Redação

A Secretaria Municipal de Saúde recebeu todos os lotes de vacinas do Ministério da Saúde dentro do prazo de validade e os distribuiu imediatamente para as unidades de saúde.

Está sendo verificado se, de fato, houve alguma aplicação de doses após o vencimento. Caso isso tenha acontecido, a unidade entrará em contato com os usuários para realizar a revacinação.

Os casos suspeitos de vacinação fora da validade, com data da aplicação da vacina, data de nascimento e primeiros dígitos do CPF das pessoas vacinadas, PODEM SER CONSULTADOS CLICANDO AQUI

Quem estiver na relação pode aguardar o contato da equipe de saúde ou, se preferir, procurar a unidade em que se vacinou na segunda-feira (05/07), a partir das 11h, para verificar se houve um erro no registro, que será feito o ajuste. Em caso de constatação de que recebeu de fato dose vencida, será realizada a revacinação.

Júlia Barbon e Guilherme Garcia (Folhapress)

Depois dos nonagenários, dos octogenários e dos septuagenários, o impacto da vacinação contra a Covid-19 já se estende para os sexagenários. Uma redução nas internações e mortes pela doença no grupo tem sido registrada nas últimas semanas, à medida que a imunização avança.

O Brasil deu a largada na vacinação maciça das pessoas de 60 a 70 anos no início de março. A partir de meados de abril, a tendência de queda começa a ser visível: a faixa etária, que representava 23% dos hospitalizados e 29% dos mortos na época, despenca para 11% e 16% em junho.

Em números absolutos também há uma diminuição constante e expressiva no período. Se na última semana de março 5.737 pacientes dessa idade morreram da doença, foram apenas 865 na segunda semana de junho, seis vezes menos.

Os dados tabulados pela reportagem são do Ministério da Saúde e consideram pessoas internadas por síndrome respiratória aguda grave (Srag) em qualquer tipo de leito. O intervalo analisado foi até o último dia 12, levando em conta o tempo para as notificações.

Esse é mais um número a se somar ao diagnóstico de rejuvenescimento das vítimas do coronavírus no país. Já era possível observar uma queda do agravamento dos casos nos grupos de 90 e 80 anos desde o fim de fevereiro, e no grupo de 70 anos desde abril, na contramão dos mais jovens.

O epidemiologista e demógrafo Raphael Guimarães, pesquisador da Fiocruz, diz que esse "seguramente é um efeito da vacina". "O que a gente tem observado é que, à medida em que o país consegue vacinar idosos mais novos, a participação dessas faixas em mortes e internações se reduz", afirma.

Ele reforça que a faixa dos 60 anos vinha contribuindo de forma ampla para os casos graves da Covid desde o início do ano, representando em torno de 1 em cada 4 hospitalizações. "De umas quatro ou seis semanas para cá, porém, houve uma inversão na curva", analisa.

Um estudo da UFPel (Universidade Federal de Pelotas), em parceria com a Universidade de Harvard e o Ministério da Saúde, mostrou recentemente que a vacinação já evitou a morte de 43 mil pessoas acima de 70 anos, após análise de mais de 200 mil óbitos por Covid-19 entre janeiro e maio deste ano no país.

"Se tivéssemos começado a vacinar a população antes, essa estimativa de mortes poupadas pela vacinação seria maior ainda", diz o epidemiologista Cesar Victora, líder da pesquisa que traz pela primeira vez evidências da efetividade das vacinas Coronavac e AstraZeneca no Brasil.

Até agora, 29% da população adulta (46 milhões de pessoas) tomou a 1ª dose da vacina, e 16% (26 milhões) está totalmente imunizada (tomou a segunda dose ou vacina de dose única).

Agora, a preocupação é com os mais jovens. A proporção de pacientes internados com 40 a 60 anos disparou de 17% para 40% desde o início do ano. A faixa de até 40 anos também dobrou de 5% para 11%.

