A Secretaria de Estado de Saúde (SES) do Rio de Janeiro irá suspender, a partir de segunda-feira (17) as cirurgias eletivas pelo período de 30 dias. A medida, segundo a pasta, vale para todas as unidades de saúde do estado.

A suspensão é uma das medidas para reduzir o impacto do afastamento de profissionais de saúde por conta de doenças respiratórias, como a Covid-19. As informações são da Agência Brasil.

Segundo a SES, os afastamentos chegam a pelo menos 20% do total de profissionais de saúde. Somente na capital, desde dezembro, cerca de 5,5 mil profissionais de Saúde da rede municipal precisaram ser afastados por covid-19 ou influenza. A SES informou que irá fornecer mais detalhes da medida nos próximos dias.

São consideradas cirurgias eletivas aquelas que podem ser programadas, ao contrário dos procedimentos de emergência. São exemplos de cirurgias eletivas aquelas cirurgias agendadas para catarata, hérnias e vesícula. O estado não divulgou ainda a lista dos procedimentos incluídos na medida.

A suspensão de cirurgias eletivas é uma medida que foi adotada em diversos locais do país ao longo da pandemia. Segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM), em 2020, o Brasil deixou de realizar ou adiou pelo menos 2,8 milhões de cirurgias eletivas.

CASOS DE COVID

De acordo com o último balanço do Ministério da Saúde, nas últimas 24 horas, o país registrou 97,9 mil casos de covid-19 e 174 mortes em decorrência da doença. Assim como no restante do Brasil, o Rio de Janeiro registrou salto no número de casos confirmados de Covid-19.

Diversos estados passaram a retomar ou adotar novas medidas de restrição para aglomerações ou para a realização de determinadas atividades diante do aumento dos casos de covid-19 puxado pela disseminação da variante ômicron.

De acordo com os dados oficiais, são 503 casos de pessoas infectadas pela variante Ômicron, com incidência confirmada em 16 unidades da Federação, Rio de Janeiro, com (133) e São Paulo (121). Também foram registradas duas mortes, uma em Alagoas e outra em Goiás. Há 796 casos e duas mortes pela nova variante em investigação.

Diante do aumento de casos, a SES tem orientado as pessoas a continuarem com os cuidados para prevenir o contágio. A população deve usar máscara, completar o esquema vacinal contra a Covid-19, respeitar o distanciamento social, evitando aglomerações, limpar sempre as mãos e deixar o ambiente ventilado.

Por: Cláudia Collucci

Diante da decisão do Ministério da Saúde de reduzir de dez para cinco dias o período mínimo de isolamento de pacientes assintomáticos com Covid-19, especialistas alertam que não há evidências suficientes de a nova regra seja segura.

Discussão semelhante ocorre nos Estados Unidos desde que o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) também encurtou o prazo para cinco dias, com a condição do uso de "máscara bem ajustada" por dez dias, além da necessidade de vacinação em dia.

Um estudo japonês publicado na semana passada sugere que uma quarentena de dez dias seria mais adequada para evitar transmissões de ômicron. Na pesquisa, uma das poucas feitas com a nova variante, metade das pessoas avaliadas tinha vírus ativo entre três e seis dias depois da da infecção. Entre sete e nove dias, 19% ainda podia transmiti-lo.

O infectologista Carlos Fortaleza, presidente da Sociedade Paulista de Infectologia, não vê sentido algum na redução do tempo do ponto de vista sanitário.

"Os estudos anteriores apontavam o pico de transmissibilidade no 5º dia e queda gradual até o 10º dia. O estudo japonês mostra que a provavelmente a ômicron se comporte como as outras variantes. A decisão do CDC e do Ministério da Saúde só é justificada pelas pressões econômicas."

Ele acha curioso o fato de o ministro Marcelo Queiroga seguir a recomendação do CDC na redução do tempo de isolamento e, ao mesmo tempo, não levar em conta quando o centro americano mostra que 18 milhões de crianças já foram vacinadas contra a Covid, sem nenhum efeito colateral grave. "É uma coisa bem seletiva, acreditar no que interessa."

Para o infectologista, reduzir o isolamento para cinco dias é "precipitar o caos". "O argumento pragmático dos especialistas que defendem a redução é que os hospitais ficarão sem gente para atender. Mas eu acredito que se mandarmos médicos, enfermeiros para atenderem pessoas enquanto estão transmitindo, vamos precipitar um problema que ainda não existe."

Na sua avaliação, apesar da alta taxa de pessoas de licença médica em muitos serviços de saúde, o país ainda não está no caos. "É claro que se chegarmos a um momento de colapso absoluto, vamos precisar mandar pessoas com Covid trabalharem para salvar vidas. Mas ainda não estamos nesse momento."

Evaldo Stanislau de Araújo, infectologista do Hospital das Clínicas de São Paulo, também afirma que não existe consenso e nem uma base científica sólida que amparem a decisão de reduzir o isolamento para cinco dias.

"A percepção que nós temos é que essa é uma decisão de cunho econômico e financeiro. É até compreensível, a sociedade tem áreas essenciais que precisam funcionar, mas é uma decisão tomada de forma intempestiva e temerária, no caso do Brasil", diz ele.

Temerária dada às dificuldades de acesso a testes para a detecção da Covid. Muitas pessoas estão encontrando muitas dificuldades para realizá-los e há uma pressão para que a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) libere os autotestes, amplamente usados no exterior.

"Temos um apagão de dados e, agora, um apagão de testes. É desumana uma recomendação como essa. A decisão é cômoda para quem escreve a norma, mas absolutamente insensível para quem está na ponta do sistema, tanto os profissionais quanto os pacientes."

