Somente em outubro, 5 animais apareceram sem vida na região

 

 

 

Uma ONG sediada na Barra da Tijuca, o Instituto Núcleo Maré (Inmar), lançou um alerta preocupante sobre o crescente número de tartarugas marinhas que estão perdendo a vida no Canal da Joatinga devido a atropelamentos por embarcações e motos aquáticas. O cenário desolador revela que, somente no mês de outubro, cinco tartarugas marinhas foram encontradas mortas, muitas delas mutiladas e com seus cascos quebrados.

Normalmente, durante a maré alta, essas criaturas marinhas buscam refúgio nas lagoas próximas, porém, ao fazerem isso, acabam ficando vulneráveis às hélices das embarcações, resultando em ferimentos graves ou morte.

O incidente mais recente, denunciado pela ONG, ocorreu no último dia 26 de outubro, por volta das 20h, próximo à Praia dos Amores. A tartaruga em questão media cerca de um metro de comprimento e apresentava um corte no pescoço, além de ter seu casco comprometido.

Márcio dos Santos, presidente do Inmar, expressou sua preocupação, enfatizando que a situação se agrava nos finais de semana devido ao aumento do tráfego de embarcações e à falta de fiscalização adequada ao longo do complexo que se estende desde o Canal da Joatinga até a Ilha da Gigoia.

“Não são só tartarugas: capivaras e uma infinidade de aves também são vítimas”, alertou Márcio.

Ramayana Regis, coordenadora do instituto, revelou que a fiscalização das embarcações é realizada de maneira esporádica. “É uma vez por dia. Quando vem, todo mundo acalma, mas depois que ela sai, tem o resto do dia para eles fazerem um show de velocidade e de atrocidades contra os animais do canal”, detalhou.

O Inmar prontamente notificou a Patrulha Ambiental, um órgão vinculado à Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Clima, sobre a situação alarmante.

A Prefeitura

Em resposta, a Prefeitura do Rio de Janeiro se pronunciou, informando que a Secretaria de Meio Ambiente e Clima é responsável por fiscalizar atividades prejudiciais ao meio ambiente e a pesca ilegal. A regulação da velocidade das embarcações, por sua vez, é uma incumbência da Capitania dos Portos.

“A secretaria segue acompanhando os resultados para tomar as atitudes cabíveis”, afirmou o comunicado oficial.

Foto: Reprodução/TV Globo

A denúncia feita pelo Instituto Núcleo Maré destaca a urgente necessidade de ações coordenadas e fiscalização rigorosa para proteger as tartarugas marinhas e outras espécies vulneráveis nessa região costeira do Rio de Janeiro.

Veja abaixo a íntegra da resposta da Marinha:

“A Marinha do Brasil (MB), por intermédio do Comando do 1⁰ Distrito Naval, informa que a Capitania dos Portos do Rio de Janeiro (CPRJ) possui como atividade-fim a fiscalização marítima de embarcações na área de sua jurisdição, realizada por meio de equipes de inspetores navais, as quais, durante as abordagens, verificam as documentações, as condições de operação do meio, a habilitação dos condutores, a existência e o estado de conservação do material de salvatagem, além do cumprimento das regras de navegação.

No que diz respeito à denúncia recebida de mortandade de tartarugas marinhas no Canal da Joatinga, a Capitania dos Portos do Rio de Janeiro informa que, até o momento, não foi acionada sobre o citado fato. Todavia, insta frisar que dispõe de uma equipe de Inspeção Naval que atua diariamente na área do canal, onde aborda as embarcações que trafegam naquela área, a fim de que sejam cumpridas as determinações dispostas em lei. Ressalta-se que a velocidade permitida de navegação nesta área é de 8 nós, correspondente a 14,82 km/h.

Ademais, a fiscalização de irregularidades relacionadas às questões ambientais é de competência dos órgãos ambientais. A CPRJ, nos termos da Lei Complementar n° 97/1999, atua por meio de ações interagências e realiza o trabalho em apoio a estas instituições, mediante solicitação, especialmente junto ao IBAMA e INEA, embarcando agentes daqueles órgãos nas embarcações da Capitania.

Cabe destacar que a Marinha incentiva e considera importante a participação da sociedade, que pode ser feita pelos telefones 185 (número para emergências marítimas e fluviais, além de pedidos de auxílio), (21) 2104-5480 e (21) 97299-8300 (diretamente com a CPRJ, para outros assuntos, inclusive denúncias).”