Ana Luiza Albuquerque (Folhapress)

O dono do edifício que desabou em Rio das Pedras, na zona oeste do Rio de Janeiro, nesta quinta-feira (3), afirmou em depoimento à 16ª DP (Barra da Tijuca) que o imóvel foi construído sem a contratação de profissionais especializados.

Genivan Gomes Macedo também admitiu que a construção era irregular e que não possui a escritura do imóvel, apenas o documento de posse. O conteúdo do depoimento foi revelado pelo G1 e confirmado pela Folha.

Macedo é pai de Nathan Gomes, 30, e avô de Maitê, 2, que morreram no desabamento. Aos policiais, disse que está "extremamente abalado" com o ocorrido.

Macedo também afirmou que estudou apenas até o terceiro ano do ensino fundamental, porque precisou começar a trabalhar e ajudar no sustento da família no Ceará. Aos 18 anos, segundo o depoimento, se mudou para o Rio de Janeiro, onde teve diversas ocupações informais.

Ele disse à polícia, ainda, que comprou o terreno há cerca de 25 anos e que o prédio de cinco andares foi construído aos poucos, conforme conseguia pagar. Macedo afirmou que nunca foi feita uma planta no imóvel e que construiu o prédio para que seus familiares tivessem onde morar, sem nunca ter alugado para outras pessoas.

O dono do imóvel também contou que, cerca de 15 dias antes do desabamento, sua filha, que morava no terceiro andar, disse que o vidro de uma das janelas havia estourado sem razão aparente.
A Secretaria Municipal de Saúde informou nesta sexta-feira (4) que Maria Quiara Abreu, 26, que perdeu o marido e a filha na tragédia, apresenta quadro de saúde grave e instável. Ela está internada no CTI do hospital municipal Miguel Couto.

A Polícia Civil disse, em nota, que montou uma força-tarefa reunindo a 16ª DP (Barra da Tijuca), a 32ª DP (Taquara), a DPMA (Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente) e a Draco (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais) para apurar o desabamento e o possível envolvimento de milicianos em construções irregulares.

Rio das Pedras é controlada por grupos paramilitares, que têm na exploração imobiliária uma de suas principais receitas. Segundo informações iniciais e o depoimento de Macedo, porém, a construção que desabou nesta quinta-feira não teria ligação com a milícia.