Por: Júlia Barbon 

Onde moram dois, moram sete. "O pobre se adequa a tudo", diz a manicure Gabriela Silva, 36, que dorme na sala desde que precisou se mudar com o pai, a irmã e dois sobrinhos para a casa que seu namorado dividia apenas com o sogro.

A sua "tremeu toda" quando uma barreira deslizou logo acima, no bairro Alto da Serra, na tarde daquele 15 de fevereiro que marcou a história de Petrópolis (RJ). Não quer mais voltar para lá porque ficou apavorada, mas até agora não encontrou alternativas.

Um mês depois da chuva que deixou ao menos 233 mortos e 4 desaparecidos, os que tiveram seus lares atingidos pela tragédia improvisam, já que em sua maioria continuam sem casa, sem aluguel social e sem perspectivas.

Muitos seguem morando com parentes e amigos dentro ou fora do município, outros voltaram para seus lares em áreas de risco –parte deles ainda sem laudo da Defesa Civil–, e cerca de 700 seguem nos 21 abrigos montados em escolas ou instituições voluntárias.

Os imóveis de baixo custo que já eram escassos na cidade agora são quase inexistentes, e em áreas consideradas seguras custam muito acima do que as famílias devem receber do poder público. Proprietários também temem eventuais falhas no pagamento do benefício.

Gabriela, por exemplo, passou os últimos dias mandando mensagens para mais de dez locadores em busca de uma moradia. "O último me pediu três cauções, aluguel do mês, dois fiadores e o nome limpo. E eu nunca paguei aluguel nem recebi benefício de governo na vida", conta.

O corretor Marco Von Seehausen, que atua no município há 30 anos, afirma que os donos de imóveis em geral estão solidários, mas inseguros. "Essa é a pergunta que mais me fazem: e depois que pararem de pagar, como fica? Ninguém sabe responder", diz.

Ele considera os valores anunciados pelo governador Cláudio Castro (PL) e pelo prefeito Rubens Bomtempo (PSB), de R$ 800 e R$ 200 mensais, respectivamente, irrisórios diante da realidade de Petrópolis –que, segundo ele, pode ser comparada à da zona sul do Rio. "Com R$ 1.000 reais não se aluga nada aqui, vão continuar no morro", assegura.

Poucos conseguiram firmar contratos de aluguel por meio da prefeitura. Foram cerca de 180 famílias até agora, com prioridade aos desabrigados, sendo que quase 3.000 solicitaram o benefício ao governo fluminense até 5 de março. O município fala que está finalizando seu levantamento.

A falta de informações é o que tem deixado os afetados mais apreensivos. "Está um caos", diz Cláudia Renata Ramos, presidente da Comissão das Vítimas das Tragédias da Região Serrana. "As famílias estão bem perdidas, com informações desencontradas", critica.

Em meio a rusgas entre cidade e estado, ainda não ficou claro para os moradores como, quando e por quanto tempo o aluguel social será pago.
Segundo a gestão de Castro, a prefeitura disse à Justiça que faria o repasse no décimo dia útil, mas o município afirma que ficou acertado o pagamento unificado no quinto dia útil. O benefício municipal valerá por um ano e o estadual, por dois anos, podendo ser renovados.

Outra dúvida é de que forma será depositado o dinheiro. Segundo o governo, a legislação estadual determina que seja na conta cadastrada no CadÚnico (registro federal de famílias de baixa renda), porém a cidade vai pagar a sua parte diretamente na conta do proprietário dos imóveis alugados.

"A falta de informação é o que está matando todo mundo", corrobora o vereador Yuri Moura (PSOL), presidente da comissão especial de assistência social e moradia da Câmara Municipal. "Há uma confusão entre os cadastros, e as famílias não têm um ambiente para acompanhar a fila, saber os critérios. Em outras ocasiões foi bem mais organizado."

A prefeitura afirma que "todas as pessoas recebem o suporte para as necessidades essenciais, além de atendimentos em assistência social, saúde e acompanhamento psicológico" e que "as famílias estão sendo orientadas quanto ao aluguel social".

