Ana Paula Branco (Folhapress)

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) autorizou, por decreto publicado nesta terça-feira (6), o pagamento de mais três parcelas do auxílio emergencial 2021. O benefício, que acabaria em julho, será pago também em agosto, setembro e outubro.

Vão receber as novas parcelas os trabalhadores que obedecerem a regra do programa. Só quem já recebia o auxílio em dezembro de 2020 teve o cadastro reavaliado para continuar recebendo o benefício, destinado somente a famílias com renda de até meio salário mínimo por pessoa e renda mensal total de até três salários mínimos.

Quem recebe benefício previdenciário, assistencial ou trabalhista ou de programa de transferência de renda federal, com exceção do Bolsa Família e do PIS/Pasep, não tem direito ao auxílio.

Estão excluídos ainda contribuintes que tiveram rendimentos tributáveis acima de R$ 28.559,70 em 2019, ou tinham, em 31 de dezembro daquele ano, a posse ou a propriedade de bens ou direitos, inclusive terra nua, de valor total superior a R$ 300 mil.

Ficam também impedidos de receber o benefício cidadãos que tenham recebido em 2019 rendimentos isentos, não tributáveis ou tributados exclusivamente na fonte com valor acima de R$ 40 mil.

A exclusão do auxílio ainda será aplicada a menores de 18 anos, exceto mães adolescentes, a quem estiver no sistema carcerário em regime fechado ou tenha seu CPF vinculado, como instituidor, à concessão de auxílio-reclusão.

Valor das parcelas A versão de 2021 do auxílio é limitada a uma pessoa por família. As parcelas vão de R$ 150, para solteiros, até R$ 375, para mães que são as únicas responsáveis pelo sustento do lar. As demais famílias recebem R$ 250.

Para o público do Bolsa Família, segue valendo a regra quanto ao valor mais vantajoso a ser recebido entre o Bolsa Família e o auxílio emergencial 2021. Os integrantes do programa receberão o benefício com maior parcela.

O pagamento vai obedecer o calendário a ser divulgado pela Caixa, de acordo com a data de nascimento do beneficiário.

Nicola Pamplona (Folhapress)

A medida provisória que cria o comitê de gestão da crise energética recebeu críticas no mercado por concentrar poder em mãos do MME (Ministério de Minas e Energia), deixando de fora agências e outros órgãos ligados à gestão das águas e do setor elétrico.

O texto foi apresentado na segunda-feira (28), com direito a pronunciamento em rede nacional, nomerc3006 qual o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, elencou medidas em discussão pelo governo e pediu à população que economize água e energia.

O comitê de gestão será composto por representantes de seis ministérios e liderado por Albuquerque. Terá o poder de definir vazões dos rios relevantes ao setor elétrico e de contratar energia emergencial para enfrentar a crise.

O setor questiona, porém, a ausência de agências que hoje têm essas atribuições, como a ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento), responsável por gerir os rios federais, ou a própria Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), que faz os leilões de compra de energia.

Também ficaram de fora o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), que faz a operação diária dos reservatórios e o Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis), cujas decisões podem ter fortes impactos na geração de energia.

A criação de um comitê gestor da crise era defendida pelo setor elétrico, com o argumento que esse modelo foi fundamental para o país enfrentar o racionamento de 2001. Naquele momento, o governo deu o poder a um executivo "neutro", o então ministro-chefe da Casa Civil, Pedro Parente.

"Ter o MME à frente do comitê é uma concentração de poder equivocada", diz o ex-presidente do ONS Luiz Eduardo Barata. "O próprio governo tem repetido que é uma crise hídrica, e não uma crise energética", continua, frisando que a seca tem efeitos também sobre outros segmentos, como agronegócio e transporte.

Em 2001, o grupo que geriu a crise tinha não só ministros, mas as agências de água, energia e de petróleo, o ONS, presidentes do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e de Itaipu, além da AGU (Advocacia-Geral da União).

Leonardo Vieceli (Folhapress)

Com o impacto da pandemia no mercado de trabalho, a taxa de desemprego foi de 14,7% no trimestre encerrado em abril. Assim, permanece no nível recorde da série histórica no país, iniciada em 2012. O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou o resultado nesta quarta-feira (30).

Entre fevereiro e abril, o número de desempregados chegou a 14,8 milhões. Os dados integram a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) com divulgação mensal. A taxa de 14,7% havia sido alcançada no primeiro trimestre deste ano. Em igual período do ano passado (fevereiro a abril), estava em 12,6%.

Pelas estatísticas oficiais, um profissional está desempregado quando não tem ocupação e segue em busca de oportunidades. O levantamento do IBGE considera tanto trabalhadores formais quanto informais.