Segundo ele, a maior pressão recaiu sobre o lado mais fraco, os trabalhadores. "O empregador não se responsabiliza, o laboratório não tem como fazer, as pessoas são jogadas num serviço de saúde que está caótico, a qualidade de muitos testes é sofrível."

Araújo explica que nos serviços de saúde, especialmente os privados, há muito retrabalho –ou seja, pessoas que receberam diagnóstico de Covid, voltaram a trabalhar, apresentaram sintomas novamente e retornam às unidades de saúde para retestagem.

"Seria mais prudente do ponto de vista sanitário, pelas dúvidas científicas que existem, que a gente preservasse os dez dias e que organizasse setor por setor, criasse um espaço na saúde suplementar para poder financiar e custear os testes e onde as pessoas podem fazê-los."

O infectologista Alexandre Zavascki, professor na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, também tem a mesma opinião. Para ele, dez dias seria mais prudente já que, conforme mostra o estudo japonês, perto de 20% dos pacientes podem ter vírus capaz de transmitir até o nono dia.

"Após os cinco dias, tem muita gente voltando sintomático para trabalhar e podendo transmitir, ainda mais com a ômicron", diz.

Ele defende, porém, o isolamento de cinco dias poderia ser uma opção válida nas áreas essenciais, mas com todas as precauções. Por exemplo, estarem assintomáticas, com teste negativo e com medidas de proteção, como máscara do tipo PFF2.

"As áreas não essenciais poderiam continuar os dez dias porque aí você evita essas transmissões. Até porque não tem como avaliar todo mundo, testar todo mundo, tem que usar uma receita de bolo mesmo."

Com estudos em andamento para validar o isolamento por sete dias a partir do início dos sintomas, há especialistas que defendem esse período como o mais viável. É o caso da infectologista Rosana Richtman, médica do Instituto de Infectologia Emilio Ribas.

"No d6 [sexto dia de sintomas] ou d7 [sétimo dia] faz o teste de antígeno e, dando negativo, libera do isolamento, mas ainda assim usando máscara", diz ela, que já adota essa regra com seu grupo de trabalho na maternidade onde também atua.

Já se a pessoa não fez teste algum, ela defende dez dias de isolamento. "Cinco dias é um tempo curto. Mesmo nos EUA, eles reconhecem que vai escapar gente, mas, diante do fato de que já está faltando gente na saúde, no comércio, nos bancos, eles preferem isso à medida que a maioria não estará mais transmitindo no d5."

Para a médica, o grande problema da variante ômicron é anterior à saída do isolamento. "O pessoal tá demorando para entrar no isolamento. Enquanto não vê o resultado do teste, ele tá espalhando vírus 24 horas antes do início dos sintomas, no d0, no d1, no d2, que é o principal momento de disseminação. Estamos focando muito na saída do isolamento e não na entrada. Ali sim você tem uma grande carga viral."

Na sua opinião, embora haja a detecção do vírus no novo dia da infecção, conforme mostra o estudo japonês, a quantidade de carga viral é muito mais baixa e, em teoria, uma boa máscara usada adequadamente poderia segurar o contágio.

"Com a quantidade de casos que a gente está vendo, formos manter [os dez dias] fica bem complicado. Tem empresas praticamente fechando, serviços de saúde caóticos. Temos que ter bom senso."

O governo do estado do Rio de Janeiro começou a distribuir nesta sexta-feira (14), aos 92 municípios, 93,5 mil doses de vacina contra a Covid-19, destinadas a crianças de 5 a 11 anos. O início da distribuição foi anunciado na manhã desta sexta, nas redes sociais. As informações são da Agência Brasil.

As doses dos imunizantes chegaram nesta madrugada no Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão) e foram levadas para a Coordenação Geral de Armazenagem (CGA) da SES, em Niterói.

Segundo a secretaria, a previsão é que a partir de segunda-feira (17), todos os municípios possam dar início à vacinação. A recomendação é que sejam vacinadas primeiro crianças com comorbidades e indígenas, seguidas das faixas etárias dos mais velhos para os mais novos.

A secretaria recomenda que os responsáveis estejam atentos aos calendários locais. A cidade de Maricá, na Região Metropolitana do Rio, anunciou que inicia ainda nesta sexta (14) a imunização de crianças, sendo a primeira do estado a atender essa faixa etária.

Já o calendário da capital começa na segunda-feira para, além das crianças com comorbidades e/ou deficiência, as meninas de 11 anos.

VACINAÇÃO INFANTIL

As vacinas Pfizer (Comirnaty) são destinadas a crianças de 5 a 11 anos. Para a imunização desse público será necessária a autorização dos pais. No caso da presença dos responsáveis no ato da vacinação, haverá dispensa do termo por escrito.

O imunizante tem dosagem e composição diferentes da que é utilizada na dose para os maiores de 12 anos. A vacina para crianças será aplicada em duas doses, com intervalo de oito semanas. A tampa do frasco da vacina é na cor laranja, para facilitar a identificação pelas equipes de vacinação e também pelos pais, mães e cuidadores que levarão as crianças para serem vacinadas.

As primeiras doses pediátricas de vacinas chegaram ao Brasil nessa quinta-feira (13). O lote, que contém 1,2 milhão de doses, está sendo distribuído para estados e Distrito Federal, de forma proporcional ao número de crianças em cada unidade da Federação.

Ao todo, de acordo com o Ministério da Saúde, foram encomendadas 20 milhões de doses dos imunizantes. A previsão é que todas sejam entregues no primeiro trimestre deste ano. Essa é a primeira remessa das 4,3 milhões de doses pediátricas da farmacêutica americana que devem ser entregues ao governo federal ainda em janeiro. Além das unidades de janeiro, 7,3 milhões devem ser entregues em fevereiro e outras 8,4 milhões em março.