Um boletim epidemiológico da Fiocruz que analisa dados nacionais até 12 de junho indica que a mediana de óbitos pelo vírus caiu pela primeira vez a um nível abaixo dos 60 anos, assim como já havia ocorrido com as internações.

Isso significa que a idade máxima de metade dos hospitalizados passou de 66 anos no início do ano para 52 anos agora. Já entre as vítimas que morreram da doença, foi de 71 anos para 61 anos no período.

"É verdade que esse processo tem relação com um estreitamento do topo da pirâmide etária da doença, já que os mais longevos contribuem cada vez menos com casos graves e fatais. Contudo, temos em termos absolutos maior número de casos e óbitos entre jovens, de forma independente ao que ocorre com os idosos", escrevem os pesquisadores.

"Este é um cenário extremamente preocupante, especialmente para um país cuja estrutura etária ainda é relativamente jovem. O que virá, com a manutenção deste quadro, será verdadeiramente uma onda: de incapacidade e condições crônicas para brasileiros jovens, que perderão em qualidade de vida e capacidade produtiva", alertam.

Eles avaliam ainda que o rejuvenescimento dos atingidos pela Covid será cada vez mais intenso e "poderá perpetuar um cenário obscuro de óbitos altos" até que esse grupo etário esteja devidamente coberto pela vacina. Portanto, é essencial reforçar o uso de máscaras e o distanciamento social.

Redação

Há três semanas sem registrar pacientes esperando mais de 24 horas por um leito voltado para quadros de covid-19, o município do Rio zerou a fila de espera por esse tipo de leito. Outro indicativo da redução da demanda por leitos na capital é a taxa de ocupação das unidades de saúde, que passou de 96% em maio para 77% nesta virada de mês. Enquanto, em 27 de junho, havia 1.002 pacientes internados na cidade, na quinta-feira (1) registrou 726 – uma queda de 27,5%. 

Além do número de pessoas com quadros graves da doença precisando de internação e as já hospitalizadas, mais um dado que evidencia a redução do ritmo da pandemia no município do Rio é a redução de óbitos, que chegou a cair 44% comparando os meses de junho e maio. Apesar desses dados, o grau de risco para transmissão de covid-19 na cidade ainda é alto, e, para que regrida, é fundamental manter os cuidados de etiqueta respiratória, uso de máscara, distanciamento social e higienização das mãos.

O principal motivo para a desaceleração da pandemia no município do Rio é o avanço da vacinação. Nesta quinta-feira, o prefeito Eduardo Paes anunciou mais uma antecipação do calendário: até a primeira quinzena de julho, serão vacinadas as pessoas a partir de 37 anos. Até agosto, toda população carioca adulta terá recebido pelo menos a primeira dose da vacina contra covid-19. A expectativa é que, quanto mais a vacinação avance, os efeitos positivos sejam percebidos pela redução de casos, internações e óbitos gradativamente em cada faixa etária.

“Os efeitos da vacinação são claros. Começamos a ver uma redução expressiva da doença, mas temos que manter a cautela porque temos um número alto de transmissão. Ainda é o momento de manter os cuidados, usar máscara e evitar se aglomerar ou se expor desnecessariamente”, comentou na sexta-feira (02) o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, durante coletiva de divulgação do 26º Boletim Epidemiológico da Covid-19.

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) disponibiliza 280 pontos de vacinação em toda a cidade, funcionando de segunda-feira a sábado, para facilitar o acesso da população à vacina. A lista desses pontos, seus horários de funcionamento, o calendário de vacinação e mais informações sobre grupos prioritários, documentos etc. estão disponíveis em coronavirus.rio/vacina e nas redes sociais da SMS e da Prefeitura do Rio. Neste sábado (03), serão vacinadas gestantes, puérperas e lactantes a partir de 18 anos; e haverá repescagem para pessoas com 43 anos ou mais, pessoas com deficiência e pessoas com comorbidades (lista PNI).

