Com mais de 20 atletas o time ganha destaque na Liga Super Carioca de Basquete

Por Guilherme Cosenza

Foi de maneira despretensiosa que o atual time amador de basquete da Barra nasceu. O Barramares Sharks nasceu de uma brincadeira entre o técnico Paulo Pestana e dois filhos de grandes atletas do basquete do cenário carioca. A brincadeira de final de semana acabou ganhando corpo e muitos adeptos, que passaram inclusive dos muros do condomínio e hoje formam um time de peso na Liga Super Carioca de Basquete com inúmeros atletas de todos os cantos do condomínio.

"O time começou há três anos atrás. O Barramares tem uma história grande dentro do basquete. Tivemos dois atletas referências do esporte no Rio de Janeiro, na década de 80, jogavam em grandes clubes como Vasco e Flamengo, aliás um foi até para a seleção brasileira. Era o Manteiga e o Marvio Ludolf, então acabei conhecendo o Manteiguinha (filho do Manteiga) assim que vim para o Barramares, logo após acabamos conhecendo o filho do Marvio também e quando a gente percebeu, já estávamos juntando um pessoal grande para jogar", conta Paulo. Formou-se então uma verdadeira pelada de basquete as quartas, sextas e domingos no condomínio, somando um total de até 20 pessoas presentes para arremessar a bola na cesta.

Para muitos esse é momento de relaxar dos dias estressantes do trabalho e reviver a época de adolescente em quadra, através do esporte que a maioria dos presentes nas partidas praticavam quando mais novos. Como é o caso do morador do condomínio e juiz de direito, Marcelo Martins: "eu joguei quando era novo no Tijuca Tênis Clube. Eu vim morar aqui em 2010 e reencontrei um amigo da época em que eu jogava e reencontrei o basquete. Fiquei parado por 15 anos sem praticar, parei com 17 anos e voltei agora, de pouquinho com algumas lesões (risos). Mas está valendo muito a pena".

 Contudo, o crescimento do esporte dentro do condomínio fez com que Paulo desse um novo, e maior, passo, criando o Barramares Sharks. "Eu sou profissional de educação física e há dois anos eu vinha tentando montar um time para disputar o Campeonato Amador de Basquete. Como as pessoas começaram a ficar amigas, essa ideia se concretizou esse ano e montamos um time de fato. Conseguimos juntar 18 pessoas para competir, já fizemos dois jogos e vencemos ambos". Por sinal, a vitória é algo que Paulo destaca da equipe: "nós na realidade estamos invictos desde que começamos o time. Temos mais de 20 partidas sem derrotas. Isso tem animado bastante a equipe".

 Entretanto, é Marcelo que conta sobre a empolgação de fazer parte das competições novamente: "é um resgate a nossa adolescência da época em que a gente jogava. Tive uma fase que eu treinava todo dia e jogava no final de semana. Eu sempre fui muito ligado ao basquete e essa foi uma retomada a isso. Concomitantemente é uma retomada de amizades também, então foi uma maravilha. Essa competição dá um tempero maior, a competição é saudável e estamos com um time de alto nível".

Outro dos atletas da equipe que sente também esse retorno a infância é o advogado, Igor Nabhan. Morador do Jardim Oceânico, Igor falou sobre esse resgate: "é muito bom poder trazer de volta essa sensação. Muitos aqui eram atletas, mas estavam soltos por ai, poderiam não estar parados, mas estavam soltos por ai, com isso, aqui é uma oportunidade de resgatar essa cultura do basquete e de fazer amizade dentro do esporte. Eu nunca parei de jogar, porém faz 20 anos que saí do basquete profissional e posso dizer que hoje, aqui na quadra, é um dos momentos mais prazerosos para mim. Acho que assim como eu, muitos aqui enxergam esse momento como uma segunda oportunidade. Poder trazer aquele friozinho na barriga da competição".

 Nabhan também não poupou elogios para o técnico e parceiro de quadra: "o Paulo é um cara que sabe levar o time. Tem qualidade técnica, até por conta da sua profissão, ele sabe manter o time motivado, temos o nosso grupo de Whatssap em que ele mantém o grupo ativo, a realidade é que ele é o grande fomentador de tudo isso que está acontecendo. Esse na realidade é um núcleo que pode ser uma porta de entrada para outras atividades e a evolução do basquete aqui".

Essa evolução do time está de fato mexendo com o bairro. Tanto é que o técnico já começa a correr atrás de outras evoluções para o basquete no bairro. Uma dessas iniciativas é trazer partidas da Liga Amadora para a Barra: "estamos querendo trazer pelo ano o Barramares faz 40 anos e seria uma forma de comemorar. A liga possui uma quadra portátil e nós temos a nossa quadra. Sendo assim, poderíamos usar a nossa quadra e portátil para acontecerem jogos simultâneos. O condomínio adorou a ideia, agora estamos correndo atrás disso".

 Porém, Paulo contou com exclusividade para o JORNAL DA BARRA, uma outra tentativa que se funcionar, poderá revolucionar e incentivar o basquete no bairro: uma quadra de 3x3 de basquete na Praça do Ó. O estilo de jogo que consiste no uso de uma única cesta onde apenas três jogadores de cada time jogam, se transformou em modalidade olímpica, porém, pouco divulgado no Rio: "eu conversei com 1o técnico da seleção do Basquete 3x3 e para ter uma ideia, não existe nem previsão de competição desse tipo no estado. Por isso, ter uma quadra dessas aqui pode ser uma saída sensacional. Estamos lutando por isso e tivemos uma reunião com o poder público que disse que não há nada que impeça a criação de uma quadra desse tipo na praça".

O apoio do poder público é outro destaque para o time, ainda mais em um país onde esse tipo de iniciativa possui pouco ou nenhuma ajuda governamental: "estamos tendo uma ajuda muito boa do vereador Carlo Caiado e dos seus assessores, além da presença maciça do Gustavo Fleury, Subsecretário de Esportes". Já da iniciativa privada, o restaurante Galli é quem abriu as portas e vem ajudando o time, arcando com os custos das camisas do time e da inscrição de alguns atletas nas competições.

Para quem quiser ver o time em ação, basta ficar de olho nos jogos da Liga e no facebook do time, onde a equipe atualiza os locais das próximas competições. Para os amantes da esporte referência dos Estados Unidos, ver uma equipe que representa o bairro pode ser um ótimo passeio de final de semana, além de apoiar esses atletas que vem fazendo história no bairro e dentro do basquete da Barra.