Com apenas dez anos, o jovem surfista acumula títulos importantes e busca se consolidar no cenário nacional e internacional 

 

Por: Déborah Gama

Ao sair da maternidade e com poucos dias de vida, Lorenzo Abreu viu o mar pela primeira vez. O cenário foi apresentado pelo pai, que é surfista amador e nutria um sonho: que o próprio filho também fosse apaixonado pelo surfe. Local do Canto do Recreio, o menino começou a surfar aos três anos e hoje, com apenas dez anos, já se destaca nas principais competições de surfe do Brasil. 

Paulo Santos e Daniella Abreu posam com o filho, Lorenzo Abreu, na praia. (Foto: Arquivo pessoal) 

Lorenzo já acumula títulos importantes, como Campeão Niteroiense Sub-10, do Circuito Rip Curl Nova Geração 2024; além do mesmo pódio nas categorias de Sub-12 do Slake Surf Classic 2025 e Açu Surf Classic. Em 2024, o atleta finalizou o ranking estadual Sub-12 na 3ª posição, garantindo a vaga no Circuito Brasileiro de Surf Amador 2025. 

Em entrevista ao Jornal da Barra, Paulo Santos, pai de Lorenzo, explicou que o relacionamento do menino com a prancha de surf foi um reflexo do encorajamento familiar e do espírito aventureiro do menino. “Com cerca de três anos, o Lorenzo já brincava em uma pista de skate e ficava dando cambalhotas, descia escorregando de frente, de costas, dava um mortal pra cá e outro pra lá”, relatou o pai. “Nas piscinas, ele fazia o mesmo. E foi assim que ele aprendeu a nadar, se agarrando nas bordas, pulando e tentando. Assim ele se desenvolveu muito no mar, nadando ali no Canto do Recreio, principalmente quando começou a surfar”, finalizou.

Confira abaixo a entrevista exclusiva completa do Jornal da Barra com Lorenzo Abreu: 

 

Jornal da Barra: Onde mora atualmente? 

Lorenzo Abreu: Eu moro e surfo no Recreio. Fico praticamente em frente ao meu lugar preferido pra surfar, o Canto do Recreio. 

 

JB: Quais foram as suas primeiras experiências com o surfe? 

LA: Meu pai já surfava, então ele começou a me ensinar quando eu tinha uns 3 anos. Ele me colocava nas ondas em “bugbug” (de bruços na prancha, em estilo de bodyboard). 

 Paulo Santos ensinando Lorenzo a surfar no Canto do Recreio. (Foto: Arquivo Pessoal)

 

JB: Quando você percebeu que queria competir? 

LA: Eu comecei a competir quando tinha 6 anos, porque meu pai foi me inscrevendo nas competições. Eu fui me desenvolvendo e achando o esporte muito maneiro, e meu pai sempre me incentivou a acreditar que eu seria um surfista profissional… Então eu quis seguir essa profissão. 

 

JB: Qual era a sua primeira prancha e qual você usa hoje? 

LA: Eu comecei a surfar na prancha do meu pai… Era uma 5’9’’ ou 5’10’’, não lembro (que, em medidas americanas, significa 5 pés e 10 polegadas, com cerca de 1,77 metros de comprimento). E quando eu peguei o jeito e comecei a surfar, fomos a Wetworks comprar uma prancha menor. Adorei ela e tenho até hoje. Desde então, tenho diminuído cada vez mais as pranchas, até 4’11’’ (com aproximadamente 1,50 metros). Hoje, meu shaper é o Joca Secco, que está fazendo altos foguetes para mim. 

 

JB: Quais foram as suas maiores conquistas até agora? 

LA: Eu gostei muito de quando fui campeão do Circuito Niteroiense, na categoria Sub-10 em 2024. Foi em Itacoatiara e eu senti uma emoção muito boa. Ali, eu senti que estava no caminho certo para ser um surfista profissional, que estou conseguindo me desenvolver mais. Outra experiência muito boa foi no Brasileirão, o Circuito Brasileiro Júnior, em Porto de Galinhas, porque consegui competir entre os melhores do Brasil. Consegui passar bateria por bateria e senti que estou me desenvolvendo bastante. 

Lorenzo comemora vitória em categoria sub 10 do Circuito Rio Curl Nova Geração 2024, com o pai e amigos. (Foto: Redes sociais/@lorenzoabreu_)

 

JB: Como é a sua rotina de treinos? 

LA: Durante a semana, treino com Benjamim Athayde, às segundas, quartas e sextas. O Benjamin já treinou uns caras muito bons, tipo o Samuel Igo, e me ajuda a evoluir no surfe e aprimorar meus movimentos, com filmagens e análises de vídeo. De noite, faço preparação física com o Gabriel Ferrão, no Surf no Rip. 

 

JB: Quais são as suas manobras preferidas? 

LA: Eu gosto muito de fazer aéreo (surfista decola da onda com a prancha para pousar um pouco mais a frente) e layback (surfista inclina o corpo para trás, enquanto mantém o controle da prancha). 

 

JB: Quais são os seus picos preferidos para surfar na região? 

LA: Eu amo surfar no Canto do Recreio (pico localizado no canto direito da Pedra do Pontal, no Recreio dos Bandeirantes. Com a combinação certa de ondulação do mar e vento terral, o local gera ondas de direita perfeitas que correm rente à pedra, formando o clássico “lambe-lambe”). Às vezes surfo também na Joatinga, surfo lá na Barra, em São Conrado e na Prainha. Mas eu gosto muito do Canto do Recreio por ter ondas boas, que já são em pé e longas. 

 Lorenzo surfa no Canto do Recreio, no Recreio dos Bandeirantes. (Foto: Divulgação)

JB: Dos picos que ainda não surfou, qual você mais deseja conhecer? 

LA: Nas ondas lá de fora, eu gosto muito das ondas de Pipeline, no Havaí (conhecido pelas ondas enormes que quebram em águas rasas, formando os “tubões” de ondas gigantes). 

Paulo Santos (pai de Lorenzo): Ele tem essa característica desde pequeno… Ele sempre busca ondas maiores. Ele é uma criança de dez anos, mas já tem um desenvolvimento físico bom para pegar ondas maiores, tipo um Big Rider (surfistas que se dedicam a surfar ondas grandes). 

 

JB: Qual é a sua maior inspiração no surfe? 

LA: Eu admiro muito o Filipe Toledo (atual bicampeão mundial de surfe). Eu gosto muito dele, ele é um surfista muito power, radial, bom nos aéreos e que sabe mandar manobras com muita facilidade. 

 

JB: Qual são seus planos para o futuro e ambições dentro do surfe?

LA: Quero me tornar campeão mundial. Vou continuar evoluindo e dando o meu melhor para chegar lá! 


JB: Quem são os seus apoiadores?
LA: Tenho apoio da Transloc Luxo, Surf no Rip, RP Negócios Imobiliários, Wetworks e Roots Photografy. E meu shaper é o Joca Secco, que faz minhas pranchas e me ajuda a ter um quiver de foguetes.