Um milhão de cariocas com esquema vacinal completo

Nesta semana, o município do Rio alcançou a marca de 1 milhão de cariocas com o esquema vacinal contra covid-19 (sendo por duas doses ou dose única) completo, que é o único meio de garantir a proteção contra a doença. Além disso, outros dois números colaboram para uma comemoração tripla: 4 milhões de doses de vacinas contra covid-19 já foram aplicadas; e 3 milhões cariocas iniciaram a imunização contra o coronavírus, recebendo a primeira dose ou dose única das vacinas disponíveis.

Até a última quinta-feira (01), 3.032.639 pessoas haviam tomado a primeira dose (D1) de CoronaVac, AstraZeneca ou Pfizer no Rio, e outras 46.938 receberam o imunizante da Janssen, que tem o esquema vacinal de apenas dose única. Esse total representa 58% da população carioca elegível para a vacinação (a partir de 18 anos) com a imunização iniciada ou concluída. Entre as pessoas que seguem o esquema vacinal de duas doses, 980.280 já receberam a segunda dose.

Soranz destaca que a cobertura vacinal esperada é de 90% de cada uma das faixas etárias contempladas pela campanha: “Em junho, a SMS aplicou mais que o dobro de vacinas do mês de maio. Estamos tendo adesão da população, o que é muito importante. Não basta avançar na idade, tem que se garantir a cobertura, ou seja, que todas as pessoas sejam vacinadas. Cada pessoa é importante. A próxima semana é decisiva. Pedimos que, quando o calendário estiver na sua idade, vá se vacinar imediatamente. Não espere a repescagem”.

A SMS ratifica que todas as vacinas ofertadas são comprovadamente eficazes e seguras, e são oferecidas aos cidadãos de acordo com a disponibilidade de cada ponto de vacinação (PV). A população deve garantir a dose da vacina disponível no momento em que se dirigir ao PV, sem preferência por fabricante. É fundamental ainda que as pessoas fiquem atentas à data de retorno da segunda dose (anotada a lápis no comprovante da D1) para garantir a eficácia da vacinação. Quem estiver com a D2 em atraso deve retornar ao local de vacinação onde tomou a D1, o quanto antes, para completar a proteção contra a covid-19.

Márcio Garcia, superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria, recomenda: “Cada dia vacinado é um dia a mais de proteção e um dia a menos de exposição à doença. Os postos funcionam o dia inteiro, inclusive no horário de almoço. Não há motivo para deixar de se vacinar”.

Cenário epidemiológico

O 26º Boletim Epidemiológico divulgado nesta sexta-feira mostra que, desde março de 2020, o município do Rio soma 368.354 casos de covid-19, com 28.731 óbitos. Em 2021 são 156.555 casos e 9.953 mortes. A taxa de letalidade deste ano está em 6,4%, contra 8,9% em 2020; e a de mortalidade, em 149,4 a cada 100 mil habitantes, contra 281,9/100 mil no ano passado. A incidência da doença é de 2.350,2/100 mil, quando em 2020 era de 3.179,5/100 mil.

As médias móveis de atendimentos da rede de urgência e emergência, de casos confirmados de covid-19 e de óbitos pela doença na cidade do Rio apresentam queda sustentada. Depois de sete semanas consecutivas com todas as 33 regiões administrativas do município apresentando classificação de alto risco para a transmissão da covid-19, considerando as internações e óbitos, o boletim desta semana conta com cinco delas em risco moderado (classificação amarela): Portuária, Santa Teresa, Penha, Vigário Geral e Ilha do Governador. 

Na última semana, 20 novos casos de diferentes variantes do vírus foram identificados na cidade, sendo 19 moradores locais. Desde a identificação do primeiro caso de novas variantes, o município contabiliza 654, sendo 534 residentes. São 522 casos da brasileira (P.1) e 12 da britânica (B.1.1.7). Dos moradores infectados por essas cepas, 40 faleceram, 17 permanecem internados e 477 já são considerados curados. Dos não moradores do Rio infectados pelas variantes, 24 vieram de Manaus, 7 de Rondônia e 89 de outros municípios.

