Quem fica responsável por agitar a comemoração é o Negão da Serrinha

 

 

O Jornal da Barra conversou essa semana com a presidente e uma das fundadoras da Liga da Bandas e Blocos Carnavalescos da Barra, Recreio, Vargens, Guaratiba, Sepetiba e Santa Cruz, ou somente, SamBaRe. Valéria Wright bateu um papo com a nossa equipe, e falou sobre a fundação da Liga, sobre o que o público pode esperar da feijoada que acontece domingo, e sobre as políticas envolvendo carnaval.

A Liga surgiu logo após o carnaval da Barra da Tijuca de 2016 ter tomado proporções gigantescas e inesperadas. A Riotur declarou na época que alguns blocos da região superaram em 200% a expectativa do órgão. Confusão, vandalismo, pessoas nos tetos dos ônibus e até mesmo saque a lojas da Avenida Olegário Maciel, foram alguns dos problemas que fizeram com que alguns blocos decidissem se reunir em prol de uma celebração mais organizada. Os primeiros a manifestar um interesse em atuar de forma conjunta foram o Bloco das Divas, Blocão da Barra, É Pequeno Mas Não Amolece e o Bloco do CocoLoko, que foi criada em 2017.

“Destruíram todos os restaurantes, banca de jornal, saquearam as Lojas Americanas daqui da rua. Foi um horror! Então a gente decidiu, que a partir daquele ano, pra cá não viria”, contou Valéria Wright, durante entrevista. Ela falou ainda sobre como foi esse processo para fundar a Liga do Blocos: “Sentamos num quiosque aqui da Barra, eu estudei para ver como que fazia, quais eram as regras que se tinham para se fazer um bloco... Não é tão simples. A gente pensa ‘ah, vamos botar uma bateria, botar meia dúzia de gato pingado na esquina e sai o bloco’. Não! Não é bem assim, tem toda uma estrutura por trás”.

Hoje a Liga SamBaRe conta com 14 blocos que vai da Barra da Tijuca até Santa Cruz. Os blocos pertencentes a Liga são Bloco das Divas, Bloco Tô no Recreio, Bloco É Pequeno Mas Não Amolece, Bloco do Buda, Bloco Boêmio de Sepetiba, Bloco Concentra Mas Não Saí, Bloco CarnaEco, Bloco Chove na Barra, Bloco Soul da Gema, Bloco 10 & Music, Blocão da Barra, Blocão do Recreio, Banda Amigos da Barra e Banda Amigos da Velha Guarda.

Em 2018, a Riotur chegou a oferecer o espaço do Parque Olímpico para uma espécie de Arena Carnaval, mas as Ligas do Rio de Janeiro se juntaram para ir contra a ideia de um Carnaval fechado, e resistiram em manter os blocos de rua nas ruas.

“Não acho que nenhum carnaval ali vá pra frente. Pode ver que na Pandemia alguns shows foram feitos lá, realmente lotou porque não tinha outra coisa acontecendo, mas ninguém tá querendo fazer mais show lá. Tá todo mundo fazendo na Ribalta, nas casas de shows que sempre tiveram, na Marina da Glória... Quem tá querendo voltar pra lá? Ninguém! Por que a gente tinha que ir? Injusto. Quem que vai pra aquele lugar se não for pro Rock In Rio?”, declarou Valéria. A presidente da Liga, ainda falou sobre a montagem de um fórum que compõe todas as Ligas de Blocos do Rio de Janeiro, para brigar com o então Prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, para que não houvesse carnaval no espaço: “Nós fizemos o fórum, e a partir desse fórum nós brigamos também com o Prefeito, pra não ir pro blocódromo. Porque ninguém queria ir pra aquele lugar, aquela coisa acimentada”.

A ideia não vingou, e até hoje não saiu do papel o projeto do tal blocódromo.

Quando perguntada sobre quais mudanças ela consegue destacar nesses cinco primeiros anos de Liga SamBaRe, Valéria fala sobre os acessos que a Transolímpica, Transoeste e Metrô trouxeram, o que fez com que o público dos blocos aumentasse de forma gigantesca. Ela aponta isso como algo bom e ruim ao mesmo tempo. Para ela é algo bom pois quanto mais gente, mais alegre fica o bloco, e ruim porque agora eles não conseguem mais calcular uma média de público esperado.

Ela aproveitou o espaço para fazer um apelo para a rede hoteleira, que é uma das áreas que mais lucra com o Carnaval. Segundo um levantamento feito por ela mesma em 2020, na Barra da Tijuca os hotéis tiveram 96% de ocupação, e no Recreio dos Bandeirantes, essa ocupação chegou em 89%, na época do pré-carnaval e carnaval.

“Eu fiz um levantamento pela ABIH-RJ, presidida pelo Alfredo Lopes, então eu soube exatamente desses números. Se a gente traz esse número pro carnaval, se a gente ocupa tanto isso, por que os hotéis não fazem uma parceria com os blocos? Não precisa ser com os blocos, pode ser com a Liga. Pra gente poder ajudar os blocos a saírem nas ruas, porque somos nós que fazemos o entretenimento para o público do turismo do carnaval que fica nos hotéis”.

Valéria explicou de ondem vem os fundos para que esses blocos irem para as ruas:

“Os blocos de rua saem com seu próprio dinheiro, que nós malucos que gostamos de carnaval, que a gente banca, ou dos patrocinadores. Então assim, seria uma boa que os hotéis tivessem essa conscientização de que como a gente também ajuda eles, eles podiam entrar em contato conosco, com a Liga SamBaRe, pra gente negociar como a gente poderia fazer essa parceria no próximo carnaval”, disse ela fazendo esse pedido.

Feijoada de aniversário

No domingo (07), às 13h, a Liga SamBaRe vai comemorar seu quinto ano com uma tradicional feijoada e um show de samba ao vivo com Negão da Serrinha. O local escolhido para o evento, é o Deck do Cícero, que fica na Ilha Primeira, na estrada da Barra da Tijuca, 793. O prato completo custa R$ 50,00 e deve ser adquirido com antecedência pela chave PIX 21 99461-8905. Ao fazer o pagamento, só enviar o comprovante para esse número, que sua pulseira/convite já fica reservado.

A comemoração serve para comemorar os 5 anos da Liga, uma festa para a liberdade da saúde, e uma comemoração da vida, como define a própria Valéria. Ela disse que a comemoração não vai ter gosto somente de feijão, mas sim de vitória por terem passado pela pandemia.

“Essa feijoada além de comemorar isso tudo, é um dinheiro a mais para quando um bloco precisar, a gente ter em caixa e a gente dar alguma coisa, algum suporte. A gente banca um carro de som, banca umas camisas, um banheiro químico... é pra fazer um caixa pra liga”, finalizou Valéria.