Daniel E. de Castro (Folhapress)

Os Jogos Olímpicos de Tóquio, adiados de 2020 para 2021, enfim estão prestes a começar. Certamente será uma edição singular por acontecer em meio à pandemia da Covid-19, o que provoca muitas dúvidas em quem pretende acompanhar o evento nas noites, madrugadas e manhãs brasileiras.

Veja algumas das perguntas mais comuns sobre a Olimpíada e as respostas para elas neste guia

PERGUNTA - Quais são as datas previstas para os Jogos Olímpicos de Tóquio?
Após o adiamento de 2020 para 2021 por causa da pandemia da Covid-19, a cerimônia de abertura está marcada para sexta-feira (23), às 8h (de Brasília). O primeiro evento, porém, será realizado às 21h (de Brasília) de terça (20), com a partida de softbol entre Japão e Austrália, em Fukushima. A participação inaugural do Brasil será com a seleção feminina de futebol, às 5h de quarta (21), diante da China, em Miyagi. O último dia de competições e a cerimônia de encerramento serão em 8 de agosto.

PERGUNTA - Quais emissoras transmitirão a Olimpíada para o Brasil?​
A Globo terá cerca de 12 horas diárias de programação ao vivo, com exclusividade na TV aberta. O SporTV estará com quatro canais na TV fechada, e todos os eventos terão sinal disponível nos aplicativos de streaming da Globo. O BandSports exibirá 24 horas de programação olímpica ao vivo em seu canal na TV fechada.

PERGUNTA - Quais serão os horários de competição?
Para o espectador brasileiro, a maioria dos dias terá eventos começando entre 19h e 20h e indo até as 12h30 do dia seguinte (horário de Brasília).

PERGUNTA - Em quais modalidades o Brasil tem mais chances de medalha?
O país tem atletas e equipes favoritas ou com grandes chances no skate, surfe, vôlei (quadra e praia), canoagem velocidade, atletismo, natação, judô, ginástica, futebol, vela e boxe. Também vale ficar de olho nas possibilidades na esgrima, taekwondo, ciclismo MTB, tênis, canoagem slalom, hipismo, tênis de mesa e wrestling.

PERGUNTA - Ainda é possível um novo adiamento ou cancelamento?
Embora seja difícil cravar qualquer coisa nesta pandemia, e apesar de todos os problemas, dúvidas e desconfianças que ainda pairam sobre os Jogos, atualmente nada indica que eles possam sofrer novas alterações de datas ou que o evento seja cancelado.

PERGUNTA - Os Jogos continuam com o nome Tóquio-2020?
Sim, por razões comerciais e para manter a tradição olímpica do ciclo de quatro anos, o nome do evento permanece o mesmo, assim como aconteceu com a Eurocopa, por exemplo. Em algumas notícias na página oficial do COI (Comitê Olímpico Internacional) aparece a expressão "Tóquio 2020 em 2021".

PERGUNTA - Haverá público nas arenas olímpicas?
Na grande maioria, não. Após uma liberação parcial para residentes no Japão (estrangeiros haviam sido barrados em março), os organizadores e governos locais vetaram a presença de público em decisão anunciada no último dia 8 de julho. Tóquio encontra-se em estado de emergência para conter o aumento dos casos de Covid-19 e assim permanecerá pelo menos até 22 de agosto. As prefeituras de Miyagi, Shizuoka e Ibaraki ainda pretendem receber espectadores, limitados a 10 mil ou 50% da capacidade, nos estádios de futebol e ciclismo.

PERGUNTA - Como estão os principais indicadores da pandemia no Japão?
Até sexta (16), o total era de 831 mil casos de Covid-19 e 15 mil mortes, com médias diárias para os últimos setes dias de 1.000 casos. Em Tóquio, foram 950 casos em média nos últimos sete dias, com tendência de alta. Os últimos dados apontam que 32% tomaram a primeira dose de vacina e 20% completaram a segunda etapa do processo.

PERGUNTA - A vacinação contra a Covid-19 é obrigatória para as delegações?
Não é obrigatório estar vacinado para competir ou participar de alguma forma dos Jogos, mas o COI e os organizadores japoneses atuaram para que a maior parte daqueles que desejassem se imunizar o fizessem. Para tanto, obteve doações de doses das empresas Pfizer e Sinovac e as distribuiu entre alguns países participantes, caso do Brasil.
As últimas estimativas indicavam que 85% dos ocupantes da Vila Olímpica estariam vacinados. Na delegação brasileira, 90% tomaram pelo menos a primeira dose e 75% estão totalmente imunizados. De acordo com o COB, houve quem se recusasse a receber a vacina, mas o número e os nomes não foram revelados.
A reportagem apurou que estes não chegam a 2% do total de 303 atletas. No caso dos demais que não completaram ou nem iniciaram a imunização, a logística de treinos e viagens atrapalhou o processo.

PERGUNTA - Qual será a frequência de testagem dos atletas para Covid-19?
Os testes a partir de amostra de saliva são diários para os atletas e outros residentes da Vila Olímpica. Para ocupantes de outras funções, a frequência de exames pode ser a cada quatro ou sete dias durante os Jogos, mas todos precisam fazer testes prévios à chegada ao Japão, assim como no desembarque e nos três primeiros dias em que estiverem no país asiático.

