Miguel Ángel Insfrán é acusado de ter executado um promotor no Paraguai

 

 

Um traficante paraguaio foi preso no Recreio dos Bandeirantes. Agentes da 20ª DP (Vila Isabel), prenderam nesta quinta-feira (9), um homem identificado como Miguel Ángel Insfrán Galeano, conhecido como Tio Rico, que tem mandado de prisão em aberto no Paraguai, onde é suspeito de ordenar a execução de um promotor no país, era o criminoso mais procurado por lá.

Tio Rico foi preso no Recreio dos Bandeirantes e foi levado para a 20ª DP.

De acordo com os agentes, após a abordagem policial, Miguel apresentou outro nome e falou que tinha perdido os documentos. No entanto, na delegacia, o traficante confessou a real identificação.

Segundo as investigações, o homem tinha planos de se tornar o principal fornecedor de cocaína do Comando Vermelho, a maior facção criminosa do tráfico no Rio de Janeiro.

Ainda segundo o setor de Inteligência da Polícia Civil, uma vez estabelecido como distribuidor de drogas no RJ, partiria para “estender seu domínio para todo o país”.

A Polícia Civil do Rio disse que fez contato com a Interpol e que um mandado de prisão foi expedido contra o acusado.

Morte do promotor

Tio Rico é apontado por autoridades de Assunção como mandante da execução do promotor paraguaio Marcelo Pecci, em maio do ano passado.

Pecci estava em lua de mel em Cartagena das Índias, na Colômbia, quando foi assassinado por duas pessoas que se aproximaram em um jet-ski e, mesmo da água, abriram fogo.

Pecci havia se casado com a jornalista Claudia Aguilera no dia 30 de abril. Horas antes do assassinato, ela havia anunciado em uma rede social que os dois esperavam o primeiro filho.

Cerco de quase um mês

O preso era considerado foragido internacional e procurado pela Justiça do Paraguai e pela Interpol não só pelo atentado, como também por tráfico de drogas e por lavagem de dinheiro.

A Polícia Civil vinha procurando Tio Rico há três semanas, depois de uma denúncia de que o paraguaio vinha circulando pelo Recreio em uma picape Toyota Hilux.

Segundo a 20ª DP, inicialmente Tio Rico se identificou com outro nome e falou que tinha perdido os documentos, mas, ao chegar à delegacia, confessou ser Miguel Ángel Insfrán.

A representação da Interpol da PF formulou pedido de prisão preventiva para extradição do alvo, a qual foi deferida em caráter de urgência pelo Supremo Tribunal Federal (STF), após parecer favorável da Procuradoria-Geral da República (PGR).

Tio Rico foi levado para a Superintendência da PF no RJ até ser transferido para o Sistema Penitenciário, aguardando o julgamento do processo de extradição.

Quem era Pecci

Pecci, de 45 anos, era o responsável pela Unidade Especializada de Crime Organizado e Narcotráfico do Paraguai. Ele atuou em diversos casos que tiveram repercussão no país. De acordo com textos publicados na página do próprio Ministério Público, Pecci processou pessoas acusadas de pertencer a organizações ligadas ao narcotráfico e de lavar dinheiro para essas organizações.

O promotor também participou das apurações que envolveram a prisão de Ronaldinho Gaúcho no Paraguai. Em 2020, o ex-jogador de futebol entrou no Paraguai com um documento falso. A promotoria entendeu, no entanto, que Ronaldinho e seu irmão, que também usou documento falso para entrar no país, haviam sido enganados.

Pecci atuou nas investigações de vários crimes de pistolagem e de grande repercussão na região de fronteira, como a chacina em que foram mortas quatro pessoas, incluindo Haylee Carolina Acevedo Yunis, filha de Ronald Acevedo, governador do estado de Amambay, no Paraguai, em outubro de 2021.