As buscas pelo corpo de Arthur chegaram ao fim na manhã de quinta-feira (21)

 

 

O surfista Ângelo Lopes contou que tentou salvar o pequeno Arthur, de 7 anos, que estava desaparecido depois de ser atingido por uma onda na terça-feira (19). "Eu tentei entrar no mar para pegar a criança, mas vinha muita onda. Ela [criança] foi jogada contra as pedras e eu não vi mais", relatou o atleta. Bombeiros encerraram as buscas pela criança, por volta das 7h30 desta quinta-feira (21), quando encontraram o corpo do menino entre o Canal da Macumba e a Praia do Secreto.

“Eu estava em um quiosque e vi umas pessoas pedindo por socorro. Imediatamente peguei meus pés de pato e pedi para que ligassem para os bombeiros. Quando entrei no mar, vi três pessoas: um rapaz que estava na boca do canal, além de uma mulher e um garotinho que estavam de frente para as pedras. Eu tentei entrar para pegar a criança, mas vinha muita onda. Ela [criança] foi jogada contra as pedras e eu não vi mais. Eu tentei de tudo, mas não consegui salvá-lo”, lamentou o surfista.

Logo após caírem na água, os dois adultos foram resgatados e encaminhados para o hospital: a avó e o tio da criança. Segundo o major do Corpo de Bombeiros Flávio Contreiras, a mulher é Suzete Oliveira, de 56 anos. Ela foi levada de helicóptero para o Hospital Municipal Miguel Couto, no Leblon, Zona Sul.

“A classificação dela é considerada bem grave por ter aspirado bastante líquido. A pessoa quando não sabe nadar acaba afundando. Ela bebe [água] e também entra água no pulmão. Com a ondulação, ela volta para a superfície e tenta respirar. Os guarda-vidas viram esse momento de ela tentando sair, e a socorreram. As equipes entraram nadando e pediram apoio das motos aquáticas”.

A outra vítima é tio de Arthur, Guilherme Oliveira, de 20 anos. Ele foi levado de ambulância para o Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, e foi liberado na quarta-feira (20).

De acordo com o oficial Contreiras, os três estavam na areia entre duas pedras do Canal da Macumba.

“Ali é um local que já tem vala fixa e bastante pedra. Sabemos que há muitos acidentes, por isso deixamos a bandeira vermelha informando sobre o risco, recomendando que não se tome banho ali. Eles estavam na areia e as ondas os arrastaram. Como o volume de água aumentou muito, provavelmente eles ficaram sem apoio nos pés e foram levados pela correnteza”, explicou o oficial.

A mãe de Arthur acompanhou o trabalho das equipes desde o acidente. Muito abalada, ela não quis falar com a imprensa. A família é de São Paulo e veio passar as férias no Rio.

Outros casos

Somente este ano, o Corpo de Bombeiros já registrou cerca de 11 mil ocorrências em orlas do Rio de Janeiro. Na região do Recreio dos Bandeirantes, ao todo são 1.128 resgates de pessoas afogadas até esse mês.

De acordo com Contreiras, o bairro é considerado o terceiro lugar com mais afogamentos em todo o estado, ficando atrás apenas da área de Copacabana, que abrange ainda as praias de Ipanema, Leblon e Leme, e da Barra da Tijuca.

O oficial deixou um apelo para os banhistas, para que sempre procurem um salva-vidas para se orientar e saber qual local mais seguro e adequado de se entrar na água.

“Todos também devem respeitar as bandeiras de sinalização, e as placas. Nós recomendamos que as crianças fiquem sempre próximas de um adulto, com pelo menos um metro de distância”, finalizou.

O corpo da criança foi levado para o Grupamento Marítimo (GMar) da Barra da Tijuca, onde irá aguardar a perícia. Depois, ele será encaminhado ao Instituto Médico-Legal (IML).