Independentemente da variante, as medidas preventivas são as mesmas para a população: manter o distanciamento, usar máscaras e higienizar as mãos com álcool 70° ou, quando possível, água e sabão; além das demais medidas de proteção à vida estabelecidas na Resolução Conjunta SES/SMS Nº 871 de 12/01/21, que podem ser consultadas em coronavirus.rio.

Medidas de proteção à vida

As medidas de proteção à vida estabelecidas no Decreto Nº 48.912, de 27 de maio de 2021 foram prorrogadas até 12 de julho. Bares, lanchonetes, restaurantes, quiosques da orla e congêneres continuam com permissão para o consumo apenas para clientes sentados, com distanciamento mínimo de um metro e meio entre cada conjunto composto por mesa e cadeiras limitado a oito ocupantes, sendo admitida música ao vivo sem restrição de horário. Já as academias de ginástica, piscinas, centros de treinamento e condicionamento físico podem ter aulas em grupos, com a ocupação dos ambientes limitada a um indivíduo a cada quatro metros quadrados. 

Casas de espetáculo, concertos e apresentações podem funcionar, desde que mantenham distanciamento mínimo de 1,5 metro entre os participantes, com capacidade de lotação máxima de 40% em locais fechados e 60% em locais abertos, somente com público sentado. As mesmas regras valem para atividades comerciais e de prestação de serviços localizadas no interior de shopping centers, centros comerciais e galerias de lojas, bem como as atividades de museu, biblioteca, cinema, teatro, casa de festa, salão de jogos, circo, recreação infantil, parque de diversões, temáticos e aquáticos, pista de patinação, entretenimento, visitações turísticas, aquários, jardim zoológico, apresentações, drive-in, feiras e congressos, exposições e eventos autorizados. Em todas essas ocasiões, a formação de filas de espera e de aglomerações na entrada e saída é proibida. 

Rodas de samba estão liberadas, mas continuam suspensos o funcionamento de boates, danceterias e salões de dança; a realização de eventos, como festas com vendas de ingresso, em áreas públicas e particulares. A fiscalização das indicações do decreto será feita pela Secretaria Municipal de Ordem Pública (SEOP), a Guarda Municipal do Rio de Janeiro e o Instituto Municipal de Vigilância Sanitária, Vigilância de Zoonoses e de Inspeção Agropecuária (IVISA-Rio) da Secretaria Municipal de Saúde (SMS).

 

Redação

A Secretaria Municipal de Saúde passa a aplicar, nas gestantes e puérperas que tomaram a primeira dose da vacina AstraZeneca, a segunda dose com a vacina da Pfizer, 12 semanas após a primeira dose. A medida segue a recomendação do Comitê Especial de Enfrentamento à Covid-19 – CEEC.

Vale ressaltar que gestantes e puérperas devem avaliar os riscos e benefícios com seus médicos, além de assinar o termo de esclarecimento de vacinação contra a Covid-19.

O CEEC observa também que a intercambialidade das vacinas, nesse momento, pode ser realizada ainda em situações em que houve ocorrência de evento adverso pós-vacinal (EAPV) grave considerando as definições da vigilância de EAPV e dos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais, mediante recomendação médica avaliando risco-benefício e assinatura do termo de esclarecimento de vacinação contra a Covid-19 para intercambialidade de vacina após evento adverso grave.

O tema intercambialidade de vacinas contra a Covid-19 permanecerá em pauta permanente do CEEC na geração e análise de novas evidências científicas. Novos estudos que possam gerar novas evidências relativas ao tema deverão ser realizados.

Redação

O Previ-Rio abre prazo nesta quinta-feira (01/07) para servidores ativos ou aposentados e pensionistas da Prefeitura do Rio, além de seus dependentes, aderirem sem nenhuma carência ao Plano de Saúde do Servidor Municipal (PSSM). Os interessados têm até 20 de julho para indicar uma opção de operadora e efetuar a inclusão no sistema PSSM Online, que ficará disponível no site do Previ-Rio.

