Festival celebra os 15 anos da festa Tupiniquem com programação que inclui shows, exposições, troca de saberes indígenas e quilombolas, imersão sensorial na música brasileira e educação ambiental
A Tupiniquim, festa de valorização à cultura brasileira, comemora 15 anos de existência com a primeira edição do Festival Tupiniquim, que será realizada no dia 20 de dezembro, a partir das 14h, no Nectar Som, em Vargem Pequena, zona oeste do Rio de Janeiro. O evento propõe um olhar sensível para dentro do Brasil, com uma programação que une ancestralidade, arte e meio ambiente. O Festival contará com espaço reservado para pessoas com deficiência, intérprete de Libras e audiodescrição. Os ingressos estão disponíveis pelo Sympla.
“A Tupiniquim surgiu no verão de 2010 pra 2011 de forma despretensiosa. No dia 28 de novembro de 2010, eu, o publicitário Dudu Ribeiro e a produtora de cinema Luísa Breda, fundadores da Tupiniquim, ocupamos o segundo andar do antigo bar Kaserna, no Rosas, Barra da Tijuca, com caixas de som emprestadas de um amigo, capas de discos clássicos da música brasileira coladas nas paredes como decoração, convidamos os amigos, divulgamos nas nossas redes sociais – o Orkut ainda existia na época – e preparamos um repertório de música brasileira dançante que a gente gostava. Não havia cobrança de ingresso, era um pós-praia para amigos e amigos de amigos”, lembra Baía.
A ideia surgiu do desejo de ouvir música brasileira perto de onde moravam, zona oeste do Rio. Com o sucesso do primeiro evento, repetiram a programação no domingo seguinte e assim sucessivamente:
“A Tupiniquim começou como uma vontade, se tornou um caminho, um propósito e a nossa vida. A música brasileira é um mapa pra dentro da gente, pra nossa essência, nossa identidade, nossa alma. Perceber isso foi aguçando nossa vontade de seguir, de crescer, aprender mais e inspirar mais pessoas às mesmas descobertas”, comenta o fundador, que, hoje, divide a sociedade com Thiago Zunto e Bê Camará.

Bê Camará, Túlio Baía e Thiago Zunto. (Foto: Divulgação)
Percebida pelos realizadores como mais do que “uma festa pela festa”, mas como um conteúdo cultural, com artes visuais, performances, apresentações e intervenções artísticas, a festa seguiu naturalmente o caminho para tornar-se um festival.
“Com o passar do tempo fomos entendendo que a brasilidade que estamos pesquisando e transformando em festa, também tem a ver com a preservação do meio ambiente, dos saberes dos povos da floresta, da busca por uma vida mais conectada com a natureza. O Brasil é um ‘país-floresta’ com riquezas naturais únicas, e a zona oeste, nossa região, tem o Parque Estadual da Pedra Branca, a maior floresta urbana do mundo. A gente quer botar todo mundo para dançar, festejar, sorrir e se abraçar, e também queremos falar disso. Daí surgiu a ideia de fazer um festival que colocasse os indígenas, os quilombolas, os ambientalistas, os artistas, e o público em uma vivência em que tudo converse e apresente caminhos pra adiar o fim do mundo, como propõe Ailton Krenak”, explica.
Na programação musical, o Festival reúne nomes que representam a alma contemporânea da cena brasileira, que se apresentam nos palcos Mico-Leão-Dourado e Floresta. O anfitrião DJ Túlio Baía conduz a pista com sua curadoria afiada; DJ Lencinho, figura histórica do Circo Voador e parte fundamental da trajetória da própria Tupiniquim, retorna às raízes; DJ MAM, referência internacional e voz comprometida com a causa indígena na música, traz suas sonoridades de fronteira, além de contar com a participação do músico Tupãzinho Guarani; e Ruxell, produtor e DJ reconhecido por sucessos que atravessam gêneros e gerações.
Formada em 2016, por ex-músicos do Forfun, a banda BRAZA também é uma das atrações confirmadas, levando ao Festival o show de seu novo disco, Baile Cítrico Utrópico Solar. O cantor e compositor carioca Alan Bernardes, nascido em Campo Grande, apresenta em seu show a poesia que atravessa o Brasil Profundo. Nascida no interior do Maranhão e criada no Complexo de favelas da Maré, a cantora indígena Kaê Guajajara leva ao palco suas composições musicais a mistura de sua vivência indígena com sonoridades pops dançantes, dando voz à legítima Música Popular Originária – MPO.

Tupiniquim Produções e representantes do Quilombo Cafundá Astrogilda e os Guarani Mbyá. (Foto: Divulgação)
Os Filhos da Floresta chegam ao festival para inspirar o público com sua relação direta com a natureza, trazendo saberes sobre manejo, cuidado, cura e convivência com a mata, representando a força ancestral que conecta território, espiritualidade e modos de vida sustentáveis. O Quilombo Cafundá Astrogilda e os Guarani Mbyá realizam oficinas que abordam educação ambiental, medicina da floresta, alimentação, artesanato e a filosofia cotidiana desses povos.
Na estrutura física do espaço, o VJ Thiago Zunto, também anfitrião do Festival, fará uma apresentação de videomapping. O local conta ainda com praça de alimentação, o Lounge Bicho-Preguiça (um redário para descanso), o Bosque das Artes com exposições, a Tenda Indígena, a Tenda Quilombola, o Vale dos Saberes dedicado às oficinas, e o Espaço Solar dos 6 Sentidos, uma instalação multissensorial totalmente abastecida por energia solar, que conta a história da música brasileira por meio de texturas, estímulos sonoros, aromas, vibrações e vivências táteis. Cada cabine é dedicada a um pilar da nossa identidade musical: Samba, Forró, MPB, Carimbó e Funk.
SERVIÇO
Data: Sábado, 20 de dezembro
Horário: das 14h às 00h
Local: Nectar Som (Estrada dos Bandeirantes, 22774 – Vargem Pequena, Rio de Janeiro – RJ)
Ingressos disponíveis pelo Sympla