Associação de Moradores do Recreio dos Bandeirantes aponta desafios de segurança, saúde, meio ambiente e mobilidade urbana

 

De acordo com o último censo demográfico do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o bairro do Recreio dos Bandeirantes conta com mais de 140 mil habitantes (Censo de 2022), em contrapartida aos 80 mil habitantes do censo de 2010. Esse aumento no número de moradores reflete-se nas demandas da região, como a carência da saúde pública, a dificuldade da mobilidade urbana e até o aumento dos assaltos na região.

Com uma expansão que se deu, principalmente, no final dos anos 50 após a venda de grande parte dos lotes da região, o Recreio ainda hoje é influenciado pelo passado de crescimento sem planejamento, mas com grande potencial natural e urbano. Atualmente o bairro faz parte da Área de Planejamento 4 e pertence à Zona Sudoeste do Rio de Janeiro. 

Número de assaltos a pedestres cresce em 8,7%

A segurança pública pode ser definida como uma série de dispositivos e medidas que são responsáveis por garantir que a população esteja livre de perigo, danos ou riscos eventuais à vida ou patrimônio. Nesse contexto, o bairro do Recreio dos Bandeirantes tem enfrentado uma crescente demanda em relação à insegurança e ao aumento do número de assaltos na região. 

De acordo com o Instituto de Segurança Pública do Estado, as localidades que integram o Recreio e a Barra tiveram um aumento significativo nos casos de roubos a pedestres de janeiro a março de 2025, sendo esse 8,7% a mais que em 2024.

Segundo Simone Giacobbo, presidenta da Associação de Moradores do Recreio dos Bandeirantes, essas estatísticas têm relação direta com o crescimento do número de moradores do bairro, “Do mesmo jeito que aumenta a população, aumenta assalto, aumenta a quantidade de carros circulando, então, tudo aumenta”. Ainda de acordo com a presidenta, diante  das necessidades do bairro, estão sendo feitos reajustes nos patrulhamentos policiais, para que a segurança plena aconteça mediante as mudanças que a região tem enfrentado.

Trânsito na Av. das Américas afeta mobilidade urbana do bairro

Quando se fala de mobilidade urbana, trata-se de um conjunto de sistemas e planejamentos públicos que garantam a capacidade dos cidadãos de se locomover de maneira eficiente e acessível dentro de uma região, levando em conta pedestres, transportes públicos, particulares e vias de acesso. 

As dificuldades em relação à mobilidade no Recreio dos Bandeirantes estão relacionadas com o aumento populacional da região e a localização do bairro que integra uma das principais vias da cidade, a Avenida das Américas. De acordo com a Prefeitura do Rio, a Av. das Américas, na altura do Recreio dos Bandeirantes, tem cerca de 100 mil veículos atravessando diariamente a via. 

Por ser um bairro que vem crescendo de forma ampla e sem planejamento adequado, a região atualmente tem enfrentado questões problemáticas em relação ao trânsito de veículos automotores. “Quanto mais gente, mais você trava o bairro, tanto que quando tem verão, ou fim de semana de sol, carnaval, ninguém anda no bairro. Se você passar mal, você não sai daqui”, explica Simone.  

Ainda segundo Giacobbo, as medidas que são tomadas atualmente para melhorar a situação do trânsito na cidade são paliativas, quando na verdade deveria existir um projeto que pense em soluções a longo prazo que levem em consideração fatores atuais e futuros. 

A natureza que integra o Recreio dos Bandeirantes

O Recreio dos Bandeirantes é um bairro reconhecido, principalmente, por belezas naturais, praças e parques criados para a preservação da fauna e flora local, área essa que é ameaçada por grandes construções que chegam à região. A ideia de bairro arborizado em meio a uma cidade urbana implica em um objetivo permanente de manutenção e fiscalização da região para que a natureza seja respeitada pelos cidadãos e órgãos públicos. 

A Associação de Moradores do Recreio dos Bandeirantes (AMOR) tem participação  e comunicação direta com os órgãos encarregados por garantir o bem-estar do bairro. Segundo a organização, existe uma constante demanda por melhorias na região e uma administração que busca sempre valorizar as particularidades da região. “A desordem urbana na área é uma coisa que a gente está sempre pontuando para o poder público, porque não se pode fazer o que quer nas praias, por exemplo”, aponta a presidenta da Associação.

Iniciativas como a criação da MoNa, é um dos projetos que garantem a proteção ao meio ambiente na região. A MoNa do Recreio dos Bandeirantes é um monumento natural que contempla  3 setores ambientais do bairro, são eles: o Morro do Rangel, a Pedra do Pontal e a Pedra de Itapuã, mais conhecida como a Pedra da Macumba. De acordo com a Prefeitura, esse projeto faz parte da meta global que estabelece como objetivo a criação de condições para que até 2030 áreas naturais, como as citadas, sejam efetivamente conservadas e geridas por meio de sistemas de áreas protegidas. 

Dois pontos chaves que  também diferenciam a região, é a existência de por volta de 15 grandes praças que são utilizadas como forma de lazer pelos moradores e, também, necessitam de constante manutenção. Além disso, os grandes lagos e praias que fazem parte do Recreio, muitas vezes, não possuem a limpeza adequada, tornando-as enfoques de possíveis doenças e sendo utilizadas para escoamentos inadequados de esgoto. 

A promessa de uma clínica da família no Recreio

A saúde pública de uma região é um direito garantido em Constituição, no entanto, em algum momentos, esse âmbito essencial para a vida é negligenciado e colocado à prova. No bairro do Recreio dos Bandeirantes, a saúde sempre foi uma questão sensível para a população, principalmente nos últimos anos, onde o número de pessoas vem crescendo, mas medidas de ampliação da cidadania não acompanham essas mudanças. 

Segundo Simone Giacoppo, a promessa de uma clínica da família totalmente equipada e planejada para atender a população da região existe, porém são muitos anos no aguardo e o projeto não aparenta progredir. Atualmente o posto de saúde do bairro, por mais que seja grande, é desatualizado e subutilizado, o que frustra não só os cidadãos mas a organização que luta por um espaço adequado a muito tempo. “O Recreio precisa que a saúde enxergue o bairro como o vazio sanitário que ele é”, afirma a presidenta.