A Prefeitura de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, publicou um decreto nesta terça-feira (5) desobrigando o uso de máscaras faciais no município. A medida vale tanto para locais abertos quanto os fechados e foi declarada levando em consideração a queda no contágio de Covid-19 na região e a elevação no número de vacinados.

Apesar das pressões do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o Ministério da Saúde não recomenda a desobrigação de máscaras e ainda não há data certa para que a providência seja adotada de forma nacional.

Segundo a Prefeitura de Duque de Caxias, sob gestão Washington Reis (MDB), a proteção será exigida quando uma pessoa estiver infectada pelo coronavírus ou suspeitar que possa ter sido contaminada pela doença.

O município registrou cerca de 900 mil doses de vacina aplicadas contra a Covid-19 e 46,8% da população está totalmente imunizada.

Em abril, o prefeito Washington Reis foi criticado após ser filmado aparentando estar aplicando vacina em uma pessoa. Em nota, a prefeitura disse ser apenas "encenação". Na época, a vacinação no município era marcada por desorganização, filas e muita aglomeração.

Reis foi acometido pela Covid-19 e internado duas vezes. A última delas, caso de reinfecção, ocorreu em julho deste ano. Ainda no início da pandemia, em março de 2020, ele defendeu que as igrejas pudessem permanecer abertas, o que estava vetado à época.

Com a sinalização de que a capital do Rio de Janeiro estuda desobrigar o uso de máscaras em locais fechados até novembro, diversos especialistas de saúde têm alertado para as consequências e dito que ainda não é a hora para isso.

"Esse é um vírus que surfa nas oportunidades. E o que a gente tem que fazer é não dar oportunidade", disse Flávio Guimarães da Fonseca, presidente da SBV (Sociedade Brasileira de Virologia) e virologista da UFMG (Universidade Federal de Minais Gerais).

Mesmo que o Rio atinja 65% de vacinados em dez dias -o acordado era chegar a esse patamar para flexibilizar o uso de máscaras-, ainda seriam necessárias mais duas semanas após a aplicação da dose para que a pessoa tenha a imunização total.

Especialistas de saúde pedem que as pessoas sigam usando máscaras faciais, tomem as duas doses da vacina e continuem com cuidados de higiene, como lavar as mãos com frequência.

Na cidade de São Paulo, a reportagem apurou que estudos são feitos sobre a flexibilização do uso da máscara. Atualmente, os parâmetros estimados para se chegar nesse cenário incluem que 100% dos idosos já estejam com dose de reforço e 90% da população adulta com esquema vacinal completo. A gestão de Ricardo Nunes (MDB) tem usado como exemplo o que tem sido feito em Portugal.

Especialistas consultados pela reportagem dizem acreditar que o ideal seria aguardar que cerca de 80% da população já esteja imunizada para se pensar em liberar a necessidade de máscara, como avalia o presidente da SPI (Sociedade Paulista de Infectologia) e professor da Unesp (Universidade Estadual Paulista), Carlos Magno Fortaleza. "E número de mortes diárias abaixo de cem no país", diz. Atualmente, a média móvel de mortes está por volta de 500.