Folhapress

No marco de 30 dias para o início dos Jogos Olímpicos, os protestos contra a realização do evento ganharam novo fôlego no Japão. Uma aliança de 15 grupos contrários à competição em um momento em que a pandemia ainda está longe de ser controlada no mundo foi às ruas com cartazes e gritos de ordem pedindo o cancelamento dos Jogos. A multidão se concentrou em frente ao prédio da Prefeitura de Tóquio, às 18h (horário local), e marchou até a estação de Shinjuku, a cerca de 500 metros dali.

Os manifestantes carregavam faixas de protesto e um boneco com rosto de caveira com mensagem ao vice-presidente do COI (Comitê Olímpico Internacional), o australiano John Coates, que está em visita ao Japão: "Bem-vindo ao Armagedon. Tóquio 2020." O grupo pedia respeito à vida, temeroso de que a vinda de tantas delegações estrangeiras ajudem a disseminar o novo coronavírus no país.

Para evitar o espalhamento da doença, o Japão fechou precocemente suas fronteiras em março de 2020. O país teve 788 mil infectados e 14.451 mortes até o momento, números relativamente baixos em comparação a países mais atingidos pela pandemia, como Estados Unidos e Brasil. No entanto, apenas 8,2% da população recebeu a segunda dose da vacina e está totalmente imunizada até esta quarta (23). Os dados são do site Our World in Data.

O protesto acontece pouco depois de o Comitê Organizador divulgar que haverá permissão de até 10.000 torcedores locais nos estádios ou no máximo 50% da capacidade da arena (o que for menor), o que é outro motivo de preocupação.

Nem o fato de o comitê anunciar que não haveria venda de bebidas alcoólicas nas arenas olímpicas esfriou os ânimos da população. Inicialmente, a imprensa local chegou a noticiar que o comitê cogitava permitir o comércio de álcool nas instalações olímpicas.

A oposição aos Jogos Olímpicos no país vem crescendo. Segundo a última pesquisa divulgada pela agência Kyodo, 86% dos japoneses são a favor de que a Olimpíada seja adiada pela segunda vez ou cancelada. Outros 40% pedem que o evento seja realizado sem público.