Região teve melhora em indicadores de roubo, segundo levantamento do ISP, mas a percepção da população não mudou



 

Os moradores de Jacarepaguá, que sofrem diariamente com a piora na sensação de segurança do bairro, foram até a Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), durante uma audiência pública, nesta quinta-feira (9), para discutir a situação. Apesar da melhora de 19% nos indicadores de roubos na área em 2022, contabilizados pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), os cariocas não percebem tal mudança nas ruas. 

O encontro foi conduzido pela Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa do Estado do Rio (Alerj) na última semana e contou com a participação de membros da sociedade civil e representantes do poder público. 

A deputada Martha Rocha (PDT), ex-delegada de polícia, foi uma das figuras do evento. Durante o discurso, comentou sobre a violência no bairro. “Nós estamos assistindo à violência crescer em Jacarepaguá e com a expansão do crime, a tranquilidade é impactada, o atendimento médico é impactado, o valor imobiliário é impactado”, afirmou. A parlamentar ainda apontou a insatisfação por perceber a ausência de alguns órgãos competentes, como a subprefeitura de Jacarepaguá, no encontro com os moradores. De acordo com a Alerj, apesar do convite, os representantes das Secretarias de Governo, do Ministério Público, e o secretário da Polícia Civil, não estiveram presentes na audiência. 

Márcio Gualberto (PL), presidente da Comissão de Segurança, também criticou a falta dos representantes. “Os moradores querem andar em paz, pedem no mínimo uma vida com dignidade e segurança. (...) Vamos fazer um novo convite e continuar discutindo o tema. As reclamações que foram feitas também serão encaminhadas às instituições do estado e espero dentro de 15 dias ter alguma resposta”, disse o representante. 

Segundo o tenente Coronel Sepúlveda, responsável pelo 18º BPM (Jacarepaguá), a PM busca uma reestruturação logística do seu trabalho na região. Atualmente, a unidade conta com 802 policiais, dos quais 270 trabalham por turno. “Estamos buscando junto às lideranças locais construir uma política pública integrada e identificar as nossas principais deficiências. Não vamos resolver nada sozinho, estamos contando com a ajuda da população”, disse o coronel.

O oficial ainda disse que a corporação já vê um decréscimo no número de registros na região, especialmente em casos de roubos a pedestres, de carga e veículos. Contudo, a população não percebe a melhora se refletindo na sensação de segurança ao transitar no bairro da Zona Oeste. 

O morador de Curicica há 60 anos, Reginaldo Silva, conta que as coisas mudaram para pior de forma mais sensível nos últimos cinco anos. “A situação é catastrófica, vivemos uma guerra civil e precisamos de mais policiamento. Entendo que a culpa não é só da polícia, mas do sistema como um todo que não garante recursos e pessoal suficiente para atender à região e enfrentar o crime”, comentou Silva.

A reclamação de Reginaldo é a mesma de outros usuários das redes sociais, que vivem ou costumam passar pela região. “Não saiam de casa à toa, o clima está muito ruim na área. Já vi um assalto às 10:20 na porta da minha casa, um atropelamento na esquina da minha casa e dois carros do Bope passando enquanto estava no ônibus”,  compartilhou uma usuária do Twitter.