PERGUNTA - Qual é o procedimento previsto em caso de resultado positivo no teste?
A pessoa passará por um novo teste, este um PCR de nasofaringe, em casos de resultados iniciais positivos ou inconclusivos. Se a infecção for confirmada, ela será encaminhada para isolamento ou tratamento médico, quando for necessário, em locais pré-designados. Contatos próximos do contaminado (aqueles que estiveram juntos por mais de 15 minutos, a menos de um metro e sem máscara) serão rastreados e farão novo teste.

PERGUNTA - O que ocorre se um atleta que já iniciou a competição tiver um teste positivo para Covid-19?
Cada esporte tem regras próprias, de acordo com o seu formato de disputa. Os princípios gerais são de que o resultado mínimo obtido até o momento da infecção deve ser protegido, incluindo uma medalha já garantida, por exemplo. Sempre que possível, a vaga de um atleta ou equipe incapaz de competir será preenchida pelo próximo atleta ou equipe elegível, permitindo que os eventos prossigam com disputas de medalhas no campo de jogo. O status de quem for infectado não será "desqualificado", mas de que não iniciou aquela prova, jogo ou fase da competição.

PERGUNTA - O atleta pode perder uma medalha conquistada se tiver um resultado positivo?
Não. Todos os atletas são testados para Covid antes das provas e só podem competir em caso de resultado negativo. Se, após conquistar uma medalha, um atleta realizar um novo teste e o resultado for positivo, ele não perde a medalha.

PERGUNTA - Os atletas tiveram de passar por novos processos de qualificação após o adiamento dos Jogos de 2020 para 2021?
A pandemia prejudicou processos de qualificação em vários esportes. Muitas federações tiveram que cortar eventos que contariam pontos para rankings, por exemplo, ou readequar calendários. Mas em geral, quem já tinha uma vaga confirmada até março de 2020 pode mantê-la para 2021.

PERGUNTA - Há expectativa de desempenhos piores por causa do adiamento e das dificuldades na preparação?
Por enquanto não há como fazer essa previsão. Por mais que a pandemia tenha prejudicado a preparação de muitos atletas, do Brasil especialmente, vários conseguiram recuperar seus ritmos de treino e atingiram marcas inéditas. No atletismo, por exemplo, oito provas olímpicas já tiveram quebras de recorde após a retomada de competições no segundo semestre de 2020.

PERGUNTA - Em caso de um surto de Covid-19 dentro da Vila Olímpica, o que acontece?
Não há previsão de medidas específicas para combater um surto da doença, além daquelas já mencionadas.

PERGUNTA - A Vila Olímpica terá regras distintas das habituais?
Sim, o período de permanência dos atletas será menor que o habitual, e eles terão que deixar o local em até 48 horas após a sua última competição. Além de regras sobre uso de máscaras e distanciamento social, uma curiosidade é que não haverá distribuição de camisinhas durante o evento. A quebra da tradição existente desde os Jogos de 1988 visa incentivar o isolamento

PERGUNTA - As cerimônias de abertura e encerramento serão adaptadas diante do risco de contaminação?
A expectativa é de que sejam reduzidas em tamanho, para diminuir a aglomeração de atletas, mas o formato ainda não foi divulgado. Além dos participantes, só convidados e jornalistas poderão acessar o estádio.

PERGUNTA - Houve atletas que desistiram da Olimpíada por causa da pandemia?
Houve casos pontuais, não entre os atletas mais renomados. A Coreia do Norte não participará sob a justificativa da pandemia, mas o gesto foi interpretado como boicote político. A delegação de Samoa cortou três atletas que vivem no país e levará apenas os que residem no exterior, por causa das regras locais para combater a doença. No tênis, os protocolos afastaram nomes de destaque, e o australiano Nick Kyrgios atribuiu sua desistência à ausência de público.

PERGUNTA - O torneio masculino de futebol continua disputado por equipes sub-23?
Por causa do adiamento, a organização permitiu a convocação de jogadores que completem até 24 anos em 2021, para que os atletas que completaram 23 no ano passado não perdessem a oportunidade de disputar o evento. Com relação às convocações de atletas acima da idade máxima, foi mantido o limite de três jogadores por seleção.

PERGUNTA - Como será a participação da Rússia, punida pelo escândalo de fraudes na manipulação de exames antidoping?
Com a punição de dois anos estabelecida pela Corte Arbitral do Esporte em dezembro de 2020, a Rússia está proibida de usar seu nome, bandeira e hino em edições de Jogos Olímpicos e campeonatos mundiais. Atletas e times russos poderão competir na Olimpíada de Tóquio usando a sigla do Comitê Olímpico Russo, bem como o seu emblema. O uso das cores vermelha, azul e branca foi liberado. Já o hino será substituído pela música Piano Concerto Nº 1, de Piotr Tchaikóvski.

PERGUNTA - Há esportes estreando no programa olímpico em Tóquio?
Skate, surfe, caratê e escalada esportiva são os estreantes. Beisebol e softbol voltam após terem participado pela última vez em 2008. O basquete ganhou uma modalidade nova na disputa, o 3 x 3.

PERGUNTA - Qual é o custo dos Jogos Olímpicos de Tóquio?
O último levantamento oficial aponta US$ 15,4 bilhões, atualizado no fim de 2020. Desse montante, US$ 2,8 bilhões foram adicionados pelo adiamento. Uma auditoria pública feita antes da pandemia, porém, apontava um valor adicional acima de US$ 9 bilhões de gastos relacionados aos Jogos e que não estão na conta dos organizadores. Independentemente dessa divergência, já será a Olimpíada mais cara da história.