Folhapress

A derrota para o Sampaio Corrêa por 2 a 0 no sábado (26), em São Luís, não só deixou o Botafogo mais distante do G-4 da Série B do Campeonato Brasileiro, mas também evidenciou um problema recente da equipe: o mau desempenho fora de casa.

Entre abril e junho, o time alvinegro venceu apenas uma partida longe de seus domínios. Neste período, foram oito jogos do Botafogo como visitante fora do estádio Nilton Santos, que incluíram ainda três derrotas e quatro empates, que resultaram em aproveitamento de 29%.

O único triunfo no período foi a final da Taça Rio, vencida por 1 a 0 diante do Vasco, em São Januário -porém, o resultado positivo no tempo normal não impediu o título do rival nos pênaltis. No período, oBotafogo teve ainda uma outra vitória na condição de visitante, contra o Nova Iguaçu, mas atuando no Engenhão.

O período de seca fora de casa ainda incluiu outra frustração: a queda precoce na Copa do Brasil. No Frasqueirão, em Natal, o time de Marcelo Chamusca foi derrotado pelo ABC na disputa de penais após empate em 1 a 1 nos 90 minutos.

Já atuando como mandante no mesmo intervalo de três meses, o Botafogo obteve um aproveitamento praticamente duas vezes superior ao retrospecto fora de casa: 57,8%. Em seis partidas disputadas, a equipe carioca venceu três, empatou duas e perdeu uma.

O Nilton Santos foi palco de quatro delas, enquanto os estádios Giulite Coutinho e Raulino de Oliveira receberam uma cada. Este último, em Volta Redonda, receberá mais uma partida do Botafogo, desta vez contra o Vitória, às 21h30 desta quarta-feira (30), novamente pela Série B.

Com um jogo a menos em relação à maioria dos concorrentes, o Botafogo soma oito pontos e ocupa a 11ª colocação. O Vitória, por sua vez, tem dois pontos a menos e aparece na zona de rebaixamento, na 18ª colocação.

Estádio: Raulino de Oliveira, em Volta Redonda (RJ)
Horário: 21h30 (de Brasília) desta quarta-feira (30)
Árbitro: Lucas Paulo Torezin (PR)
Transmissão: TV Globo, SporTV e Premiere

Alexandre Araújo e Bruno Braz (Folhapress)

Germán Cano chegou a São Januário após uma mobilização da torcida nas redes sociais e, aos poucos, vai ganhando uma identificação cada vez maior com o Vasco. Xodó dos cruz-maltinos, o atacante tem se notabilizado não apenas pelo faro artilheiro, mas também por atitudes que extrapolam as quatro linhas e rendem elogios ao argentino.

O gesto do camisa 14 de levantar a bandeirinha de escanteio colocada em apoio ao movimento LGBTQIA+ ao comemorar o gol contra o Brusque, no último domingo (27), pela Série B do Brasileiro, foi mais um destes casos. A celebração, inclusive, acabou reforçando as manifestações do clube pela pauta e ganhou grande repercussão, com direito a manchetes também fora do país.

Na segunda-feira (28), Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+, o jogador trocou a foto de perfil nas redes sociais e publicou uma ilustração que fez menção à atitude no dia anterior. A foto daquele momento foi amplamente compartilhada por vascaínos e até mesmo por rivais.

O ato pode ter ganho um eco ainda maior por conta de uma polêmica que ocorreu horas antes de a bola rolar. Pouco após o time cruz-maltino divulgar um manifesto contra homofobia e transfobia no esporte, o zagueiro Leandro Castán, capitão da equipe, fez uma publicação em rede social com uma citação bíblica que continha trechos como "sejam férteis, multipliquem-se e encham a terra". Questionado, o Vasco destacou "respeito às individualidades".

Recentemente, Cano protagonizou um leilão beneficente com peças -uma camisa de jogo, um par de chuteiras e uma jaqueta corta-vento-, e o valor arrecadado foi revertido integralmente em doações à comunidade do Tuiuti, que é vizinha ao estádio de São Januário. O próprio jogador foi fazer a entrega.