Uma das que vive essa aflição é a ajudante de cozinha Sara Aparecida Luiz, 40. Depois de perder dois filhos, dois sobrinhos, a irmã e a casa na tragédia, ela fez o cadastro em uma das escolas da cidade, onde pediram que ela aguardasse um contato.

Agora estão morando de maneira improvisada em um imóvel que o patrão da sua mãe, empregada doméstica, arrumou. "Aqui também não aceitam o aluguel social, a gente vai ter que ver o que fazer para dar um jeito. Não temos mais psicológico para voltar para abrigo", relata.

Como houve quase 5.000 deslizamentos desde a chuva, os laudos da Defesa Civil estão represados. Diante da altíssima demanda, o órgão interditou áreas inteiras e agora está indo em cada casa ver se continuam em risco. Mais de 1.600 laudos foram concluídos e 3.000 vistorias estão em andamento –o documento não é necessário para pedir o aluguel.

A construção de moradias permanentes também segue como plano distante. O município afirma que auxilia o estado na procura por terrenos e que disponibilizou um no distrito de Corrêas para 300 unidades. Mas os vereadores dizem que ainda não existe nada de sólido e preparam um inventário para pressionar as autoridades.

"Juntou o desespero dessas famílias com as de outras tragédias, porque elas estão vendo que essas estão conseguindo as coisas e elas estão desde 2011 sem conseguir nada", lembra Cláudia Renata, da comissão de vítimas.

Segundo Yuri Moura, outras 400 já recebiam aluguel social e aguardavam moradias antes do desastre.

Um mês depois, muitos continuam vivendo das doações, que agora estão minguando. O galpão da prefeitura tem recebido 15% do que recebia nos primeiros dez dias, mas guarda estoque suficiente de comida, água e materiais de limpeza e higiene, buscando por móveis e eletrodomésticos.

ONGs como a Ação da Cidadania também registram uma forte baixa e acumulam mantimentos e dinheiro para os próximos meses, quando sabem que a situação econômica ficará pior. A Viva Rio atribui a diminuição às atenções voltadas à guerra na Ucrânia e ao Carnaval e espera um aumento na ajuda de empresas, que costuma demorar mais.
Já os comerciantes tentam recomeçar. Segundo Marcelo Fiorini, presidente do Sicomércio (Sindicato do Comércio Varejista) de Petrópolis, cerca de 80% das lojas afetadas já haviam reaberto até a semana passada, mas ainda sofrem com o movimento fraco.

Cadastradas, elas esperam agora pelas linhas de crédito anunciadas pelo governador e pela flexibilização das dívidas contraídas anteriormente, na pandemia. Serão até R$ 5.000 concedidos para autônomos, informais e microempreendedores e até R$ 500 mil para micro, pequenas e médias empresas.

"Era para ser algo de urgência, e não para demorar dois, três meses", reclama Addison Meneses, presidente do Sindicato das Indústrias de Confecção da cidade. "Agora a gente ainda está vivendo... Não vou falar o caos, mas as consequências do caos", diz ele.

Por: Matheus Rocha

O governo do Rio de Janeiro publicará nesta quinta-feira (3) em edição extra do Diário Oficial um decreto dando autonomia para que os municípios liberem o uso das máscaras em ambientes fechados.

A Secretaria de Estado de Saúde diz que a decisão de desobrigar ou não o uso do item caberá a cada prefeitura, uma vez que as cidades apresentam cenários epidemiológicos distintos.

"Há municípios com indicadores epidemiológicos muito baixos e outros saindo da quarta onda da Covid. Portanto, a partir desse decreto, as secretarias municipais de saúde por meio de ato normativo próprio podem definir se as máscaras serão ou não obrigatórias em ambientes fechados dentro de seu território", afirma Alexandre Chieppe, secretário de estado de Saúde.

Ele diz ainda que as pessoas poderão usar as máscaras mesmo que o item de proteção seja abolido pelas prefeituras. "Recomendamos que pessoas com sinais e sintomas respiratórios mantenham o uso da máscara se forem entrar em contato com outras pessoas. O ideal é que essas pessoas façam isolamento."

