O avanço da urbanização em direção das Vargens requer soluções inovadoras e aplicação dos conceitos de sustentabilidade. Além da preocupação do bem estar do homem e da natureza, a sustentabilidade efetiva depende da viabilidade econômica. 

O avanço da urbanização em direção das Vargens requer soluções inovadoras e aplicação dos conceitos de sustentabilidade. Além da preocupação do bem estar do homem e da natureza, a sustentabilidade efetiva depende da viabilidade econômica. De nada adianta conservar a identidade natural da região e cuidar da qualidade de vida da população se não houver uma engenharia financeira que consiga manter estes benefícios em pé. Neste sentido
saber valorar os recursos naturais e os serviços prestados pela natureza viabiliza a reconstrução do meio ambiente nativo. Mesmo que esta natureza esteja degradada pelo uso intensivo é possível recupera-la através do equilíbrio entre o uso desejado e os esforços permanentes de manutenção. Portanto a existência de um bem natural não depende somente da sua recuperação mas principalmente da sua manutenção. “Não existe almoço grátis”.

Na região das Vargens existem três características geográficas que podem ser aproveitadas em termos de serviços da natureza e assim valoradas. Trata-se primeiramente de uma área de várzea ou uma planície costeira rasa, sendo portanto uma área de acumulo das águas que descem pelas vertentes do maciço da Pedra Branca e da Serra de Grumari. Antes de ocupar as áreas de baixada é preciso saber manter este importante serviço ambiental de acumulo e filtragem das águas oferecido pelas vargens. As áreas retiradas para a ocupação urbana devem ser compensadas com espelhos d’água com volumes mais profundos. Neste caso obras de movimento de solo podem criar elevações para manter as habitações longe das águas e formação de depressões mais acentuadas para o acumulo das águas excedentes. Nestas depressões formam-se os canais e os espelhos d’água para aproveitar outro importante serviço natural, a navegabilidade. Tal fato propicia uma valoração das áreas secas com a criação de marinas escavadas e uma qualificação do turismo náutico nas áreas molhadas.

Outra característica geográfica existente são as vertentes dos maciços cristalinos cuja ocupação propositadamente mais rarefeita, pode promover a reservação das águas que brotam das matas de encostas. Em momento tão adverso decorrente pelo alto consumo e baixa significativa de oferta de água, estes mananciais devem ser protegidos em favor de uma oferta adicional deste precioso recurso natural.

Por fim a Praia da Macumba que seria naturalmente uma área de lazer e contemplação deve ser renaturalizada. Ao longo dos anos a sua largura natural foi substancialmente reduzida pela remoção dos sedimentos decorrente da dragagem da embocadura do Canal de Sernambetiba ou Rio Morto. A renaturalização consiste na reposição do volume de sedimentos perdidos e com isso o alargamento da face de praia. Assim a praia recupera outro serviço ambiental importante que é a proteção das edificações da orla contra o ataque (ressacas) do mar.

Enfim, o homem tem que perceber que a natureza fornece inúmeros serviços que poderiam
ser usufruídos gratuitamente, quero dizer, em troca do respeito por um uso equilibrado além de uma atenção maior pela manutenção perseverante.

 

Prof.  David  Zee
Vice-Presidente  da  Câmara Comunitária Barra da Tijuca