Por: Igor Mello

As armas utilizadas por policiais do Bope (Batalhão de Operações Especiais) durante a operação deste fim de semana no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, ainda não foram apreendidas pela Polícia Civil, indica o RO (Registro de Ocorrência) de oito mortes ocorridas na comunidade. O documento foi obtido pelo UOL.

Segundo o documento, lavrado pela DHNSG (Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo, Maricá e Itaboraí) no fim da manhã de ontem (22), foram realizadas diversas diligências após moradores da comunidade resgatarem ao menos oito corpos de um mangue da região, mas a apreensão das armas não está entre elas.

Técnicos da Polícia Civil fizeram a perícia do local onde os corpos foram achados, recolheram 25 estojos de munição de fuzil calibre.762, 12 estojos e um cartucho de fuzil .556. Também foram encontrados quatro estojos de calibre .9mm, utilizado em pistolas das polícias - até 2019 essa munição era de uso restrito, mas um decreto do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) liberou a compra por civis. Armas, no entanto, não foram encontradas.

Em nota a Polícia Civil afirmou que a DHNSG "enviou um ofício à Polícia Militar solicitando os nomes dos agentes que participaram da ação e apreensão das armas para exames periciais".

A equipe da DHNSG foi acionada às 8h, após as imagens dos próprios moradores do Complexo do Salgueiro retirando os corpos dos mortos do mangue ganharem repercussão na imprensa e nas redes sociais. O Ministério Público também abriu uma investigação independente sobre as mortes ocorridas durante a operação policial.

Segundo levantamento do Geni (Grupo de Estudos de Novos Ilegalismos), que reúne pesquisadores da UFF (Universidade Federal Fluminense), o Complexo do Salgueiro tem um histórico de violência policial: desde 2007, a região foi alvo de 205 operações policiais, com um saldo de 80 mortos - os dados vão até o fim de outubro deste ano. O Geni registra ainda outras nove operações classificadas como chacinas (com três ou mais civis mortos) desde 2007, cinco apenas em 2021.

Segundo os moradores, os homens foram mortos durante uma ação do Bope no último domingo. Os policiais foram à comunidade porque supostamente havia a informação de que um dos responsáveis pelo assassinato do sargento Leandro Silva - ele foi baleado quando criminosos atacaram uma guarnição do 7º BPM (São Gonçalo) perto da área de mangue na comunidade.

POLICIAIS NÃO FORAM IDENTIFICADOS

Segundo o RO, parentes das vítimas identificaram sete dos oito corpos ainda durante as diligências na comunidade. Já a cena do crime, segundo o relato policia, foi desfeita em razão da remoção dos corpos pelos moradores e pelo trânsito de pessoas, o que pode prejudicar a investigação. Os nomes dos policiais que participaram da ação também não foram identificados.

Isso ocorre porque o inquérito tem uma circunstância pouco usual: normalmente são os próprios policiais que vão à delegacia registrar casos de mortes por intervenção de agentes do Estado. Como isso não ocorreu no Salgueiro, os investigadores da Polícia Civil terão primeiramente que identificar os policiais envolvidos nos homicídios, para só então apurar se houve prática de crimes pelos PMs.

Em nota, a Polícia Civil informou que está recolhendo depoimentos e irá ouvir outras testemunhas ao longo da investigação, mas não divulgou nomes. Além disso, a corporação aguarda os laudos de necropsia dos mortos.

PM NÃO FEZ VARREDURA APÓS OPERAÇÃO


O porta-voz da PM, o tenente-coronel Ivan Blaz, disse ao UOL que, durante a ação, suspeitos de serem traficantes se refugiaram na área da mata e, após cessarem os supostos confrontos, não foi feita uma varredura no local devido à complexidade da região.

Segundo Blaz, houve uma ocupação na quinta-feira (18) na região e foram registrados confrontos durante três dias. De acordo com ele, a operação foi informada ao Ministério Público e tinha como objetivo combater a criminalidade.

