Jornal da Barra conversa com Fernando Mac Dowell, vice-prefeito da cidade do Rio de Janeiro, mas, sobretudo, um especialista em transporte, que acabou levando a pasta e a secretaria que tem responsabilidade de gerir não apenas o hoje, mas também o futuro do nosso transporte.

Jornal da Barra conversa com Fernando Mac Dowell, vice-prefeito da cidade do Rio de Janeiro, mas, sobretudo, um especialista em transporte, que acabou levando a pasta e a secretaria que tem responsabilidade de gerir não apenas o hoje, mas também o futuro do nosso transporte.

Jornal da Barra: Vice-prefeito e secretário, vamos falar primeiro da Barra da Tijuca e do movimento que você tem feito para a expansão do metrô até o Recreio dos Bandeirantes?

Fernando Mac Dowell: Sem dúvida há uma previsão para que isso ocorra, mas o problema é recurso, pois o metrô é um sistema caro. Mas esse projeto não é uma obra tão cara, porque você usar o “tatuzão” pra abrir rapidamente o solo. E você não tem prédios muito em cima do local, o que ajuda bastante também.

Jornal da Barra: Então, a obra de expansão seria feita pelo canteiro central da Avenida das Américas?

Mac Dowell: As duas vias, de ida e vinda, podem ser feitas sim pelo canteiro central. Por isso que dá para fazer, mas faltam efetivamente recursos para levar o sistema desde o Jardim Oceânico até o Recreio.

Jornal da Barra: Em termos de custos, o que efetivamente significa isso, já que é uma área onde não terá desapropriação e facilidade da parte geográfica. É justamente o valor que a mídia em geral divulga, de um quarto do valor de uma perfuração normal?

Mac Dowell: É bem mais barato porque você tem areia e faria com o “tatuzão” e não como foi feito o metrô do Rio, que você fez a escavação e depois o concreto. Então há possibilidade da obra ser feita, para fazer um dos trechos do metrô mais barato que já houve.

Jornal da Barra: Inicialmente foi falado da possibilidade do pagamento das obras pelo mercado imobiliário, via mudanças de gabarito. Mas a crise imobiliária, dentro de uma leitura de hoje, algo como intangível, só que transporte, secretário, é algo que se pensa para o futuro. Só o fato de por essa obra na ordem do dia e não deixar ser esquecido já é um avanço para sua construção?

Mac Dowell: Não há dúvida. O prefeito Crivella já até anunciou isso e ele pretende, juntamente com o governador Pezão, fazer um sistema rápido para que possa beneficiar de fato a população da Barra da Tijuca. Mas tem que tomar sempre muito cuidado para fazer o metrô. Naquela região é bem mais fácil de você fazer porque não tem embaraços, como, por exemplo, debaixo da Avenida Presidente Vargas, onde tive que encarar. Com prédios muito em cima e com recalques você precisa fazer escoramento e uma série de coisas. Isso encarece o valor. Lá na Barra você não deverá ter isso.

Jornal da Barra: Aqui na secretaria de transporte você cuida de planejamento, sempre com o olhar para o futuro. Transporte lagunar para a Barra da Tijuca é uma alternativa?

Mac Dowell: É uma alternativa. Nós estamos fazendo os estudos de fazer uma ligação aquaviária, integrada diretamente com o sistema metroviário. Com isso, você vai pode aliviar todo tráfego da Avenida das Américas e resolver muito bem o problema do trânsito. Nós já estamos estudando e bem adiantados. Vamos fazer um sistema de hovercraft para que a gente consiga fugir da dependência do assoreamento.

Jornal da Barra: Nós temos registrado muitas críticas com relação ao planejamento das linhas do BRT. O que pode ser feito para melhorar essa questão?

Mac Dowell: BRT é complicado. Porque o BRT tem uma capacidade muito pequena. O Rio de Janeiro é uma cidade que fica entre o mar e a montanha, com alta densidade demográfica, em seus corredores. O que fizeram, de tirar uma faixa de carro para deixar exclusiva para o BRT, foi criar outro problema, que são os congestionamentos em locais que não existiam. Por isso que na época quis fazer o metrô, porque é o único meio compatível com a característica do Rio.

Jornal da Barra: Com relação ao BRT, é factível a substituição dos ônibus por veículos leves sobre trilhos, no mesmo modal pré-existente?

Mac Dowell: Veículo leve sobre trilho (VLT) é muito caro. Principalmente da maneira como o sistema foi feito pela prefeitura. Nós fomos pioneiros em VLT. Fizemos o pré-metrô com esses sistema, com uma capacidade de 29 mil passageiros por hora e esse outro (atual) é de 9 mil por hora, então é mais devagar. Lá na época do Marcello Alencar a prefeitura não tinha muito caixa, então tiramos o pré-metrô e colocamos o metrô, com isso chegamos até a estação Pavuna.

Jornal da Barra: Queria uma mensagem para nosso leitor da Barra e o senhor, como morador, que sente também os problemas do bairro.

Mac Dowell: A Barra realmente precisa melhorar muito. Nós temos algumas ideias para melhorar a situação. Estamos examinando os semáforos com inteligência artificial. Já preparamos toda a parte de custo, para reduzir os custos desse sistema. Mudamos toda a parte de velocidade dos pedestres, que estão bem mais velhos e que tem mobilidade menor.

Jornal da Barra: Um homem com uma bagagem como a sua, com sua experiência acadêmica como pensador do transporte, chegar a um cargo eletivo, como vice-prefeito, é um coroamento de toda vida?

Mac Dowell: Quando o Crivella me escolheu para ficar com ele como vice, já estava dizendo a tempos que não queria voltar, mas pensei que seria uma chance de fazer alguma coisa para a cidade. Por mais que tenha feito o metrô e tudo mais, agora é ela, a cidade como toda. Aceitei ficar com ele e nós estamos aqui fazendo nosso trabalho.