Em campo, o camisa 14 se mostra um dos melhores investimentos feitos pelo clube recentemente. Com 35 gols até aqui, ele alcançou duas importantes marcas na Colina: tornou-se o maior artilheiro estrangeiro do século 21 e o maior artilheiro argentino na história do clube.

Na caminhada para o primeiro recorde, ultrapassou o sérvio Petkovic, que defendeu o Vasco em duas passagens entre 2002 e 2004 e fez 28 gols. Já no segundo, deixou para trás Alfredo González, que atuou entre 1940 e 1941, e balançou a rede 30 vezes. A comemoração com os dedos em formato de "L", em homenagem ao filho Lorenzo, já rendeu até uma espécie de slogan: "faz o L", o que torcedores esperam que se repita nesta quarta-feira (30), quando o Vasco visitará o Goiás, às 19h, novamente pela Série B.

Na rodada anterior, ao apito final contra o Brusque, as contas oficiais do Vasco nas redes sociais publicaram uma foto em que Cano, acompanhado de Galarza e Sarrafiore, ergue a bandeirinha de escanteio sob a luz de São Januário.

Autor do registro, Rafael Ribeiro, fotógrafo do clube, conta que, pouco antes, estava chateado pelo fato de não ter conseguido pegar o chute que gerou o gol. Porém, segundos depois, eternizou um ato histórico.

"Na hora, eu nem imaginei o peso que teria essa foto, mesmo tendo pensado nisso por dias. Quando a enviei para postagem, já me parabenizaram e, assim que foi postada, recebi mais de 500 mensagens de apoio e felicitações. Recebi ligações, menções nos principais canais esportivos em seus programas, postagens em jornais impressos, links de postagens pelo mundo, muitas mensagens de torcedores de outros clubes", diz à reportagem.

Junto ao gesto histórico de Cano, houve o lançamento de uma camisa com a faixa transversal, originalmente preta ou branca, com as cores do arco-íris, em alusão à bandeira utilizada pelo movimento LGBTQIA+ . A peça esgotou rapidamente e o clube prepara uma nova remessa.

Vitor Roma, vice-presidente de marketing, ressaltou que o projeto foi muito cuidadoso e não houve vazamentos antes da divulgação oficial, o que também teve peso na comercialização. "Agora, teremos uma segunda leva, com outras surpresas mais. Não estamos nem traçando expectativas, mas acreditamos que vá esgotar de novo. Tenho certeza que, no final, quando medirmos os números, vai estar entre os grandes cases de lançamento de camisas no Brasil", disse.

Estádio: Hailé Pinheiro, em Goiânia (GO)
Horário: 19h (de Brasília) desta quarta-feira (30)
Árbitro: Douglas Marques das Flores (SP)
Transmissão: SporTV e Premiere

Folhapress

Entre os dez participantes da Copa América, o Brasil é o único que não tem um jogador inscrito com a camisa 24. A CBF não informou a razão para isso. A informação foi publicada pelo UOL. A Folha de S.Paulo também tentou contato com a entidade, mas não obteve resposta até a publicação deste texto.

Diferentemente do restante do mundo, existe um histórico de rejeição a essa numeração no futebol brasileiro por preconceito ao homem gay. O número 24 no Brasil está ligado ao jogo do bicho, no qual representa o veado, animal usado de forma pejorativa para ofender homossexuais no país.

Por causa da pandemia da Covid-19, a Conmebol permitiu que neste ano cada equipe pudesse inscrever 28 atletas no torneio continental e distribuir a numeração livremente. O máximo permitido anteriormente era de 23 atletas. Na relação de inscritos do Brasil, o goleiro Ederson usa o número 23. O seguinte da lista é o 25 do volante Douglas Luiz.

No ano passado, o meio-campista colombiano Cantillo recebeu a camisa 8 no Corinthians, apesar de sempre ter usado a 24 em outras equipes. "Vinte e quatro aqui, não", disse o então diretor de futebol e hoje presidente do clube, Duilio Monteiro Alves. Depois, ele pediu desculpas e disse ter feito uma "brincadeira infeliz."

Levantamento feito pela Folha de S.Paulo em janeiro do ano passado, o número é usado quatro vezes mais em ligas do exterior do que no Campeonato Brasileiro, consideradas as cinco temporadas anteriores.