Segundo a PM, foram apreendidos na ação duas pistolas, 14 munições calibre 9 milímetros, 56 munições de fuzil calibre 762, cinco carregadores (dois para fuzil e três para pistola), um uniforme camuflado, 813 tabletes de maconha, 3.734 sacolés de pó branco e 3.760 sacolés de material assemelhado ao crack. A ocorrência foi encaminhada para a delegacia da área.

PMS DE BATALHÃO DO SARGENTO MORTO FIZERAM FESTA


Moradores do Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, relatam que policiais militares do 7º BPM fizeram festa em uma piscina a cerca de 500 metros de onde foram encontrados corpos em um mangue na manhã de hoje.

A festa teria acontecido na noite de sábado (20) e entre a noite de domingo (21) e a madrugada desta segunda (22), ou seja, antes e depois da chacina -que aconteceu no início da noite de domingo.

Os relatos dão conta de que um grupo de ao menos 20 policiais militares entrou no Piscina's Bar na tarde de sábado, e ficou até as 22h. No domingo, por volta das 18h, o grupo voltou para a piscina e ficou até a madrugada.

Dentro do estabelecimento, que estava fechado desde a última invasão -também por PMs, segundo moradores -há inscrições que fazem menção a dois grupos milicianos diferentes, bonde do Ecko e do Tandera, além de uma menção à facção criminosa Terceiro Comando Puro.

A prefeitura da cidade de Niterói celebrou seu aniversário de 448 anos e prestou uma homenagem ao ator e humorista Paulo Gustavo (1978-2021) nesta segunda-feira (22). Foram inauguradas estátuas do ator e sua personagem Dona Hermínia, no Campo de São Bento, em Icaraí.

Déa Lúcia Amaral, mãe do artista e principal inspiração para a personagem da franquia de sucesso "Minha Mãe é Uma Peça" compareceu ao evento. "Agradeço a Secretaria de Cultura pela homenagem que estão fazendo pro meu filho, Paulo Gustavo", começou.

"Vir aqui é muito difícil, vim porque eu amo a cidade e eu já cantei nesse Campo de São Bento muitos e muitos anos. Eu sou totalmente agradecida a Niterói", disse Déa Lúcia em vídeo. O prefeito da cidade, Axel Grael (PDT) também falou sobre a homenagem em seu Instagram e compartilhou vídeos da inauguração.

"Paulo Gustavo sempre estará presente em nossos corações! Foi emocionante prestar essa homenagem", escreveu o prefeito na publicação. "Essa é a homenagem da nossa cidade ao grande artista que levou o nome de Niterói para o mundo. Paulo Gustavo, você será para sempre amado e lembrado por todos nós niteroienses!", diz ainda outra publicação feita no Instagram da prefeitura da cidade.

O humorista, nascido em Niterói, morreu em maio deste ano, aos 42 anos, devido a complicações causadas pelo coronavírus, após ficar cerca de dois meses internado na Unidade de Terapia Intensiva de um hospital no Rio de Janeiro.

A Secretaria Especial da Juventude Carioca (JUVRio) preparou uma programação especial para o mês de novembro, quando é comemorado nacionalmente o Dia da Consciência Negra. O objetivo é promover na agenda do Novembro Negro 2021 da Prefeitura do Rio o debate e o resgate da cultura afro-brasileira entre os jovens do município. Para movimentar a juventude da cidade em torno da promoção do tema, a JUVRio oferecerá oficinas profissionalizantes, passeios histórico-culturais e uma roda de samba na Arena Carioca Jovelina Pérola Negra, na Pavuna.

Ao lançar o calendário de ações, o secretário especial da Juventude Carioca, Salvino Oliveira, destacou a importância da promoção da valorização da cultura afro-brasileira e da promoção de políticas públicas antirracistas.

