Local recebe hoje apenas uma linha do BRT e uma circulação com 30 mil a menos do esperado

Por Guilherme Cosenza

Sem iluminação, cheia de goteiras e placas quebradas – uma autêntica terra de ninguém. O que por um pequeno período foi motivo de orgulho da população, tem, atualmente, lugar cativo no pódio do descaso. Parte do legado deixado pela Rio 2016, o Terminal Centro Olímpico, criado para trazer os espectadores com êxito às competições, não passa mais de uma estação fantasma, completamente oposta à excelente estrutura inaugurada há três anos com conforto, comodidade e segurança. Naqueles dias o Terminal era vibrante e operava como uma versão reduzida do Terminal Alvorada. 

Hoje, basta passar pelo local para perceber, logo de cara, o descaso. Apenas uma linha dos ônibus articulados do BRT para no terminal. As demais fazem embarque e desembarque numa acanhada estação inicialmente criada apenas para quem necessita pegar o modal em direção ao Recreio, Sulacap, Campo Grande e Santa Cruz. Hoje a parada na pequena estação é obrigatória. 

Assim o passageiro pode escolher entre se espremer à espera de um ônibus em direção ao Terminal Jardim Oceânico sentido metrô, na pequena estação, ou fazer um transbordo por um caminho bastante deteriorado até a única parte operante do terminal. 

Quem se aventurar por esse caminho vai sentir na pele um clima de filme de ação e suspense ao cruzar um túnel escuro e sem qualquer segurança por perto. 

E nem precisa ser noite: a passagem fica na penumbra 24 horas por dia. Poças d’água e goteiras compõem o cenário, faça chuva ou faça sol. Pequenas filas de passageiros formam-se no terminal do abandono. Apesar de haver espaço suficiente, os ônibus utilizam as pistas comuns para poder fazer o retorno de volta ao sentido do Jardim Oceânico, algo que não acontecia na época dos Jogos. A escada erguida no centro da estação que, durante as Olimpíadas, ordenava o fluxo de passageiros hoje está desativada e em avançado estado de deterioração exposta ao tempo e enferrujando com a velocidade de um Usain Bolt. 

Procurado pela reportagem, o Consórcio BRT esclarece que o corredor Transolímpica foi projetado pela Prefeitura com estimativa de 70 mil passageiros por dia, mas registra hoje apenas 38 mil. “Principal local de entrada dos torcedores que foram ao Parque Olímpico durante os Jogos, em grandes eventos, importantes para o calendário turístico e para economia da cidade, o terminal chegou a receber 60 mil pessoas por dia. Mas no dia a dia, são cerca de 280 passageiros, entre pagantes e gratuidades, por dia (com a baldeação no Morro do Outeiro, acabam passando pelo Terminal mais pessoas)”, diz a nota da empresa, acrescentando que a expectativa era a de que, após os Jogos, cerca de 2,2 mil pessoas entrassem no sistema por esse terminal.

Sobre o estado de conservação da estação, o Consórcio informa que as obras de manutenção no local começarão em breve. “Já foi feito orçamento e contratada a empresa”, anuncia.