O protesto que acontece no cenário nacional, reivindica taxas mais justas a aplicativos de entrega 

A paralisação dos aplicativos de entrega iniciou às 9h desta quarta-feira (1º) com apoio do movimento sindical em São Paulo. O protesto é nacional, pede taxas mais justas aos aplicativos de entrega e reivindica ajuda com itens básicos de proteção durante a pandemia de coronavírus.

Por volta das 10h, cerca de 500 motoboys estavam reunidos no Sindimoto, sindicato de mensageiros motociclistas, ciclistas e mototaxistas do estado, com bandeiras da UGT e do Sindicado dos Comerciários.

Líderes dos motoristas pediam que os trabalhadores não obstruíssem a avenida dos Bandeirantes antes de saírem junto ao carro de som. A paralisação foi combinada com a Polícia Militar.

Programada há cerca de um mês, a manifestação na capital paulista está descentralizada, mas tem pleitos semelhantes. O grupo ligado ao sindicato inclui trabalhadores em regime CLT e autônomos e seguia ao Tribunal Regional do Trabalho, na avenida Consolação, por volta das 11h. Na avenida, eram cerca de 1.000 motoboys, de acordo com estimativa do sindicato.

Outro, liderado pela AMABR (Associação dos Motofretistas de Aplicativos e Autônomos do Brasil), vai se reunir às 16h na avenida Paulista, e tem foco nos trabalhadores autônomos e informais.

Ainda há um grupo, com a mesma pauta, protagonizado pelo motorista "Galo", que dialogou com políticos da esquerda nos últimos dias e carrega o discurso do antifascismo.

Chamado de BrequedosApps, o protesto tem pontos de concentração no Rio de Janeiro, em Santa Catarina, Distrito Federal, Pernambuco e outros estados. Na última semana, o movimento ganhou adeptos em outras capitais latinas, que prometeram parar também durante esta quarta.

Além do aumento das taxas de aplicativos de entrega de comida como iFood, Uber Eats e Rappi, os trabalhadores sindicalizados defendem a aprovação do PL 578, de 2019, que regulamenta uma lei federal e exige que empresas paguem 30% de adicional de periculosidade.
"O motofretista paga a moto dele, o combustível dele, INSS dele, seguro de vida dele, para chegar a ganhar uma taxa de R$ 0,60 por entrega por quilômetro? O aluguel de uma moto em

São Paulo é de R$ 602 por mês. Isso é exploração", diz Marcos Alves, da diretoria sindical.

Segundo ele, há cerca de 15 mil motoboys com carteira assinada em São Paulo. Considerando informais e autônomos, a estimativa é de 200 mil.

"Trabalho das 7h as 23h, meia-noite, para ganhar R$ 3.000 por mês. Pagando todo o resto dos custos", diz o motoboy Davi Alexandre, de São Bernardo.

A remuneração dos motoristas sofreu baixa mesmo com o aumento da demanda, impulsionada pelo consumo da classe média.

Estudo da Remir (Rede de Estudos e Monitoramento da Reforma Trabalhista), elaborado por pesquisadores da Unicamp, Unifesp, UFJF, UFPR e MPT, mostra que 59% dos motoristas dizem que passaram a ganhar menos com as plataformas em relação ao período pré-coronavírus.

Segundo os pesquisadores, a remuneração já era baixa: 47,4% dos entregadores afirmaram receber até R$ 520 por semana, sem os descontos dos gastos.

O estudo também mostrou que o aumento de jornada não resultou em maior rendimento: 52% dos motoboys que passaram a trabalhar mais horas tiveram queda nos ganhos. Entre os que mantiveram a carga horária, a maioria (54%) passou a receber menos.

Os motoboys e ciclistas atribuem a baixa nos ganhos ao aumento da mão de obra nos aplicativos, o que distribuiu as entregas. Também há registro de redução de períodos com tarifas dinâmicas, redução de oferta de prêmios e, segundo a Remir, da bonificação.