Dez placas foram instaladas na região para indicar que o trecho é uma Área de Proteção Ambiental e a prática é proibida por lei 

 

 

O biólogo Mario Moscatelli tem percebido e denunciado a ocorrência de um crime ambiental no entorno do Parque Olímpico, na Barra da Tijuca. De acordo com o especialista, está ocorrendo a supressão dos manguezais, às margens da Lagoa de Jacarepaguá, uma área que é gerida por sua equipe em parceria com a concessionária de saneamento, Iguá. O caso já foi reportado à Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Clima (Smac). Além disso, outra medida adotada pelo ambientalista, junto com a empresa, foi a instalação de dez placas alertando que o trecho é uma Área de Preservação Permanente, por isso o corte de vegetação configura atitude criminosa. 

“Nunca havia acontecido corte de manguezal no entorno do Parque Olímpico. Foram suprimidos espécimes de grande porte para os padrões da região. Para aquelas árvores chegarem ao tamanho em que se encontravam quando foram cortadas leva dez anos, entre coleta da semente, produção da muda, plantio e manutenção. É muito tempo de trabalho, para ser destruído em poucos minutos. Quem corta manguezal é criminoso e pode ir para a cadeia, além de pagar multas”, diz Moscatelli. 

O biólogo também desta que, há mais de um ano, ele e Iguá fazem a gestão de uma área de 30 mil metros quadrados de manguezal na região, incluindo serviços de limpeza de margens e combate à presença de espécies que comprometem o desenvolvimento da vegetação. 

 

(Foto: Divulgação/Mario Moscatelli)

“A biodiversidade da zona costeira, incluindo peixes, aves, crustáceos e mamíferos marinhos, depende da existência dos manguezais. Ele funciona como um eficiente filtro das águas e do ar, visto que sequestra em média quatro vezes mais e concentra dez vezes mais gás carbônico que qualquer outro ecossistema”, explica o Mario, ao apontar que os manguezais são essenciais para a qualidade de vida humana, já que protegem as margens de lagoas, baías e rios do processo erosivo, além de serem essenciais para as atividades que variam do ecoturismo à pesca artesanal. “É o famoso "mil e uma utilidades", sem contraindicação e, por isso, protegido integralmente como Área de Preservação Permanente desde o antigo código florestal de 1965”, finaliza. 

A Smac informa que será implementado o programa de Guardiões dos Mangues nessa região, com o objetivo de realizar a manutenção e proteção ambiental do espaço. O programa capacita pessoas da comunidade para a limpeza dos manguezais e, a partir disso, as pessoas terão um diálogo direto com a secretaria e será mais fácil denunciar possíveis crimes e infrações.