– Essas ações são importantes porque empoderam, dão vez e voz e mostram que outra cidade é possível. A escravidão por muito tempo foi uma política de Estado e agora o antirracismo tem que ser a política vigente, entendendo que tratar os desiguais de maneira desigual é também um princípio constitucional. A construção que se inicia no Novembro Negro se estende por toda nossa gestão – disse o secretário da Juventude.

 

Oficina de tranças

Nos próximos dias 22 e 29 de novembro e 6 de dezembro, na Casa da Juventude da Pavuna, na Zona Norte, serão oferecidas oficinas de Técnicas e Práticas de Tranças. Essa é uma parceria da JUVRio com o projeto Donna Barbosa. Serão disponibilizadas 20 vagas, sendo 10 por turma. As inscrições já estão abertas para jovens entre 15 e 29 anos por meio do formulário disponível no link: https://abre.ai/inscricao-oficinas-de-trancista.

A oficina de tranças contará com os seguintes conteúdos: “Box Braids” (técnica trançada; aplicação de fibra; divisão; camuflagem; e finalização); “Nagô” (trança enraizada; boxeadora; e trança alimentada); “Mega hair” (nó italiano; nó entrelaçado; nó duplo; ponto americano; e ponytail); “Twist”: aplicação de fibra; divisão; selagem; e finalização.

Passeio cultural pela “Pequena África”

Ao longo de 12 dias de novembro, jovens de diferentes regiões periféricas do município foram convidados pela JUVRio a fazer um passeio cultural pelos pontos históricos da cultura afro-brasileira, uma ação mobilizada pela JUVRio e realizada pela Coordenadoria Executiva de Promoção da Igualdade Racial da Prefeitura do Rio (CEPIR) em parceria com o Instituto Pretos Novos. O percurso da herança africana na cidade do Rio contemplará os seguintes marcos histórico-culturais: Cais do Valongo, Pedra do Sal, Jardim Suspenso do Valongo, Largo do Depósito, Cemitério dos Pretos Novos e Centro Cultural José Bonifácio.

Roda de samba

No dia 13 de novembro, às 17h, terá uma roda de samba promovida pela Secretaria da Juventude, Secretaria Municipal de Cultura e CEPIR. A entrada é gratuita e aberta à comunidade local. O encontro será na Arena Carioca Jovelina Pérola Negra, na Praça Ênio, s/n, na Pavuna.

O calendário do Novembro Negro da JUVRio  poderá contar com outras atividades que serão divulgadas posteriormente pelas redes sociais da secretaria (@JUVRio).

As capivaras costumam virar notícia por motivos variados. Já vimos casos de capivara atacando cabras, a cidade no interior de São Paulo que inaugurou um monumento para homenagear o animal, e o homem que foi atacado durante um mergulho, sem contar os casos de bombeiros chamados para resgatar capivaras que invadem residências. No entanto, por mais fofo que o animal pareça, você sabe por que não devemos fazer carinho em uma capivara?

O estudante de biologia e tiktoker André Francis, que tem mais de 42 mil seguidores no TikTok, contou porque devemos evitar tocar nas capivaras.

"Que capivara é fofa todo mundo sabe, quem discorda disso tem um desvio de caráter. Mas uma coisa que a gente nunca pode fazer é em hipótese alguma é colocar a mão em uma capivara", disse o estudante, em um vídeo bem-humorado, que viralizou.

Francis, que usa seu perfil para falar sobre assuntos ligados a ciência e biologia, alertou que a capivara é um dos hospedeiros do carrapato-estrela, "que transmite uma família de bactérias que a gente chama de Rickettsia e que causa a febre maculosa".

Os sintomas mais comuns da doença, são "conjuntivite, febre e vermelhidão pelo corpo. Em casos mais graves, causa gangrena dos dedos e também da orelha", relata Francis. De acordo com os dados públicos do SINAN (Sistema de Informação de Agravos de Notificação), o Brasil teve 2090 casos de febre maculosa brasileira (FMB) registrados de 2000 a 2018. A distribuição dos casos por região mostra uma concentração na região Sudeste (73,73%) e na região Sul (23,92%). O Centro-Oeste registrou 22 casos (1,05%).
Quanto às mortes, foram 681 no mesmo período, a maioria no Sudeste (98,8%).