Na largada de 2021, o aumento de casos de coronavírus provocou novas restrições a atividades econômicas, o que dificultou a operação de empresas e a reação do mercado de trabalho.
Além disso, o auxílio emergencial foi interrompido na virada do ano e retomado apenas em abril, com redução nos valores pagos e no número de beneficiários. Conforme analistas, a paralisação do auxílio pode ter levado mais gente de volta à procura por vagas, pressionando o indicador de desemprego.

Economistas avaliam que a melhora consistente do mercado de trabalho depende em grande parte da recuperação do setor de serviços, o principal empregador do país. Durante a pandemia, serviços diversos foram prejudicados, incluindo operações de bares, restaurantes e hotéis.

A crise foi intensificada no setor pelo fato de que essas atividades precisam da circulação de clientes. Na visão de especialistas, o avanço da vacinação contra a Covid-19 é peça fundamental para permitir a melhora dos negócios e, posteriormente, a geração de vagas de trabalho. Em 2021, não bastasse o desemprego em alta, brasileiros também amargam o avanço da inflação. A combinação de fatores acaba diminuindo o poder de compra das famílias no país.

Folhapress

Os pratos típicos de festa junina -um dos principais atrativos da celebração- não escaparam da alta de preços vista nos últimos meses. Segundo levantamento da FGV (Fundação Getúlio Vargas), o valor médio dos ingredientes mais utilizados na data acumula alta de 16% em um ano, o dobro da inflação do período (7,98%).

Segundo o levantamento, que analisou 32 itens, o arroz doce e o churrasco foram os mais afetados pela alta de preços no acumulado em 12 meses até maio. O preço do arroz subiu 52,45%, seguido pelo do leite condensado (25,62%), da carne bovina (34,4%) e da linguiça (27,74%).

Entre os itens analisados, apenas a maçã e a batata-inglesa sofreram um recuo nos preços, de 1,57% e 14,54%, respectivamente. Matheus Peçanha, economista da FGV, explica em nota que o aumento do volume de exportações para a Ásia durante a pandemia reduziu a oferta de carne no mercado interno, o que pressionou os preços.

Além disso, o especialista afirma que a crise hídrica vivenciada pelo Brasil interfere no plantio de cereais e leguminosas como soja, milho e amendoim, o que também pressiona os preços de alimentos consumidos nos festejos juninos.

"Com a estiagem nos principais pontos de plantio dos cereais e leguminosas, a produção de soja, milho, arroz e amendoim ficaram impactadas, o que refletiu no aumento de preços desses produtos in natura, bem como das carnes, que usam milho e soja como ração", disse em nota. "Muitos desses produtos não têm substituto".

LISTA DE ALTA DE ALIMENTOS

Item - Variação de preço acumulada em 12 meses até maio, em %
Açúcar cristal - 24,02
Salsicha e salsichão - 20,36
Farinha de trigo - 18,08
Açúcar refinado - 16,12
Queijo minas - 13,95
Milho - 13,79
Macarrão - 11,72
Amendoim - 11,13
Milho de pipoca - 11,02
Doces e chocolates - 10,5
Fubá de milho - 9,19
Leite - 8,92
Vinho - 8,24

Fábio Munhoz (Folhapress)

A Receita Federal irá pagar nesta quarta-feira (30) o segundo lote de restituição do Imposto de Renda Pessoa Física de 2021. Cerca de 4,2 milhões de contribuintes deverão receber a grana em todo o Brasil. O valor total será de aproximadamente R$ 6 bilhões.

Desse total, pouco mais de R$ 2,3 bilhões serão destinados a contribuintes com prioridade legal, sendo 97 mil pessoas com mais de 80 anos, 779,7 com idade entre 60 e 79 anos e 54,2 mil pessoas com deficiência física ou mental ou moléstia grave, além de 385,5 mil cidadãos cuja maior fonte de renda seja o magistério. A grana também será depositada para outros 2,9 milhões de contribuintes não prioritários que enviaram a declaração até o dia 21 de março deste ano.

Segundo a Receita Federal, o lote também engloba restituições das malhas finas de declarações mais antigas, dos exercícios de 2008 a 2020. O pagamento da restituição será feito na conta que foi informada pelo contribuinte no momento do envio da declaração. Caso ocorra algum problema que impeça o depósito (como conta bancária desativada ou informação incorreta), os valores ficarão disponíveis para retirada por um ano no Banco do Brasil.

Para fazer a retirada, deverá ser remarcada uma data para disponibilização do crédito. Esse procedimento tem de ser feito pelo Portal BB ou pelos telefones 4004-0001 (capitais), 0800-729-0001 (demais localidades) e 0800-729-0088 (telefone especial exclusivo para deficientes auditivos).

Se, depois de um ano, o valor da restituição não for resgatado, o cidadão deve fazer a solicitação do dinheiro à Receita Federal por meio do portal e-CAC. Ao entrar no site, é necessário clicar em "Declarações e Demonstrativos", depois escolher a opção "Meu Imposto de Renda" e, por fim, clicar em "Solicitar restituição não resgatada na rede bancária".

