Prefeitura do Rio assina concessão do Lagunar Marítima, novo sistema aquaviário da Zona Sudoeste, que prevê o transporte de 85 mil pessoas diariamente. A expectativa é que as obras tenham início no primeiro semestre de 2027
Em um futuro próximo, os moradores da Zona Sudoeste poderão optar por mais uma forma de transporte público na região: as barcas. O prefeito Eduardo Paes apresentou, nesta quinta-feira (2), durante evento no píer da estação Jardim Oceânico, um projeto inédito de transporte público aquaviário que promete mudar a mobilidade na região. Batizado de Lagunar Marítima, o sistema prevê a criação de linhas de barco interligando as lagoas da Tijuca, Jacarepaguá, Marapendi e Camorim, em uma área de 12 milhões de metros quadrados.
O sistema de barcos contará com cinco terminais, seis estações, oito linhas e será integrado ao transporte municipal, adotando a mesma tarifa já cobrada em outros modais: atualmente em R$4,70. A expectativa é que o novo modal transporte 85 mil pessoas por dia, além de oferecer mais qualidade de vida, novas alternativas de deslocamento e melhora no tráfego nas principais vias da região, como as avenidas das Américas e Ayrton Senna.
Por meio de uma Parceria Pública-Privada (PPP), realizada pela Companhia Carioca de Parcerias e Investimentos (CCPar), o Consórcio Lagunar Marítimo venceu a licitação do projeto de concessão. O contrato, assinado no último dia 17 e com validade de 25 anos, prevê a implantação, operação e manutenção do novo sistema, com investimento mínimo do consórcio de R$101,6 milhões, que pode ser ampliado.
“É uma concessão equilibrada e com a tarifa do Bilhete Único Carioca. Estamos muito otimistas que vai caminhar bem, agora é aguardar o concessionário cumprir as etapas do contrato. Esse transporte promete transformar muito a realidade dessa região. O trabalhador de Rio das Pedras, Gardênia, Muzema, das comunidades da região e que trabalha nos condomínios, shoppings terá um transporte mais rápido e com conforto”, afirmou o prefeito do Rio, Eduardo Paes.
Com o contrato já assinado, o Consórcio Lagunar Marítimo tem até 30 dias para apresentar o cronograma de trabalho, e até 36 meses para construir cinco terminais obrigatórios: Gardênia Azul, Jardim Oceânico/Metrô, Linha Amarela, Muzema e Rio das Pedras; e seis estações/píeres: Arroio Pavuna, Barra Shopping, Bosque Marapendi, Parque Olímpico, Salvador Allende e Vila Militar.
Ao todo serão oito linhas obrigatórias. São elas:
Linha 1: Expressa Rio das Pedras – Linha Amarela
Linha 2: Expressa Rio das Pedras – Jardim Oceânico
Linha 4: Expressa Rio das Pedras – Barra Shopping
Linha 5: Muzema – Jardim Oceânico
Linha 7: Linha Amarela – Muzema – Jardim Oceânico
Linha 9: Circular Lagoa de Jacarepaguá
Linha 12: Expresso Gardênia Azul – Jardim Oceânico
A expectativa é que as obras tenham início no primeiro semestre de 2027, passando as etapas de apresentação do plano de implementação, dos projetos básico e executivo e da obtenção de licenças.
Além dessas construções obrigatórias, ficará a cargo do consórcio propor outras linhas, terminais e estações por meio da apresentação do Plano de Implantação Operacional.
“Temos que destacar a importância de criarmos uma alternativa de transporte. Trazer a possibilidade, principalmente para os trabalhadores que precisam acessar essa região da cidade, do uso do transporte lagunar. Com tarifa e barcos padronizados, segurança, integrado com o Jaé. Esse é um passo importante da Prefeitura, completando as possibilidades de mobilidade na região”, disse o secretário de Desenvolvimento Econômico, Osmar Lima.
Como serão as embarcações?
O consórcio deverá seguir as especificações definidas pela Prefeitura do Rio para compor a frota de embarcações. Os barcos podem ter capacidade para 42 a 120 passageiros. A frota deverá ter identificação visual externa da linha; atender as especificações de manutenção da Autoridade Marítima; sistema de alarme, combate a incêndio e de navegação por instrumentos.
A cabine de passageiros deverá ser protegida de chuva e vento, além de ter assentos novos e estofados. As saídas de emergências precisarão estar sinalizadas, assim como os barcos deverão ter iluminação para navegação noturna e acessibilidade. No início da operação, as embarcações deverão ter no máximo cinco anos de fabricação. O consórcio deverá ter uma frota reserva equivalente a 10% da frota operante.
A Iguá Saneamento, concessionária de água e esgoto da região de influência do programa, tem a obrigação contratual de investir R$250 milhões em desassoreamento e despoluição do complexo lagunar até agosto de 2026. O projeto de dragagem já foi licenciado pelo Inea, órgão ambiental do Governo do Estado, e aprovado em agosto de 2023.
O que acontecerá com as atividades de barcos no local?
O novo transporte público municipal irá funcionar paralelamente à atividade já realizada há décadas por barqueiros da região. O edital prevê a continuidade dos barcos, que não irão atuar nas rotas do transporte público municipal, nem irão concorrer com o aquaviário municipal em valor da passagem.
Atualmente, os barcos locais não possuem pontos fixos e atendem moradores das ilhas da Gigoia, Primeira e demais existentes no entorno.