As operadoras Assim – Grupo Hospitalar do Rio de Janeiro e Grupo Notre Dame Intermédica foram habilitadas ao cumprir requisitos do edital de credenciamento, lançado pelo Previ-Rio em maio, para dar cobertura de saúde e serviços odontológicos básicos aos servidores e pensionistas municipais a partir de 1º de agosto deste ano a 31 de julho de 2023.

Neste novo contrato, o modelo será o mesmo que já vem sendo empregado tradicionalmente, com o servidor estatutário descontando 2% da sua remuneração (a Prefeitura contribui com mais 3% por trabalhador, como forma de subsidiar cada plano individual) para ter direito a exames, consultas ou internações, no plano básico de referência. Dependentes, pensionistas e os estranhos aos quadros pagarão um preço de tabela, de acordo com sua faixa etária, para aderirem ao PSSM.

Como nos contratos anteriores, cada operadora oferecerá também planos superiores, com uma rede de ofertas mais abrangente e preço diferenciado, para livre escolha do servidor. Também está prevista a coparticipação, para quem optar por não utilizar a rede própria (fidelizada) da operadora, em tabela com valores e regras específicos, excluída em casos de urgência ou emergência. As tabelas com as novas opções ficarão disponíveis no mesmo sistema PSSM Online, a partir da data de início do prazo de adesão.

Servidores e pensionistas já beneficiários do PSSM poderão escolher outro plano dentro da mesma operadora (downgrade/upgrade) ou migrar para a outra empresa credenciada. Caso queira permanecer com a Assim, não é necessário se manifestar no sistema, mas os planos superiores obedecerão aos preços do novo contrato.

O PSSM já atende hoje a mais de 150 mil vidas, entre servidores, dependentes e pensionistas.

Todas as regras para adesão ou modificação foram publicadas em portaria do Previ-Rio, na edição desta terça-feira (29/06) do Diário Oficial.

Ana Bottallo (Folhapress)

A Coronavac, vacina contra a Covid-19 desenvolvida pelo laboratório Sinovac e produzida no Brasil pelo Instituto Butantan, é segura e produz resposta imune em pessoas de 3 a 17 anos. Os dados do estudo de fases 1 e 2, anunciados no início do mês pelo próprio laboratório chinês, foram publicados oficialmente na edição desta segunda-feira (28) do periódico científico The Lancet Infectious Diseases.

Ao mesmo tempo que anunciou os resultados preliminares do estudo com crianças, o governo chinês afirmou que iria começar a aplicação da vacina em crianças a partir de 3 anos. Com isso, a China pode se tornar o primeiro país a ter essa população vacinada, embora o ensaio de fase 3 da vacina ainda esteja em andamento.

No estudo randomizado, controlado e duplo-cego, foram avaliadas 550 crianças (71 na fase 1 e 479 na fase 2) de 3 a 17 anos para medir a segurança, a tolerabilidade e a imunogenicidade (capacidade de gerar resposta imune) de duas doses da Coronavac em um intervalo de 28 dias entre elas.

Um grupo dos participantes foi sorteado para receber uma substância placebo, inócua ao organismo –nesse caso, foi o hidróxido de alumínio, adjuvante também presente na fórmula do fármaco verdadeiro. A pesquisa foi conduzida no CDC (Centro para Controle e Prevenção de Doenças) da província de Hebei, região central da China, a 118 quilômetros de Pequim.

A análise de imunogenicidade da vacina apontou que a vacina levou à produção de anticorpos em 96% dos participantes 28 dias após a aplicação da segunda dose. Na fase 1, nenhum dos voluntários tinha anticorpos neutralizantes contra o coronavírus Sars-CoV-2 e, 28 dias após a vacina, 100% deles apresentaram esses anticorpos no sangue.

Na fase 2, 95% dos participantes que receberam as duas doses com 1,5µg e 100% dos que receberam a dosagem maior, com 3µg da vacina, apresentaram anticorpos no sangue 28 dias após a segunda injeção. Por essa razão, os pesquisadores optaram por continuar os estudos de fase 3 com a dosagem mais alta.