Nicola Pamplona (Folhapress)

Prestes a receber ao menos R$ 3,5 bilhões pela concessão da Cedae (Companhia Estadual de Água e Esgoto), o governo do Rio de Janeiro agora busca obter até R$ 12 bilhões com a revisão no cálculo de participações especiais cobrados sobre a produção de petróleo no estado. Segundo o secretário estadual de Fazenda, Nelson Rocha, os recursos seriam devidos pelas petroleiras por interpretação equivocada das deduções de despesas que reduzem os valores pagos sobre a produção nos últimos cinco anos.

A arrecadação com o petróleo é alvo de uma CPI na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) e foi tema de um convênio assinado no último dia 15 entre o governo estadual e a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis).

O convênio amplia a fiscalização sobre as contas das petroleiras, que o Rio já vem fazendo em paralelo à ANP. "Existe muita coisa que, no nosso entendimento, foi deduzida indevidamente", disse o secretário, em entrevista à reportagem. "Não por má-fé, mas por uma interpretação da qual discordamos."

Segundo Rocha, o estado avalia a dívida entre R$ 8 bilhões e R$ 12 bilhões. A revisão do cálculo impactará também a receita futura, com aumento de arrecadação entre R$ 2 bilhões e R$ 3 bilhões por ano. Em 2020, ano de petróleo barato, o estado recebeu R$ 7 bilhões em participações especiais.

Enquanto os royalties são um percentual fixo sobre a produção, as participações especiais são uma espécie de imposto de renda cobrado sobre campos de grande produção de petróleo, calculadas após a dedução dos gastos das petroleiras em suas operações. O governo estadual analisa usar parte da receita adicional para antecipar o pagamento de dívidas com a União, se aproveitando de artigo da nova lei de recuperação fiscal que permite o uso de ativos para pagar os débitos.

Os ativos, nesse caso, seriam recebíveis lastreados em possibilidades futuras de receita. Rocha diz que o plano de recuperação em elaboração pelo governo Cláudio Castro vai propor a antecipação de algumas dívidas nos primeiros anos do programa. Outros ativos estão em análise, diz o secretário de Fazenda, como recebíveis de decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que reviu os valores do FPE (Fundo de Participação dos Estados) ou ativos ambientais, como créditos de carbono.

Único estado a aderir ao antigo regime de recuperação fiscal, o Rio foi o primeiro a ter a adesão confirmada no novo programa de socorro, em junho. Até dezembro, tem que apresentar um plano de recuperação, com propostas para cumprir as contrapartidas exigidas. Como já esteve no outro programa, diz Rocha, o Rio já avançou em algumas das exigências, como o aumento da alíquota previdenciária dos servidores e a realização de leilões reversos para liquidar restos a pagar, além da reestruturação de sua principal estatal, a Cedae. Agora, precisa aprovar uma lei de teto de gastos e avançar na reforma previdenciária, além de aprofundar medidas relacionadas a servidores e incentivos fiscais.

Com uma dívida de R$ 172 bilhões com a União, o estado diz que, sem o programa de socorro federal, teria que desembolsar R$ 63 bilhões em pagamentos ao Tesouro no próximos três anos. Caso o plano de recuperação seja aceito, o valor cai para R$ 9 bilhões.

Apesar dos ganhos bilionários com a concessão da Cedae, o governo do Rio espera incluir no novo plano a dívida de R$ 4,4 bilhões tomada em 2017 com o banco francês BNP Paribas para conseguir pagar o salário dos servidores estaduais. A dívida era garantida pela União, tendo as ações da companhia de saneamento como contragarantia, e venceu em 2020. A inclusão desse valor no novo pacote de socorro está em análise pela PGFN (Procuradoria Geral da Fazenda Nacional).

Caso seja aceita, a receita do estado com a concessão da Cedae este ano sobe de R$ 3,5 bilhões para R$ 7,5 bilhões, diz Rocha. Outros R$ 1,5 bilhão serão transferidos à companhia como ressarcimento dos ativos. O valor corresponde a 65% do total que será pago pelas concessionários dos três lotes concedidos –um deles ficou sem interessados. O leilão, o maior de saneamento já feito no país, arrecadou um total de R$ 22 bilhões, mas parte do valor é dividido entre os municípios atendidos.

O secretário de Fazenda diz que, com a entrada de recursos e o aumento da arrecadação tributária, o estado deve fechar o ano com sem déficit financeiro. O déficit orçamentário deve ficar na casa dos R$ 3 bilhões.

O governador Cláudio Castro prometeu usar o dinheiro da Cedae em obras de infraestrutura, com o objetivo de tentar atrair empresas de logística para o estado. O pacote de obras deve ser anunciado nos próximos dias.