Proprietária foi presa e vai responder por maus tratos e crime de exposição ao perigo

 

 

A casa de repouso Outono, que fica em em Jacarepaguá, foi fechada na última sexta-feira (23), por agentes da Delegacia Especial de Atendimento à Pessoa da Terceira Idade (Deapti) e contou com apoio de fiscais da Vigilância Sanitária do município, devido a graves irregularidades. Neste domingo, a Justiça do Rio decretou a prisão preventiva de Marcia da Silva Lisboa, proprietária do local. 

A decisão veio do juiz Antonio Luiz da Fonsêca Lucchese durante uma audiência de custódia, onde justificou a conversão da prisão apontando os crimes graves cometidos contra os idosos que moram no lar. Ela estava em prisão temporária desde sexta-feira. 

“Todos os idosos estavam em condição de perigo à integridade e à saúde. Como se não bastasse, três idosos estavam extremamente debilitados, tanto que foram removidos para internação imediata. Uma delas estaria totalmente desnutrida e desidratada, além de estar com sarnas e escaras graves. Ela estaria em situação comatosa. Outra estaria com hipotensão, tanto que a pressão estaria 6x4. Outro com hipertensão, insuficiência renal e dor aguda abdominal. Todos os três foram removidos pelo Samu para unidades hospitalares. Não havia documentos acerca da evolução médica dos idosos. Eles estavam com sarna, além de que no local não havia avaliação nutricional individual dos idosos. Destaca-se que os três estariam amarrados e que os quartos se encontravam impróprios para uso e apresentavam-se infiltrações, mofados e com portas e cômodos estufados. As roupas limpas eram misturadas com as sujas. Por fim, duas das pessoas não seriam idosas, sendo que uma delas teria tido um AVC e outra com deficiência mental”, diz um trecho da decisão.

O magistrado ainda finalizou informando que o restabelecimento da liberdade da custodiada gera uma ofensa à ordem pública.

A ação

Os agentes encontraram 32 internos durante a interdição da Casa de Repouso Outono. No local, os idosos eram mantidos em péssimas condições de higiene, e alguns chegavam a alegar que passavam fome.

Entre as irregularidades que o local apresentava, os agentes encontraram sujeira e odor forte em todo o local, falta de cardápio para os internos, ausência de uma nutricionista responsável pela dieta deles, desabastecimento de gêneros alimentícios, inexistência de evolução médica nos prontuários dos internos, roupa suja e detritos na lavanderia. Vários idosos tinham lesões causadas por sarna e três apresentavam escaras.

De acordo com a Secretaria Municipal de Assistência Social (SMAS), as famílias de todos os idosos estão sendo contatadas pelas equipes para buscá-los. Os pacientes que não foram direcionados para os familiares foram levados para abrigos públicos.