O decreto é publicado quatro dias antes da reunião do Comitê Científico do Rio que deve decidir sobre a liberação do uso de máscaras em lugares fechados na capital. O encontro está marcado para segunda-feira (7).

Nesta quarta (02), a Secretaria Municipal de Saúde disse que estava em contato com o governo do estado para alinhar uma ação conjunta.

Essa sinergia é importante porque, sem a anuência do governo estadual, a liberação das máscaras não teria efeito prático. No caso de regras sanitárias divergentes, vale sempre a mais restritiva. Com a publicação do decreto, a Prefeitura do Rio passa a ter carta branca para abolir o uso do item.

Especialistas, no entanto, avaliam com cautela a decisão. O epidemiologista Raphael Guimarães diz que a liberação indiscriminada não é adequada, porque a capital recebe diariamente pessoas de municípios que não apresentam um cenário epidemiológico tão favorável quanto o da capital.

"Isso significa, em fins práticos, que o bloqueio de circulação do vírus que a vacinação proporciona perde efetividade. Vale mencionar que, embora a cobertura [vacinal] na cidade seja elevada, ela ainda está abaixo de 90%", diz Guimarães, que é pesquisador do Observatório Covid-19 da Fiocruz.

O especialista acrescenta que as salas de aula são ambientes que inspiram cuidado, já que o percentual de crianças com as duas doses ainda é baixo. "Se a liberação for indistinta entre locais, as crianças estarão desprotegidas dentro das próprias escolas. Não apenas na rede pública, mas também na rede privada."

Já para a epidemiologista Gulnar Azevedo, a prefeitura deveria esperar mais um pouco para liberar o uso de máscaras. "A liberação do uso de máscaras tem que acompanhar não só a situação da vacinação e a necessidade de internação de pessoas, mas também o que houve de aglomeração nesses dias de Carnaval", diz Azevedo, que é professora do Instituto de Medicina Social da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro).

Atualmente, os números mostram que a pandemia está sob controle na cidade. A taxa de positividade dos testes de Covid está em 14%.

Na quarta-feira (02), havia 57 pessoas internadas na rede pública por Covid, 35 estavam na UTI e 22 na enfermaria. A média móvel de casos também apresenta curva descendente, com 187 casos em sete dias.

No estado do Rio como um todo, o cenário epidemiológico também está sob controle. A taxa de ocupação das enfermarias está em 24,8%, já nas UTIs o índice é de 43,3%.

No momento, sete das noves regiões do estado apresentam risco baixo para Covid. O centro-sul tem risco moderado, enquanto o noroeste fluminense é a única região que apresenta risco alto para a doença.

A Prefeitura do Rio de Janeiro decidiu romper nesta quarta-feira (9) o contrato com a JS Salazar, empresa responsável pela administração dos pátios e dos reboques da cidade.

A rescisão aconteceu após o vereador Gabriel Monteiro (PSD) afirmar que o dono da empresa, Jailson dos Santos Salazar, tentou suborná-lo oferecendo R$ 200 mil por mês.

A suposta tentativa de suborno ocorreu depois que o vereador realizou uma fiscalização no pátio da empresa, em São Cristóvão, na zona norte. No local, ele diz ter encontrado irregularidades, como veículos apreendidos que estavam sem bateria.

Segundo o vereador, o suborno teria sido oferecido para que ele não denunciasse as irregularidades. A reportagem entrou em contato com a JS Salazar, mas não recebeu resposta até a publicação deste texto. Também não conseguiu localizar a defesa de Jailson dos Santos.

Em um vídeo publicado nas redes sociais, é possível ver o momento em que o vereador dá voz de prisão a Jailson e a três policiais, que estavam acompanhando o empresário. No vídeo, um dos homens oferece R$ 50 mil para que Monteiro não publicasse o registro nas redes sociais.

"Uma das piores máfias do RJ veio na minha casa me intimidar, com OFICIAIS da PM. (Não representam os demais). Prendi todos, e também o 01 do esquema por me oferecer 200 mil reais por mês. O RJ virou proibido pra mim!", escreveu o vereador nas redes sociais.

