Terreno supostamente invadido fica em local de vegetação fechada entre o Condomínio Mundo Novo e a Praia da Reserva, na Barra da Tijuca

 

 

 

Um grupo de moradores da Barra tem utilizado a internet para denunciar a invasão de uma área de proteção ambiental, localizada entre a Praia da Reserva e o Condomínio Mundo Novo. Desde quinta-feira (16), os cidadãos reclamam sobre supostos invasores, que tomaram posse de uma parte do terreno e iniciaram a construção de barracos. Mesmo assim, a Prefeitura do Rio nega que haja atividades irregulares no local. 

“Além do flagrante crime ambiental, com o desmatamento em área de preservação e os incalculáveis prejuízos à natureza já verificados no local, sabemos que todas as favelas do Rio de Janeiro iniciaram-se com pequenas invasões de terra como essa e, com tais ocupações de espaço, historicamente vemos o crescimento da criminalidade”, escreve um morador, através das redes sociais. 

De acordo com o relato dos inquilinos, os supostos invasores intimidam quem tenta se aproximar da área e até mantêm cães por perto a fim de proteger a região tomada. Uma clareira, protegida por cerca, foi montada no local. Um vídeo compartilhado nas a respeito da situação revela também duas construções levantadas no terreno. 

As denúncias chegaram aos ouvidos do vereador Rogério Amorim (PSL), que falou sobre o caso através de suas redes sociais. "Muito grave! Há relatos de intimidação por parte dos invasores que mantêm cães de guarda no local, impedindo a avaliação dos estragos e extensão dos danos ao meio ambiente", disse o parlamentar. Amorim também escreveu na postagem que entrou com um requerimento de informações para a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, além de acionar o Comando de Polícia Ambiental (CPAM).

Elaine Lira, gerente-geral da Associação de Moradores do Mundo Novo, conta que a situação de ocupação se iniciou no início da década de 1990, mas a preocupação demonstrada recentemente pelos moradores se dá aos movimentos de expansão. “Quem mora virado para lá diz que ouve barulhos de gente trabalhando à noite, fumaça e outras movimentações esquisitas. Muita coisa fica escondida pela vegetação densa durante o dia, então não dá para ver todas as construções”, comenta. 

A Prefeitura do Rio, por meio da Subprefeitura da Barra da Tijuca e da Secretaria Municipal de Ambiente e Clima, confirmou ciência das denúncias e diz ter enviado uma equipe de fiscalização para a área, nesta terça-feira (17). Contudo, os agentes não identificaram nenhuma irregularidade ou crime ambiental no local.

Segundo informações dos agentes de fiscalização, as moradias denunciadas são de um grupo familiar que reside no terreno de forma legal, por integrarem o Parque Natural Municipal do Marapendi há pelo menos 30 anos. Também não foram identificados indícios de expansão ou desmatamento.

“Recebemos (de canais diferentes) a mesma denúncia. Nossa equipe prontamente foi até o local e verificou que, para além de não termos um cenário de desmatamento e de ou outras infrações ambientais, as famílias moram na região há trinta anos. Estamos atentos para casos que precisem de intervenção por parte da Secretaria. Mas é primordial que também estejamos vigilantes para que não alimentemos nenhuma forma de briga de classes, onde as pessoas em situação de vulnerabilidade não podem morar próximos a bairros de classe média alta”, afirma a secretária de Ambiente e Clima do Município, Tainá de Paula.

O Subprefeito da Barra, Raphael Lima, conta que o local tem as mesmas três construções que já existiam durante a última vistoria, feita em 2021, quando a Patrulha Ambiental fiscalizou a área. “Foi constatado que nenhuma nova construção foi realizada, não havendo nenhum vestígio de obras ou melhorias no local, portanto, são infundadas as denúncias divulgadas. Vale ressaltar que são moradias com mais de duas décadas de existência, que são parte de uma ação judicial sobre ocupação de área em questão,” afirmou o subprefeito.

Após a vistoria realizada por causa das denúncias dos moradores, a Coordenadoria de Defesa Ambiental emitiu um relatório oficial que informa a não identificação de desmatamento ou expansão de atividades irregulares na área apontada. O órgão ainda esclareceu que vai iniciar um processo de fiscalização ambiental para investigar a questão fundiária das moradias e o acompanhamento da situação ambiental, visto que se trata de uma Unidade de Conservação de Proteção Integral.

Durante o processo, estiveram presentes também a Patrulha do Parque, a Polícia Militar Ambiental, representantes da Delegacia de Proteção ao Ambiente e a Gestora do PNM Marapendi.