nós. Disputou a Série B do Carioca com a nossa camisa, depois a A pelo Madureira, quando foi convidado para defender o Boa. Hoje, ele é uma das grandes revelações da posição na Série B do Brasileirão – conta Luizinho.

Parceria com a Interfut modifica e recria base do CABT

Entretanto, no início deste ano, uma parceria foi firmada, provocando uma grande reestruturação no clube. Empresa que no Brasil detém a licença das escolinhas de futebol do Barcelona, a Interfut percebeu uma grande evasão de seus alunos para clubes do Rio. Professor das escolinhas e amigo pessoal de Luizinho, Otávio Vasconcelos procurou o parceiro de futsal para achar alguma solução.

- Quando a gente sentou para conversar e fechar a parceria, o pessoal da Interfut estava negociando com Campos.  Eu disse para o Otávio que o Barra tem tudo haver porque é um clube na Barra (os treinos do Barcelona acontecem no Clube Israelita) e que a região está carente disso, porque aqui não tem um clube onde os meninos possam jogar. E eu fiquei surpreendido com o trabalho e a filosofia do europeu e principalmente do Barcelona. E aí o Kleber (Kléber Leite Filho, dono da Interfut) quis ter um clube para caminhar junto com essa filosofia dos meninos formados pelo Barcelona. Ou seja, juntou o útil ao agradável – conta Luizinho.

Assim, desde janeiro, Interfut e CABT são parceiros de um dos maiores empreendimentos de clubes de futebol voltados para as categorias de base. Com equipes do sub-11 ao sub-17, o Barra disputa do sub-11 ao sub-14 a Copa Metropolitana. Com o sub-15 e o sub-17 jogam a série B, e o sub-16 a Copa Guilherme Embrey.

Interfut também se preocupa com a parte social dos atletas

Além do futebol, a Interfut também tem um projeto voltado para o lado acadêmico e social dos atletas. Chamado de Interfut Elite Academy, ele prepara os jogadores para intercâmbios esportivos de alto rendimento, voltados para bolsas em universidades do exterior, principalmente dos Estados Unidos.

- O Intercâmbio tem parceria com a Amaze Sports, que o braço esportivo da Central de Intercâmbio (CI), e do Brasas, que tem uma sala para dar aulas e cursos de inglês para os atletas. A gente está trabalhando aqui para os 99% que não vão ser jogadores. A gente vai desenvolver um jogador de futebol, mas queremos também desenvolver um cidadão e preparar eles para a vida. Tem menino que entrou no projeto e estava sem estudar. Óbvio que a gente sabe que a pessoa do intercâmbio tem outro perfil, mas não é por isso que não vamos acolher um menino que tem sonho em ser jogador de futebol. Todos vem aqui para ser jogador e trabalhamos para isso – revela Otávio.

A parceria entre Interfut e Barra inicia um novo ciclo para todos os profissionais engajados nos projetos, fazendo com que a escolinha do Barcelona seja o início, o Barra o meio e o intercâmbio o fim. Com isso, o atleta pode seguir dois caminhos: de ser jogador de futebol ou estudar por meio do esporte em uma universidade de grande porte no exterior.

Profissional perto de subir para a primeira divisão do carioca

Engana-se quem pensa que o Clube Atlético Barra da Tijuca abandonou o profissional. Ledo engano. O time ainda está na ativa e disputando muito bem a Série B do Carioca, tano que, por pouco, não se classificou para as semifinais do primeiro turno da competição. Na última rodada, a equipe empatou com o São Cristóvão em 1 a 1, terminando a fase em quarto lugar do grupo (apenas os dois primeiros passavam para a próxima fase). O Barra tentará repetir a boa campanha no returno, mas buscando o desfecho positivo, pois, na visão de todos os dirigentes, subir para a primeira divisão do Estadual será fundamental para o aproveitamento dos atletas das novas categorias de base.