Odontologista Caroline Malavasi explica detalhes sobre o bruxismo que tem acometido muitos pacientes durante a pandemia do coronavírus 

Genética, estresse, ansiedade e problemas físicos como oclusão inadequada pela ausência de elementos dentários, mordida cruzada e fechamento inadequado na boca são algumas causas do bruxismo, uma desordem caracterizada pelo ranger, apertar e pressionar os dentes durante o dia ou à noite, com mais frequência durante o sono. Durante a pandemia do novo coronavírus, os consultórios de odontologia viram aumentar o número de pacientes em busca de tratamentos para evitar ranger os dentes e consequentemente, casos de fraturas dentárias ocasionadas pelo bruxismo.

“Essa força descompensada pode causar desgastes, sensibilidade, amolecimento e, até mesmo, em casos severos e não tratados, a fratura e consequente perda dos dentes. Fora que também podem ocorrer problemas gengivais, ósseos e na articulação da mandíbula (ATM)”, explica a Caroline Malavasi, especialista em Ortodontia e mestre em Dentística pela Universidade Federal Fluminense, com consultório na Barra da Tijuca (RJ).

O bruxismo é considerado uma causa comum, podendo ser observado em todas as faixas etárias. Porém, estudos mostram que, devido aos fatores emocionais, o bruxismo atinge uma faixa etária prevalente entre 20 a 40 anos, mas também é observado que crianças também são atingidas, por conta de hábitos, como sucção digital, chupetas e roer unhas, conforme explica a especialista.

Para tratar a causa, a odontologista aponta que cada tratamento deve ser individualizado, já que o bruxismo é uma desordem multifatorial. Ela também revela que o botox pode ser um bom aliado para minimizar a causa.

“Em alguns casos, são necessários o uso de ansiolíticos para controle e alcance de estabilidade emocional. Em outros, é necessário reabilitar proteticamente o paciente que tenha perdido dentes (seja com restaurações, coroas ou implantes). Podemos realizar, ainda, a aplicação de toxina botulínica A para diminuir a atividade dos músculos mastigatórios hipertrofiados (masseter e temporal)”, pontua Caroline Malavasi.

Ela explica que a toxina botulínica age inibindo a hiperatividade muscular, reduzindo a contração dos músculos, sem apresentar uma ação sobre o sistema nervoso central. Por isso, as aplicações de toxina botulínica podem diminuir os níveis de dor e a frequência dos eventos de bruxismo.

“Os resultados demoram em média de 7-15 dias para aparecer. Após esse período, o paciente deve ser reavaliado, devendo retornar ao consultório para controle e manutenção preventiva após 3 a 4 meses da aplicação”, ressalta.

As famosas plaquinhas protetoras também são utilizadas na maioria dos casos, conforme ressalta a especialista. “Fazemos as plaquinhas protetoras que ajudam a restringir a movimentação e assim, diminuem o atrito capaz de desgastar e afetar os dentes. Essas plaquinhas personalizadas são utilizadas diariamente para dormir e são feitas através de moldes da própria arcada dentária do paciente”, diz.

Para a especialistas, ambos os tratamentos são indicados e minimizam os fatores. Mas é necessário buscar ajuda assim que notar algum sintoma de bruxismo, como dor, dentes quebrados, fissuras e dor na articulação temporomandibular (ATM).

“Tanto o tratamento com as placas quanto com a aplicação da toxina botulínica A, apresentam bons resultados. Porém, a toxina pode ser uma alternativa mais interessante por não haver a necessidade da colaboração do paciente para a sua utilização diária, como acontece com a placa intraoral”, finaliza a especialista.