Segundo o pai de Henry, o foco principal é evitar a morte

 

 

Nesta quarta-feira (19), foi inaugurada no Shopping Bandeirantes, no Recreio, a Associação Henry Borel, que visa a garantia dos Direitos Humanos de crianças e adolescentes vítimas de violência. O projeto é encabeçado pelo engenheiro Leniel Borel, pai de Henry, e já conta com 12 voluntários para oferecer orientação às vítimas e suas famílias, entre os dispostos a ajudar estão psicólogos, advogados, psicopedagogos e assistentes sociais.

De acordo com Leniel Borel, o objetivo da associação é ajudar menores de 14 anos vítimas de qualquer tipo de violência, seja física, sexual ou psíquica, além de oferecer apoio a eles em todas as áreas. “O nosso foco principal é evitar o pior, que é a morte. Seria muito pretensioso da minha parte achar que uma criança vai pegar um ônibus, chegar aqui no Shopping Bandeirantes e dizer 'estou sendo maltratada'. Então, tanto mãe, quanto pai, tio, avó que necessitar vai ter como referência a associação”, garantiu o engenheiro. A ação conta com apoio de empresas privadas.

A Associação Henry Borel está no papel há um ano e sete meses e é a materialização da inquietação de Leniel. O pai de Henry começou a exigir mudanças nas leis e chegou a conversar com Ana Carolina, mãe da menina Isabela Nardoni, morta pelo pai e pela madrasta em 2008. Mesmo com a aprovação da Lei Henry Borel em março deste ano, o engenheiro já tinha em mente que a solução para o problema não estaria apenas na parte punitiva, mas também na atuação preventiva.

"Na fase de inquérito policial, recebemos do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) dados dizendo que são 19 crianças assassinadas por dia no nosso país. Isso sempre me incomodou muito. Mas não adianta ter muita lei e não aplicar. Não adianta ter muita lei, mas nem por isso diminuir esses índices. É um genocídio todo dia. O que que a gente pode fazer para diminuir esses índices não seria só por lei, mas com a parte preventiva", explicou Leniel Borel.

A associação foi criada como uma forma de ressignificar a luta por justiça. "Organização Não Governamental (ONG) é algo que exige emocionalmente da gente. Tudo isso me emociona, me marca e me machuca muito. Mas eu acabei me tornando uma referência de ajuda e apoio. Então a Associação Henry Borel é uma maneira de eu conseguir dividir isso e trazer mais pessoas para ajudar. É para que qualquer pessoa que esteja passando por dificuldades consiga ter um lugar", apontou o pai de Henry.

Segundo o engenheiro, todo desenvolvimento do projeto foi custeado por ele e, a princípio, toda ajuda é voluntária. A pretensão é expandir e transformar a Associação Henry Borel em uma referência no Brasil. "Esperamos que as pessoas entendam e vejam a necessidade do que a gente está fazendo para as crianças do Brasil. Que venham mais pessoas e mais recursos para que possamos e consigamos ajudar mais e mais", torceu, se emocionando ao lembrar de Henry: "nunca acreditei que meu filho veio ao mundo para prender Monique e Jairo. É muito pouco para o que ele representa."