Em nota, o governo do estado diz que o major Djalma dos Santos Araújo e o soldado Jonatas Olímpio Norberto –os dois lotados na operação Lei Seca– e o tenente Renan Bastos de Brito, da Operação Segurança Presente, estavam cedidos à Secretaria de Estado de Governo, mas foram exonerados após denúncia do vereador.

"Os policiais foram devolvidos à Secretaria de Estado de Polícia Militar e a corregedoria interna da corporação instaurou Inquérito Policial Militar para investigar a conduta dos militares", afirmou o governo.

A Seop (Secretaria de Ordem Pública) diz que suspendeu o contrato com a JS Salazar em razão do registro de ocorrência apresentado pelo vereador na 16ª DP, na Barra da Tijuca, na zona oeste.

"A SEOP destaca já estar tomando todas as medidas cabíveis para restabelecer, o mais rápido possível, a operação normal de reboques na cidade. A retirada de veículos rebocados previamente permanece inalterada."

A Comissão de Transporte da Assembleia Legislativa diz ter entrado com uma representação na Promotoria de Tutela de Defesa do Consumidor, pedindo que o Ministério Público investigue os serviços de reboque da JS Salazar. Em nota, o presidente da comissão, deputado Dionísio Lins (Progressista), diz que a empresa é alvo de constantes reclamações.

"Recebemos também um vídeo onde um reboque da empresa está levando dois veículos de deficientes físicos que estavam estacionados em locais permitidos e, mesmo com a intervenção de policiais militares, os reboquistas simplesmente ignoraram a ordem para liberar os veículos. Isso é um verdadeiro absurdo e desrespeito", disse o vereador.

A Prefeitura do Rio vai comemorar o bicentenário da independência do Brasil (1822-2022) com uma série de ações por toda a cidade. O projeto “Rio, Capital da Independência”, lançado nesta quinta-feira (3/3), no Palácio da Cidade, vai valorizar o papel central da cidade do Rio de Janeiro, então sede do governo brasileiro, no processo de independência.

O projeto tem a gestão da Secretaria de Governo e Integridade Pública (Segovi) e vai abranger três áreas: conhecimento, memória e celebração. Em cada uma delas, uma série de ações do poder municipal vai beneficiar cariocas de todas as regiões da cidade, além de despertar o interesse público sobre a história, resgatar a memória e estimular a reflexão crítica sobre aquele momento histórico e seus significados.

– Temos a necessidade, não só como cariocas, mas como brasileiros, de ter o registro adequado dos fatos históricos. Infelizmente, uma certa pasmaceira que tomou conta do Rio de Janeiro não permitiu que nós chamássemos a atenção para o protagonismo dessa cidade. O Rio, como capital da Colônia, do Império e da República, teve o protagonismo nos grandes fatos da história brasileira e, especialmente, na independência. Devemos refletir sobre aquilo que somos e que construímos ao longo desses 200 anos de independência e sobre o papel da nossa cidade e o protagonismo que o Rio sempre teve, ainda tem e terá daqui em diante – afirmou o prefeito Eduardo Paes.

No campo do resgate de memória, as iniciativas da Prefeitura serão para preservar a história e revitalizar símbolos da independência do Brasil. A principal ação será a revitalização da Quinta da Boa Vista, palco importante na história da família real brasileira. O espaço vai ter seu sistema viário recuperado, quadras e banheiros serão reformados, o mobiliário e o paisagismo serão revitalizados e o canal do parque passará por um desassoreamento. Também serão recuperados os quatro portões da Quinta, o terraço e os seguintes monumentos: estátua de D. Pedro II, busto de José Bonifácio, dólmens de meditação, esculturas do lago (Serpente de bronze e Canto das Sereias), Templo de Apolo, Pagode Chinês, Gruta, Cascata e elementos em rocaille, como guarda-corpos das pontes e bancos.

