Transformação histórica da Arena Olímpica marca legado educacional e esportivo sob liderança do presidente Lula

 

 

Por: Lucas Costa

Depois de quase oito anos de espera, o legado finalmente chegou: a Arena Carioca 3 deu lugar ao Ginásio Educacional Olímpico (GEO) Isabel Salgado, que recebe, a partir de segunda-feira, cerca de mil alunos matriculados do 1º ao 9º ano do Ensino Fundamental I e II, no Parque Olímpico, na Barra da Tijuca. É a maior escola da rede municipal do Rio, com 18 mil metros quadrados, e foi construída com a estrutura de uma das arenas dos Jogos Rio 2016. A inauguração oficial aconteceu nesta quarta-feira (07). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o prefeito Eduardo Paes (PSD) participaram do evento.

Do lado de fora, parece se tratar de um ginásio esportivo — e é mesmo, com a nada sutil diferença de que lá dentro surgiram 30 salas de aula, laboratórios, refeitório e toda a estrutura de uma escola. Assim que entra, o estudante é guiado por um corredor principal que contorna o piso que recebeu competições de taekwondo e de esgrima durante os Jogos Olímpicos e do judô nos Paralímpicos, dá lugar à maior escola da rede municipal. O GEO Isabel Salgado foi batizado em homenagem à atleta olímpica, um dos maiores nomes do vôlei mundial, e atenderá cerca de 900 alunos.

Foto: Divulgação

O Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, estava presente e falou sobre o futuro dos jovens: “Eu quero jovens na escola. Não quero jovens na cadeia, no tráfico”, disse o presidente. Lula comentou sobre a evasão escolar, que bateu o número de 500 mil jovens abandonando a escola para trabalhar: “Lugar de criança não é no mercado de trabalho. Lugar de criança é na escola, para aprender e se qualificar para, no futuro, ter melhores condições de trabalhar”. 

O presidente também falou sobre o fundo criado para os estudantes do ensino médio, que irão receber em uma poupança 200 reais por 10 meses ao longo de cada um dos três anos de ensino médio ano, e ao final dos três anos, irão poder sacar esse valor: “Tem gente que nem é mau intencionada, mas tem gente que acha que isso é gasto. E eu tenho dito para as pessoas, que isso é investimento. Gasto é o dia que eu tiver que usar esse dinheiro para pegar esse jovem que eu não dei oportunidade tirá-lo do crack, tirá-lo da droga, tirá-lo do crime organizado, tirá-lo da bandidagem ou construir cadeia. Aí sim vai ser gasto… Enquanto eu tiver pagando para ele estudar, eu estarei fazendo investimento para que as famílias tenham certeza, que o filho está estudando”, concluiu o presidente.

A inauguração da escola marca a conclusão do processo de transformação da arena em uma escola pública, e é a primeira arena esportiva da história dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos 2016 transformada em escola pública. Paes afirmou que a inauguração mostra a entrega do legado olímpico. As obras começaram no fim de 2022. “No meu primeiro mandato, eu rodei o mundo para batalhar com o presidente Lula a realização dos jogos olímpicos para o Rio de Janeiro. Era uma disputa muito dura. E eu tive o orgulho e a possibilidade de testemunhar esse momento do esporte olímpico”, disse o prefeito. Ele destacou a importância de transformação do espaço para as pessoas que mais precisam. “Nunca na história da Olimpíada, um estádio virou uma escola. Ele foi pensado para isso.”

Foto: Ricardo Stuckert

Quem também comentou sobre a abertura do colégio, foi o Subprefeito da Barra, Recreio e Vargens, Raphael Lima: "É motivo de muito orgulho termos na nossa região a maior escola da rede do município, que além de oferecer mais de 5 modalidades olímpicas com infraestrutura de ponta, também tem um GET (Ginásio Educacional Tecnológico) completo. As crianças vão poder interagir com um universo rico em experiências teóricas e práticas", comemora Raphael.

Esporte integrado

A unidade segue um modelo que tem como principal objetivo dar oportunidade para os alunos desenvolverem, em horário integral, as aptidões esportivas, ao mesmo tempo em que estudam disciplinas regulares, como português e matemática. “Esse modelo foi criado antes da Olimpíada e valoriza o esporte na educação. No Rio existem outras 11 unidades com essa proposta: a prática esportiva diretamente incluída no programa pedagógico. Nenhuma vez antes na história dos Jogos Olímpicos, Paralímpicos e da Copa do Mundo a gente teve um estádio virando escola”, afirmou o secretário municipal de educação, Renan Ferreirinha.

