Livro conta histórias e casos da simpática Portuguesa

Por Ive Ribeiro 

Dentro da Ilha do Governador, na Zona Norte carioca, existe um clube que é o orgulho dos moradores do bairro. A Associação Atlética Portuguesa, chamada de Portuguesa da Ilha por muitos torcedores, é desses clubes que são pegos no colo e tratado com carinho pela comunidade.

Basta conversar com um morador da Ilha para entender a relação especial que há entre os moradores e o Estádio Luso Brasileiro. Apesar disso, na Série D do Campeonato Brasileiro, o clube está distante dos holofotes. Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco da Gama dominam o noticiário e os corações da multidão. Mesmo o América, tão decadente há 30 anos, ainda carrega o prestígio da quinta força do futebol do Rio.

Sem se importar muito com isso, o escritor Paulo Andel, apaixonado pela história dos clubes de menor expressão do Rio, lança no dia 30 de março o livro “Uma Breve História da Portuguesa”, que reúne histórias sobre os jogadores mais importantes do clube, relatos inesquecíveis, informações inéditas e depoimentos de pessoas que vivenciaram de perto a história da Portuguesa.

“O título faz jus ao que o livro é Tento levar a história linda da Portuguesa, que está a caminho dos seus 100 anos”, comenta o autor sobre o clube que completou 96 anos em dezembro. “É uma agremiação tão bacana que tem um sentimento de carioquismo tão grande. Poucos sabem, mas o clube nasceu no Centro do Rio e anos depois é que se mudou para a Ilha do Governador e hoje é um símbolo do bairro, porque quando a gente pensa na Portuguesa, pensamos na Ilha”, explica o escritor.

Cronista e poeta, Andel é torcedor do Fluminense e comanda o site Panorama Tricolor. Acumula 16 livros escritos sobre o clube do coração, mas decidiu reservar um pedacinho de sua paixão à Lusa após editar o livro “Da Lama à Grama”, escrito por Kleber Monteiro, que contava histórias sobre a terceira divisão do futebol carioca. “Essas histórias me tocaram muito. A gente fica muito focado nas equipes de grande porte e, às vezes, esquece do que mais existe e resiste neste mundo”, explica.

Mas por que a Portuguesa? “Eu sempre tive simpatia pelo clube, primeiro, porque tem as cores muito parecidas com o do meu Fluminense. Também porque o Estádio Luso Brasileiro foi o primeiro que vi de perto na minha vida, quando eu tinha cinco anos de idade e estava com os meus pais na casa de uns amigos na Ilha do Governador”, justificou o escritor, que faz questão de agradecer a receptividade do clube com ele.

Para Andel, inclusive, a criação de conteúdo sobre os clubes de menor expressão do futebol do Rio já virou uma tendência. “Eles merecem ser valorizados e tem muita gente boa trabalhando para isso”, disse, ao citar o Museu da Pelada, Pedro Henrique Gomes e o próprio Kleber Monteiro, que atualmente escreve sobre o extinto Andarahy de Don Don, que inspirou o samba “Tempo de Don Don” (Ney Lipes, já gravado por Zeca Pagodinho e Dudu Nobre.

A história da Portuguesa, aliás, pode ser apenas a primeira a ganhar linhas de Andel, ele confirma que já pensa em novidades pelo mundo da bola que pouca gente enxerga.