Preservação de marcos históricos

Ainda no campo da memória, a Prefeitura do Rio vai trabalhar para preservar locais que são considerados marcos históricos do período da independência em quatro bairros: São Cristóvão, Santa Cruz, Paquetá e Centro. Em São Cristóvão, a Praça Pedro II, o Largo da Cancela, o Terraço da Quinta e seus entornos passarão por um mutirão de conservação, com recuperação de calçadas, meios-fios, recapeamento, implantação de rampas e sinalização horizontal, entre outras ações.

Em Santa Cruz, a área da Ponte dos Jesuítas e o entorno também passarão por uma revitalização. Em Paquetá, o Solar Del Rei, patrimônio importante do bairro da época do Império, será reformado. No Centro Histórico do Rio, a Praça Tiradentes e o Largo de São Francisco também passarão por uma revitalização.

Monumentos restaurados

O projeto também contempla a área central da cidade, cenário de momentos marcantes para o processo de independência, como o Dia do Fico. Na Praça Tiradentes, o monumento a D. Pedro I será totalmente recuperado, incluindo a reposição de elementos em bronze que haviam sido furtados. Na Praça XV, serão restaurados o Chafariz do Mestre Valentim, o Marco à Fotografia e as estátuas de João Cândido, D. João VI e Tiradentes, bem como o monumento a General Osório. No Largo São Francisco de Paula, será restaurado o monumento a José Bonifácio.

– Esse momento de comemoração da independência é muito propício para resgatarmos monumentos históricos, realizarmos a restauração de áreas da cidade ligadas à construção da soberania brasileira. E também é importante usarmos essa efeméride para um momento de reflexão crítica a respeito desses acontecimentos e da história que se seguiu após o 7 de setembro de 1822. Hoje foi o pontapé inicial do projeto, com um conjunto de ações que serão desdobradas em parcerias que vamos buscar, por exemplo, com os museus – disse o secretário de Governo e Integridade Pública, Marcelo Calero.

Um Réveillon em setembro e o retorno do teatro Carlos Gomes

A Prefeitura vai realizar uma série de iniciativas para o carioca poder festejar a independência de forma lúdica, artística e cultural. O destaque será o “Réveillon da Independência”, um grande festival com show, exposições, instalações, atividades culturais, artísticas, educativas e gastronômicas na Quinta da Boa Vista. Serão 24 horas de atividades, com o ápice na virada do dia 7 de setembro. O projeto é da atriz e diretora Bia Lessa.

Os cariocas também poderão participar de 1.000 caminhadas culturais no projeto “Andario”, em percursos relacionados à Independência, com a presença de guias, historiadores e artistas. Ao todo, serão cerca de 100 percursos.

Para comemorar o bicentenário, o Rio também vai ter de volta o teatro Carlos Gomes, que será totalmente reformado e entregue para a população. Na programação, um musical que terá Luzia, o fóssil humano mais antigo da América do Sul, contando a história do Brasil a partir da sua formação. A temporada vai durar seis meses.

A Cidade das Artes também recebe, a partir de setembro, o espetáculo “As Marias do Brasil”, um musical de Cláudio Botelho e Charles Müller que ficará quatro meses em cartaz com quatro sessões semanais. No roteiro, a independência do Brasil será contada do ponto de vista das mulheres envolvidas.

Também na Cidade das Artes, entre 25 e 29 de agosto, haverá o evento cultural de artes, costumes e pensamentos “Uma aventura chamada Brasil: independência e identidades”. A concepção é de Moacyr Góes.

Como aconteceu nas comemorações dos 450 anos do Rio de Janeiro, em 2015, a Prefeitura do Rio vai promover um concurso para escolher a marca “Rio, Capital da Independência”. Um edital público foi lançado e a divulgação do símbolo será até o mês de maio.

Ações para valorizar a história e disseminar conhecimento

A Prefeitura também vai promover iniciativas que adotam a pesquisa, a organização e o compartilhamento de informações e fatos históricos como forma de promover a independência. O destaque será o Festival Escolar Bicentenário da Independência, que vai reunir mais de 350 mil participantes, nas 1.543 unidades escolares. Haverá formação de professores por meio de fóruns e webinários, jogos, concursos e outras atividades produzidas por alunos e professores. Também serão realizadas uma exposição com premiação dos trabalhos produzidos e a produção do livro “Narrativas Cariocas do Bicentenário da Independência”.

