Atestado de óbito mostra que a vítima morreu devido a uma perfuração do intestino e hemorragia

 

 

Nesta quinta-feira (16), o médico Heriberto Ivan Arias Camacho, chegou à 16ª DP (Barra da Tijuca), responsável pelas investigações, para poder prestar depoimentos, sobre o caso da paciente Lindama Benjamin de Oliveira, de 59 anos, que morreu depois de realizar um procedimento estético no abdômen, feito na última sexta-feira (10), no Hospital Vitée, na Barra da Tijuca. Além de Lindama, Heriberto é investigado pela morte de Mônica Sueli da Silva, que também realizou um procedimento, e faleceu em junho de 2022.

O médico chegou na delegacia por volta das 11h30 trazendo nas mãos um papel que aparentava ser a intimação de comparecimento. Heriberto entrou sem falar com a imprensa. Mais cedo, o advogado dele, Alessandro Marcos, chegou a dizer que o depoimento teria sido desmarcado, porque o policial responsável por ouvir o seu cliente estaria numa diligência em São Paulo. A informação não foi confirmada pela polícia.

O delegado Ângelo Lages quer saber, entre outras coisas, porque o médico não exigiu que a pensionista fizesse um exame de risco cirúrgico, antes de submeter a paciente a um procedimento de lipoescultura com enxerto no glúteo. A mulher teria apresentado um exame feito seis meses antes. Ela se internou no dia 9, em uma clínica, na Barra da Tijuca, mas passou mal após a cirurgia e morreu no dia seguinte. Segundo a família, o atestado de óbito aponta que a vítima teve o intestino perfurado e hemorragia.

Parentes e amigos se emocionam no enterro de pensionista morta após procedimento estético

A clínica em que o médico atendeu Lindama foi totalmente interditada na última segunda-feira pela Delegacia do Consumidor. Durante uma ação fiscalizatória com a Vigilância Sanitária do município, foram constatadas irregularidades, como produtos e aparelhos insuficientes para reversão de paradas cardiorrespiratórias e incapacidade para atendimentos de suporte à vida decorrente de complicações cirúrgicas. O responsável técnico pelo local chegou a ser preso em flagrante por crime contra as relações de consumo.

Em nota, Heriberto Ivan Arias diz não ter tido acesso ao atestado de óbito e que não pode entrar em detalhes sobre o procedimento por determinação do Conselho Federal de Medicina. Ele lamentou a morte de Lindama, e disse que que a pensionista foi “assistida por toda a equipe médica, sendo aplicadas todas as técnicas para reversão do quadro". O médico afirma estar à disposição para dar esclarecimentos. O Hospital Viteé não respondeu às tentativas de contato.

Veja a íntegra da nota de Heriberto Ivan Arias

Prezado público,

Inicialmente, ressalto o meu mais sincero pesar em relação ao óbito da paciente Lindama Benjamin de Oliveira, o qual ainda irá me entristecer profundamente por muito tempo.

Apesar do grande fluxo de informações ainda desencontradas quanto ao caso, ressalto que empreendi todos os esforços possíveis em favor da referida paciente, tanto em relação ao procedimento cirúrgico quanto às providências necessárias para salvaguardar sua vida após o surgimento da intercorrência pós-cirúrgica.

Desde a minha formação em medicina, há mais de 35 anos, e como membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, pauto meu trabalho para oferecer a todos os meus pacientes o melhor atendimento e serviço possíveis ao limite do alcance científico.

Aceitei e cumpri com o que foi determinado pela justiça perante o processo destacado nesta matéria. No entanto, sem prejuízo ao acatamento da decisão judicial, acredito que procedimentos prévios ao que foi realizado por mim podem não ter sido suficientemente considerados no mérito do processo.

No que toca os demais processos, ressalto que 3 ainda estão em curso, sem definição até o momento, e em 1 foi reconhecido que não cometi qualquer tipo de falha durante a prestação de meus serviços.

Ainda que naturalmente seja possível discordar de um entendimento judicial, não tenho dúvidas acerca da competência dos órgãos responsáveis pela averiguação das denúncias apresentadas.

Minha longa jornada profissional, pautada em estudos e casos práticos, certamente me permitem possuir plena segurança para responder a todos os questionamentos formais que me forem dirigidos.

Por fim, reforço a necessidade de que julgamentos superficiais não terminem em condenação prévia, sendo resguardado o direito a presunção de inocência, garantia que é parte de todo cidadão.

Veja a nota da defesa do cirurgião na íntegra:

"Me solidarizo com a dor da família e dos amigos da paciente Sra. Lindama Benjamin de Oliveira Nascimento. Lamento profundamente seu falecimento.

Em cumprimento à legislação do CFM (Conselho Federal de Medicina) e da Lei Geral de Proteção de Dados, não posso fornecer mais detalhes do procedimento, em virtude do sigilo do prontuário médico.

Mas, garanto que a Sra. Lindama foi prontamente assistida por mim e por toda a equipe médica, sendo aplicadas todas as técnicas médicas possíveis, amplamente reconhecidas e atualizadas no meio científico, para reversão do quadro. Infelizmente, apesar de todos os esforços empreendidos, ela foi a óbito.

Importante ressaltar que não tive acesso ao laudo do IML citado na reportagem, ficando ainda mais prejudicado trazer à público a realidade dos fatos. Me coloco à disposição para quaisquer esclarecimentos que se façam necessários e, mais uma vez, manifesto meus pêsames."