Comparando com os testes em pessoas com 18 a 59 anos, a seroconversão, ou seja, a presença de anticorpos no sangue específicos contra o Sars-CoV-2 após a vacinação, foi maior em crianças e adolescentes de 3 a 17 anos do que na população adulta (18 a 59 anos).

Na avaliação da segurança, os participantes foram acompanhados por até 28 dias após a aplicação da segunda injeção contendo vacina ou placebo e, em geral, os efeitos colaterais foram leves a moderados, com 146 (27%) dos 550 participantes reportando pelo menos um evento após a vacinação. Em geral, os efeitos mais comuns foram dor no local da injeção (73 ou 13%) e febre (25 ou 5%), e aconteceram até 7 dias após a vacinação, com resolução dos sintomas em até 48 horas.

Houve apenas um caso de evento adverso grave, uma criança que apresentou quadro de pneumonia após receber o placebo, não associado à vacina. Não houve uma diferença estatística significativa entre os indivíduos que receberam a vacina com a dose menor (1,5µg) em comparação àqueles que receberam a dose mais alta (3µg) na ocorrência de efeitos adversos, confirmando o perfil de alta tolerabilidade da vacina.

A pesquisa não tinha como objetivo avaliar a chamada resposta imune celular, produzida pela ação de células de defesa, como os linfócitos T, cuja função é combater e matar as células infectadas pelo vírus no corpo. De acordo com os ensaios clínicos com indivíduos com 18 anos ou mais, a Coronavac também induz à produção dessas células, e para a próxima etapa de investigação nas crianças e adolescentes os pesquisadores desejam avaliar também esses índices nos mais jovens.

Algumas limitações do estudo apontadas pelos próprios pesquisadores são o número baixo de indivíduos incluídos no estudo por faixa etária e o fato de todos eles serem de uma mesma etnia (han ou de origem oriental). Outro ponto citado pelos autores é o curto tempo de monitoramento, não sendo possível ainda afirmar se a produção de anticorpos é duradoura ou não, e se efeitos colaterais podem surgir com maior tempo de observação. Esses dados são, em geral, avaliados quando as vacinas passam a ser utilizadas em larga escala na população.

Até o momento, os testes das vacinas com crianças e adolescentes concluídos incluíram indivíduos de 12 anos ou mais, e não há informações para crianças abaixo dessa idade. O imunizante da Pfizer/BioNTech é o único autorizado para uso em crianças com 12 a 17 anos, inclusive no Brasil, onde recebeu autorização da Anvisa no último dia 11 de junho, embora seu uso seja condicionado à inclusão desse grupo no PNI (Programa Nacional de Imunizações).

Segundo Dimas Covas Tadeu, diretor do Instituto Butantan, responsável pela produção da Coronavac no Brasil, a inclusão das crianças e adolescentes em outros países e a publicação dos dados do estudo chinês podem acelerar o processo de autorização para essa faixa etária no Brasil. "Não é um grupo prioritário no momento, pois precisamos primeiro completar a vacinação nos adultos, mas estamos aproveitando esse estudo inclusive para acrescentar no dossiê da Coronavac apresentado à Anvisa e brevemente também esperamos obter essa autorização e poder vacinar crianças e adolescentes."

A vacina da farmacêutica Sinovac é feita a partir de vírus inativado, mesma tecnologia utilizada em vacinas tradicionais, como da gripe, e que são aplicadas anualmente em crianças.

Fase 1 e 2 da Coronavac em crianças
550 crianças e adolescentes de 3 a 17 anos incluídos na pesquisa
96% de soroconversão 28 dias após a segunda dose
27% dos participantes reportaram efeitos colaterais
Não houve diferença estatística significativa dos efeitos com a dose mais alta em comparação à dose menor do imunizante
As duas dosagens se mostraram bem toleradas e com boa resposta imune
Fonte: The Lancet Infectious Diseases