Já o Arquivo da Cidade produzirá o “Álbum Bicentenário da Independência: a cidade do Rio de Janeiro”, um fotolivro de 160 páginas mostrando o que foi preservado desde a independência até 1930, em fotos de arquivo e registros atuais, com acordo de cooperação com o Museu de Arte do Rio (MAR).

O Arquivo também será responsável pelo documentário “Palavras de Independência”, uma obra audiovisual de 45 minutos que exibirá os processos de digitalização, restauração digital, transcrição textual e criação de acessibilidade para deficientes visuais. Os técnicos do Arquivo também serão responsáveis pela digitalização de documentos históricos e a organização e publicação em livro físico e e-book dos principais documentos. No projeto “Documentos Raros: a cidade do Rio no processo de independência”, serão organizados eventos acadêmicos e a publicação de um periódico especializado, além de oferta de curso de extensão para a comunidade.

O Instituto Pereira Passos (IPP) vai retomar a sua linha editorial. Entre os lançamentos programados, a novidade será a publicação de um edital de patrocínio para produções editoriais, envolvendo o tema independência. Também será lançada uma nova coleção chamada “Prefeitos do Mundo”, que trará livros escritos por personalidades que sejam, ou tenham sido gestores de grandes metrópoles ao redor do globo. A publicação inaugural será com o livro do ex-prefeito de Bogotá Enrique Peñalosa, chamado “Ciudad, Igualdad, Felicidad”.

Outro destaque será a republicação das Pranchas Arcos da Lapa e Praça XV, criadas pelo ilustrador Carlos Gustavo Nunes Pereira, mais conhecido como Guta. Dentre as ações ainda está prevista a edição de um calendário comemorativo para o bicentenário e a realização da terceira edição do Prêmio IPP.

Por: Matheus Rocha

O Comitê de Enfrentamento à Covid-19 do Rio de Janeiro orientou nesta segunda-feira (07) a liberação do uso de máscaras em ambientes fechados na capital fluminense.

A medida deve passar a valer nesta terça-feira (8), com a publicação de um decreto no Diário Oficial. Com isso, a cidade se torna a primeira capital do país a abolir totalmente o uso do item.

A flexibilização vale, inclusive, em escolas e no transporte público. As unidades escolares, no entanto, terão autonomia para decidir se os alunos devem ou não continuar usando máscara. Em ambientes abertos, a utilização do item de proteção já não era mais exigida desde outubro do ano passado.

"Tanto as escolas quanto as empresas [terão liberdade]. Cada empresa poderá definir internamente se vai manter ou não o uso de máscara. Ela só não é mais um decreto obrigatório", explica Alberto Chebabo, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia e membro do colegiado.

De acordo com ele, é pouco provável que a liberação do item provoque uma nova onda da doença. "O cenário epidemiológico da cidade é muito bom. A gente tem uma taxa de reprodução [da doença] de 0,35. A gente nunca teve essa taxa durante toda a pandemia", diz ele, acrescentando que a taxa de positividade está abaixo de 2%.

"Até o momento, a gente não viu nenhum impacto dos eventos e das aglomerações do Carnaval no cenário epidemiológico da cidade. É pouco provável que a não obrigatoriedade vá ter um impacto. Mas é importante a gente entender que o vírus continua circulando", diz ele.

O secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, recomendou que pessoas com imunossupressão, com comorbidade grave ou que não se vacinaram continuem usando máscara. "É importante enfatizar que pessoas com sintomas de Covid devem usar máscara para evitar transmitir não só a Covid, mas outras doenças para as pessoas."

Soranz diz ainda que a cobrança do comprovante de vacinação continuará valendo. "Por enquanto, a recomendação é se manter a cobrança do passaporte vacinal. A secretaria vai avaliar até quando isso vai acontecer."

