Julianne Cesaroli (Folhapress)

A Fórmula 1 vai testar um novo formato de disputa no GP da Grã-Bretanha, que será realizado neste fim de semana. No sábado (17), o grid de largada será definido por uma corrida mais curta, com um terço da duração da prova de domingo, valendo pontos para o campeonato. O grid desta corrida curta, que ganhou o nome oficial de "sprint", será definido na sexta-feira.

Esse novo formato vai se repetir no GP da Itália, em setembro, e em outra prova fora da Europa, possivelmente no Brasil. A novidade será transmitida pela TV Bandeirantes.

Trata-se de uma tentativa de tornar as sextas-feiras mais atrativas, já que hoje só são realizadas duas sessões de treinos livres no primeiro dia de atividades, ao mesmo tempo em que a Fórmula 1 estuda a possibilidade de diminuir a duração de suas corridas, uma vez que há a avaliação de que o público mais jovem preferiria GPs mais curtos. É também uma tentativa de adicionar mais uma variável para tornar as corridas mais interessantes.

"Aquela corrida de duas voltas que acabamos tendo em Baku foi um dos melhores momentos da temporada até aqui", lembrou o diretor técnico da Fórmula 1, Ross Brawn. "Isso não será tão intenso, mas carrega a mesma ideia de pilotar com o pé embaixo, sem estratégia, sem pit stops, em um pouco mais de meia hora de ação", completou.

Não que todo mundo concorde. Lewis Hamilton acredita que a corrida do sábado será "um trem", já que os pilotos não vão querer arriscar. "Tomara que tenhamos ultrapassagens, mas não acho que será muito emocionante".

Se a novidade for bem recebida, a ideia não é mudar todo o campeonato no futuro, e sim escolher algumas pistas em que as ultrapassagens são mais comuns para que elas adotem esse formato. Afinal, o calendário da Fórmula 1 vem se expandindo cada vez mais, e a avaliação é de que ter um formato apenas pode ser monótono.

Como vai funcionar o formato do GP da Grã-Bretanha

Classificação da sexta-feira: Após apenas uma sessão de treinos livres de 1h de duração (geralmente, são realizadas três sessões de 1h cada), os pilotos vão disputar a sessão de classificação tradicional, dividida em três partes (Q1, Q2 e Q3). Essa sessão, que começa às 14h pelo horário de Brasília, vai definir o grid de largada para a classificação sprint do sábado.

Sprint do sábado: Com o grid definido pela sessão da sexta-feira, o sprint terá 100km, o que significa 17 voltas em Silverstone, com largada às 12h30. Não há troca de pneus obrigatória, e os pilotos podem escolher com qual composto largam. O resultado do sprint vai definir o grid de largada para o GP da Grã-Bretanha. Os três primeiros ganharão pontos (3 para o primeiro, 2 para o segundo e 1 para o terceiro). Não haverá cerimônia de pódio, mas o vencedor ganhará um troféu.

Corrida do domingo: Com o grid definido pelo sprint, o GP da Grã-Bretanha tem largada às 11h e terá 52 voltas, como de praxe, e a pontuação é a mesma das outras provas (de 25 pontos para o vencedor até 1 ponto para o décimo colocado, com um ponto extra dado a quem fizer a volta mais rápida contando que o piloto termine dentro do top 10). Há a obrigatoriedade de usar pelo menos dois compostos de pneus diferentes, então a corrida terá pit stops.

Perguntas e respostas sobre o novo formato da Fórmula 1

Quem fica com a pole nas estatísticas?
O vencedor do sprint, e não quem fizer o tempo mais rápido na classificação de sexta-feira.

Quantos jogos de pneus estarão disponíveis?
Cada piloto terá direito a um jogo a menos do que o normal - 12 jogos de pneus de pista seca em vez de 13. A escolha de pneus é totalmente livre para as duas corridas (a sprint de sábado e a de domingo). Ou seja, cai a regra de que os pilotos que vão para o Q3 precisam largar com os pneus com os quais fizeram seus melhores tempos no Q2.

Como fica o parque fechado?
Em um fim de semana normal na Fórmula 1, poucas configurações podem ser alteradas a partir do momento em que o carro vai à pista pela primeira vez na classificação, no que é chamado de "regime de parque fechado". Esse regime começa a valer a partir da sessão de classificação da sexta-feira, obrigando as equipes a encontrarem uma configuração que seja boa tanto para uma volta lançada quanto para os dois tipos de corrida.

E se houver um acidente no sprint?
O processo é o mesmo de um acidente na classificação: o regime de parque fechado permite trocas de peças e reparos caso haja algo quebrado. Mudanças nos freios e nos dutos de freio também serão permitidas.

Quem vai pagar a conta por uma corrida a mais?
Esse foi um entrave porque, justamente em 2021, está entrando em vigor um teto orçamentário para as equipes. A solução foi negociar com as equipes um pacote de cerca de 500 mil dólares para os três fins de semana em que o sprint deve ser realizado, além de uma compensação extra no caso de acidentes no sábado.