Para os estudantes do 1º ao 5º ano, a carga horária é das 8h às 14h30, e as atividades esportivas são de iniciação às habilidades e movimentos, como um preparo para os anos seguintes. Os maiores, do 6º ao 9º ano, entram às 8h e saem às 15h30, e poderão ser treinados em atletismo, badminton, ciclismo, esgrima, luta greco-romana, xadrez, vôlei, vôlei de praia e tênis de mesa. “Os pequenos vão estar expostos a situações para desenvolver a cultura da prática esportiva e da atividade física. Os mais velhos recebem treinamento em três faixas, alternando as turmas do mesmo ano de escolaridade”, explica Maurício Mendes Pinto, diretor do GEO. “Apesar de ser uma escola vocacionada para o esporte, a gente sabe que as crianças têm interesses diferentes, então estamos abertos a oferecer aulas de música, tecnologia, dança, tudo que possa motivá-las a se desenvolver na vida pessoal e profissional”.

Foto: Ricardo Stuckert

A ansiedade natural para o início das aulas, segundo ele, tem um quê a mais. “As mães de alguns alunos comentaram nas redes sociais, pedindo para mostrar mais imagens de como está a escola. Uma disse que a filha nem dormia à noite de tanta expectativa”, conta o diretor.

Como uma escola municipal, o processo de matrícula é feito pelo site da prefeitura: www.matricula.rio. Todas as vagas já foram preenchidas por estudantes da região, de bairros como Curicica, Cidade de Deus e Rio das Pedras. A maioria dos alunos é oriunda de outras escolas municipais e compõe 90% do quadro. Os outros 10% vêm de escolas particulares. Professora de educação física recém-chegada à rede municipal, Nauana Ferreira, de 35 anos, está animada por estrear no Ginásio.

“A gente está definindo ainda a área em que cada professor vai atuar, mas vai ser de acordo com o que tiver o melhor rendimento para cada profissional”, diz ela. “Saber que você vai fazer a diferença na vida de uma criança que pode ter um futuro promissor dentro do esporte requer muita responsabilidade, mas me deixa muito feliz”, conta.

Homenagem a Isabel

O nome dado à escola é uma homenagem a Isabel Salgado, uma das principais jogadoras de vôlei da história do país e que morreu em 2022, aos 62 anos, de uma doença pulmonar. A atleta disputou as Olimpíadas de Moscou, em 1980, e de Los Angeles, em 1984.

Na porta de entrada e saída, uma foto de Isabel Salgado, ilustra a parede, ao lado de um pequeno texto sobre sua história. Isabel lutou pelos direitos das mulheres, por melhores condições para os atletas, atuou na luta pela democracia e foi uma das precursoras do vôlei de praia no Brasil.

Foto: Ricardo Stuckert

Maria Clara Salgado, filha de Isabel e também jogadora de vôlei, destacou a importância da homenagem para a mãe. “Ela se manteve firme em busca de uma sociedade igual e mais justa”, disse.

Obras do ginásio

As obras do Ginásio Olímpico duraram 14 meses e custaram aos cofres públicos R$ 32 milhões, segundo a RioUrbe. A estrutura da arena pôde ser aproveitada graças ao conceito de arquitetura nômade, que funciona como uma espécie de lego da construção civil.

“Essas arenas já nasceram com o planejamento de legado, para ter outro uso na cidade. A estrutura metálica de toda a arquibancada foi transformada na estrutura para abrigar as salas de aula, por exemplo”, afirma Armando Queiroga, engenheiro civil e presidente da RioUrbe.

Foto: Ricardo Stuckert

O piso da quadra, que tinha base em concreto, ganhou um emborrachado específico e adesivos de marcação removíveis. Na iluminação, foram instaladas claraboias, que garantem luz natural e dispensam energia elétrica durante o dia. O ginásio ainda guarda os ares das Olimpíadas de 2016: o sistema de refrigeração é o mesmo, mas passou por obras para otimizar a distribuição em todos os ambientes.

Outras quatro escolas foram construídas a partir da transformação de outro equipamento esportivo: a Arena do Futuro, que recebeu o handebol na Olimpíada e o goalball na Paralimpíada. São os Ginásios Educacionais Tecnológicos (GET), que custaram R$ 42 milhões.