A liberação total das máscaras acontece quatro dias após o governo do estado ter dado autonomia aos municípios para liberarem o uso de máscaras em lugares fechados. A Secretária de Estado de Saúde disse na quinta-feira (03) que a medida se justificava em razão das diferenças do cenário epidemiológico dos municípios.

Na sexta-feira (04), Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, se adiantou à capital e decidiu abolir o uso de máscara em ambientes abertos e fechados. A medida, porém, não se aplica às pessoas que foram infectadas pela Covid ou que apresentem algum sintoma da doença.

Para embasar a medida, a Prefeitura de Duque de Caxias afirmou que a cidade tem alto número de pessoas vacinadas e que os casos da doença apresentam tendência de queda.

"Até o momento, a cidade aplicou mais de 1,3 milhão de doses da vacina contra a Covid-19. Os números de cobertura vacinal no município apontam que 85,5% da população alvo foi imunizada com a primeira dose. A Secretaria Municipal de Saúde informa que, nas últimas 24 horas, a taxa de positividade para a Covid-19 alcançou um dos índices mais baixos, registrando 1,37%", disse em nota a prefeitura.

Essa, porém, não foi a primeira vez que as máscaras foram abolidas na cidade. Em outubro do ano passado, o prefeito Washington Reis (MDB) decidiu liberar o uso do item de proteção tanto em ambientes fechados quanto nos espaços abertos.

Poucos dias após a decisão, a Justiça suspendeu os efeitos do decreto argumentando que a decisão foi tomada sem que a prefeitura tivesse apresentado critérios científicos.

No resto do Brasil, as autoridades também já começam a flexibilizar o uso das máscaras ou estudam decisões nesse sentido. Desde sexta-feira (4), a população de Belo Horizonte não está mais obrigada a utilizar máscaras em ambientes ao ar livre na cidade.

Ao orientar a flexibilização das máscaras, o comitê científico da capital citou a redução da média de transmissão por infectado na cidade e a baixa ocupação de leitos de UTI e enfermaria para o tratamento de pessoas com Covid.

Já em São Paulo, o governador João Doria (PSDB) se prepara para comunicar o fim da obrigatoriedade do uso de máscara em ambientes abertos em todo o estado a partir da quarta-feira (9).

A princípio, a máscara só poderá ser tirada em via urbana e ambientes a céu aberto, como área externa de bares e restaurantes, além de parques e praças, por exemplo.

A Comlurb reforçou os trabalhos para manter as praias e a cidade limpas no feriadão de Carnaval. De sábado (26/02) a terça-feira (01/03), em dias de muito sol e calor, os garis coletaram 813 toneladas de lixo na orla, sendo 486 toneladas na Zona Sul e 327 toneladas na Barra da Tijuca e no Recreio dos Bandeirantes. A Companhia mobilizou 600 garis por dia, trabalhando em até três períodos, incluindo a noite/madrugada, para que os banhistas frequentassem areias limpas. Foram disponibilizados 1.250 contêineres de 240 litros distribuídos em pontos estratégicos das praias, inclusive áreas de acesso e passagens.

Os equipamentos também foram entregues aos barraqueiros para que não fizessem o despejo de lixo irregularmente e incentivassem o uso correto por parte dos frequentadores. A Companhia instalou 114 novas papeleiras na orla para receber detritos de menor porte. A Companhia também promoveu campanhas de conscientização nas praias para o descarte correto, com a presença de equipes do Lixo Zero e do grupo Chegando de Surpresa, composto por garis que usam dança e música para orientar a população.

Para quem insistiu em jogar sujeira no chão, equipes do Lixo Zero atuaram em conjunto com as operações da Secretaria de Ordem Pública (SEOP) fiscalizando a Barra da Tijuca, a Zona Sul e a Lapa. Foram emitidas 59 multas, a maioria referente ao descarte irregular nas ruas de resíduos, como bitucas de cigarro, latas e garrafas. Quem urinou em via pública também foi alvo de ficais. As equipes agiram ainda na Rodoviária e no Aeroporto Santos Dumont, onde foram registradas mais cinco multas.