O estudante também alertou para o risco de outra doença, também transmitida por carrapatos: a doença de Lyme. Comum nos Estados Unidos e no Canadá, ela é provocada por um tipo de bactéria transmitida por carrapatos.

"Além de outras coisas (a doença de Lyme) pode causar fadiga crônica, perda muscular e alterações neurológicas", diz Francis, que faz um apelo sobre os animais silvestres: "Deixem só para ver de longe, porque eles podem ser depósitos de vetores de doenças ou de vírus e bactérias. E isso pode ser perigoso para você e para eles".

A Secretaria de Trabalho e Renda (SMTE) e a Secretaria de Assistência Social (SMAS) firmaram parceria para promover cursos de preparação para o mercado de trabalho para pessoas em situação de rua que estão em abrigos da Prefeitura. O Projeto Resgate consiste na promoção de aulas de aprimoramento profissional e pessoal desse público, com foco na empregabilidade e na geração de renda, além do resgate da cidadania através da reinserção social.

– Quando o cidadão tem a possibilidade de retornar ao mercado de trabalho recebe a chance de sair definitivamente das ruas, que é um dos grandes desafios da Assistência Social – disse a secretária municipal de Assistência Social, Laura Carneiro. Ela informou ainda que, em outubro, foram reinseridas socialmente 33 das mais de 600 pessoas acolhidas pela Prefeitura.

– O Projeto Resgate consiste na inclusão de pessoas em situação de rua no mercado de trabalho, por meio da capacitação profissional. Junto com a Secretaria de Assistência Social, queremos resgatar a cidadania dessas pessoas promovendo a empregabilidade e a geração de renda – destacou o secretário de Trabalho e Renda, Sérgio Felippe.

O curso começa nesta terça-feira (9/11) e será composto por quatro encontros. A primeira turma será formada no prazo de duas semanas. As demais – a parceria deverá promover um curso por mês – terão aulas semanais. Todos os participantes serão indicados pela SMAS. Serão abordados os seguintes temas: apresentação pessoal;  informações sobre a utilização de mídias sociais; instruções para montar um currículo atrativo; e dicas para apresentação em entrevistas de emprego.

As aulas serão ministradas por profissionais designados pela Secretaria de Trabalho e Renda e acontecerão terças e/ou quintas-feiras, das 9h às 11h, na sala de treinamentos do órgão.

A partir da segunda turma, também poderão participar dos cursos pessoas em situação de vulnerabilidade social que não estão em situação de rua, mas vivem na linha da pobreza ou da extrema pobreza. Para participar, a pessoa deverá ser atendida pelos equipamentos de Assistência Social do município há pelo menos seis meses, além de demonstrar interesse em regressar ao mercado de trabalho.

Ao final do curso, os participantes serão encaminhados aos processos seletivos para as vagas de emprego captadas pela SMTE e disponibilizadas para o Projeto Resgate. Eles terão acompanhamento durante seis meses das assistentes sociais da Prefeitura do Rio, após a contratação.

De acordo com o Censo de População em Situação de Rua 2020, o Rio de Janeiro tem 7.272 mil pessoas em situação de rua. Esse foi o primeiro censo com metodologia científica realizado na cidade e mostrou que, entre os principais motivos que levaram essas pessoas a dormirem nas ruas estava a demissão do trabalho/desemprego ou a perda da renda.

Contrariamente ao que se propaga no senso comum sobre a condição de parasitismo desse grupo social, o censo revelou que 62,8% – de um universo de 4.242 pessoas que responderam à questão – disseram realizar alguma atividade para obter renda, como catar materiais recicláveis ou lixo (47,5%) e vender produtos como camelô ou ambulante (26%).