José Eduardo Neves Cabral se entregou no dia seguinte, quando já era considerado foragido

 

 

Em uma reportagem exibida no último domingo (27) pelo Fantástico, da TV Globo, imagens mostram José Eduardo Neves Cabral, filho do ex-governador Sérgio Cabral, saindo do condomínio onde reside na Barra da Tijuca, minutos antes da chegada da Polícia Federal para prendê-lo. Ele deixou o prédio às 5h28 da última quarta-feira (23), segundo a matéria do dominical. No dia seguinte, quando já era considerado um fugitivo, ele se entregou.

O filho do ex-governador é acusado de ser um dos gerentes da organização criminosa que causou um prejuízo de R$ 2 bilhões à União ao sonegar impostos na venda de cigarros. O chefe do grupo, segundo a PF, é Adilson Oliveira Coutinho Filho, o Adilsinho, que está foragido nos Estados Unidos. Ele também seria um dos administradores da Companhia Sulamericana de Tabacos, em Caxias, que fornecia os maços para o esquema. O mandado de prisão dele foi incluído na difusão vermelha da Interpol.

A investigação mostra a relação de intimidade entre Adilson e José Eduardo. Em uma mensagem de texto obtida pelo Fantástico, o filho de Sérgio Cabral parecia satisfeito com sua parceria com Adilson. “Você ganhou um fã e soldado de verdade. Você é sujeito homem na essência da palavra. Do mesmo jeito que eu aprendi. Maior honra estar convivendo com você”, escreveu. 

A PF diz que ele chamava Adilson de chefe ou patrão. Os dois teriam se conhecido quando José Eduardo promoveu uma festa milionária para Adilson no Copacabana Palace.

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Lista de acusações

O filho do ex-governador, que está preso junto com o pai numa unidade da PM, é acusado pela PF de emitir notas fiscais falsas, de determinar que seguranças extorquissem dinheiro e ameaçassem comerciantes para vender apenas os cigarros da Sul Americana e de ocultar e dissimular valores, além de enviar dinheiro ao exterior.

A investigação afirma que a quadrilha tinha participação de 27 pessoas. Dessas, 14 foram presas. O grupo era dividido em cinco níveis: chefia, gerência, operadores, segurança e o setor de lavagem de dinheiro. Quinze PMs e um agente federal, que está foragido, são acusados de ligação com o esquema. A Justiça determinou ainda o bloqueio de bens dos acusados no total de R$ 300 milhões.

A defesa de José Eduardo disse ao Fantástico que as acusações são absurdas e que a inocência dele ficará provada. O advogado de Adilson afirmou que ele sempre atuou legalmente na distribuição de cigarros e que é inverídica a sua vinculação a qualquer organização criminosa.