Felipe Moitinho trabalhava na Subprefeitura de Jacarepaguá e dirigia carro oficial quando cometeu o acidente

 

 

Suspeito de atropelar e matar um homem no dia 30 de julho, na Barra da Tijuca, Felipe Moitinho não é mais funcionário da Prefeitura do Rio. Ele deixou o cargo comissionado em que trabalhava na Subprefeitura de Jacarepaguá na última sexta-feira (26), após pedir para ser exonerado. No momento do acidente que matou Rhenê Rodrigues Martins, Felipe dirigia um carro oficial do órgão.

“A Subprefeitura de Jacarepaguá informa que Felipe Moitinho, que dirigia o automóvel que atropelou Rhenê Rodrigues Martins, pediu exoneração do cargo na sexta-feira (26). Esclarece, ainda, que não tinha sido informada sobre o acidente e que está à disposição da polícia para colaborar com as investigações. A subprefeitura lamenta o falecimento de Martins e vai procurar a família para prestar todo o apoio necessário, informou a Subprefeitura ao ser procurada pelo G1.

Também na sexta (26), Felipe se apresentou na 16ªDP, na Barra da Tijuca, e deu detalhes do atropelamento, que aconteceu em uma das pistas da Avenida Ayrton Senna, na Barra, no dia 30 de julho.

 

Suspeito conta sobre o atropelamento

Na situação, o ex-funcionário da Prefeitura contou que mentiu na hora de fazer o Boletim de Registro de Acidente de Trânsito (BRAT), no site da Polícia Militar, porque tinha medo de perder o emprego. No documento ele alegou que havia atropelado um cavalo porque estava usando um veículo da subprefeitura na hora do acidente.

O BRAT também foi utilizado para justificar o amassado no veículo e solicitar a troca na locadora que cede os automóveis para a Subprefeitura de Jacarepaguá.

Com giroflex próprio e carro sem placas para evitar fiscalização, o suspeito ainda explicou o motivo pelo qual o carro estava dessa forma. Felipe disse que, como o automóvel é alugado pela Prefeitura do Rio, possui um cartão de autorização que permite tráfego e estacionamento especiais, como por exemplo transitar pela via do BRT. Felipe também contou que o carro não estava cadastrado no sistema e que as placas foram retiradas para evitar ser flagrado pelo equipamento de fiscalização.

Durante a passagem pela 16ªDP ele não soube dizer se ele mesmo tirou as placas ou se outras pessoas que utilizavam os veículos as tiraram. Felipe ainda disse que o giroflex, aparelho usado para sinalizar veículos de emergência, pertencia a ele e estava sendo utilizado para dar oficialidade ao uso da viatura em vias exclusivas, como a do BRT. O equipamento foi apreendido pela polícia.

Quando foi descrever o acidente em que atropelou Rhenê, no dia 30 de julho, Felipe disse ao delegado que dirigia na pista do BRT indo em direção ao Itanhangá, quando ao passar por um semáforo localizado um pouco depois da Estação Bosque Marapendi, sentiu um impacto na lateral esquerda do carro, mas viu o que tinha atingido.

O suspeito contou que parou em seguida, olhou pelo retrovisor, viu uma pessoa em pé na calçada e acreditou que tinha atingido algum objeto que a pessoa carregava. Como não percebeu nada diferente, seguiu viagem. Só quando parou viu os estragos no veículo.

Felipe ainda disse que chegou a ver uma reportagem sobre o atropelamento do estudante João Gabriel, cuja autoria é do modelo Bruno Krupp, que aconteceu no mesmo dia. Mas ficou tranquilo ao saber o local e quem havia atingido o jovem.

Na quinta-feira (25), Felipe resolveu se apresentar na DP após a visita dos investigadores e reportagens sobre o atropelamento de Rhenê.

 

O acidente

No dia 30 de julho, câmeras de segurança da região mostraram que um carro sem placa e com giroflex ligado passou em alta velocidade e atropelou um homem por volta das 20h. As imagens ainda mostram que o veículo seguiu na mesma velocidade e sem parar para prestar socorro.

Minutos depois, as primeiras pessoas para prestar socorro a Rhenê Martins aparecem. O homem permanecia caído no chão.

O garçom, que estava indo para o trabalho no momento do acidente, foi levado para o Hospital Lourenço Jorge, mas não resistiu e teve sua morte atestada por traumatismo do tórax e abdômen, com hemorragia interna. Rhenê tinha 30 anos, deixou três filhos menores de idade, viúva e dois enteados.