Por: Samuel Fernandes

A vacinação de adultos contra a Covid-19 está estagnada e a adesão à terceira dose passa por uma desaceleração, afirma a Fiocruz em novo boletim divulgado nesta quinta-feira (19). A fundação diz que essa situação preocupa, principalmente porque a vacinação é a principal ferramenta no controle da pandemia neste momento de suspensão da obrigatoriedade do uso de máscaras.

A fundação realizou análises sobre a imunização contra o coronavírus no país e dividiu a adesão às campanhas da primeira e segunda doses em cinco fases. Já para a terceira dose, a instituição observou três períodos de aderência.

No caso da primeira dose, o melhor intervalo foi de junho até setembro de 2021, onde ocorreu um crescimento médio de 3% nas aplicações a cada semana. O pior período constatado é o atual, que teve iniciou em fevereiro e registra um incremento médio de 0,3% por semana. Embora com algumas variações, os dados de doses únicas ou segundas doses se assemelham ao modelo visto nas primeiras aplicações.

Já em relação à terceira dose, a primeira fase teve um crescimento lento e durou até dezembro. Depois, iniciou-se a segunda fase com melhorias na adesão (2,62% de crescimento por semana) que perdurou até fevereiro. A partir de então, houve uma queda na adesão à vacinação de reforço.

"A recomendação, portanto, é de manter especial atenção a este indicador, pois isso compromete o avanço da cobertura vacinal completa na população", afirma a fundação.

Outro aspecto de alerta diz respeito a idosos. Foi observado que internações por Covid desse público estão maiores quando comparado com adultos com menos de 60 anos. A Fiocruz sugere que, como esse público foi vacinado no início de 2021, a imunidade induzida pelas vacinas pode reduzir com o tempo, sendo de extrema importância a dose de reforço para evitar casos graves da doença.

Outro ponto abordado pela Fiocruz é a imunização de crianças de 5 a 11 anos. A cobertura dessa faixa etária com duas doses é cerca de 32% em todo o país. No entanto, o fato de as vacinas estarem sendo aplicadas há aproximadamente cinco meses nos menores faz com que o cenário seja "o maior desafio" na avaliação da instituição.

Vacinas e o controle da pandemia

Os imunizantes são essenciais para reduzir quadros graves da Covid-19 e também diminuir a transmissão do Sars-CoV-2.

Essa importância pode ser vista na diminuição de internações em UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) no mesmo período em que as doses aplicadas cresceram. Além disso, a variante ômicron causou um aumento no número de casos da doença no país no início do ano, mas a proteção conferida pelas vacinas colaborou para que a mortalidade da doença não subisse.

Os dados compilados pela instituição nas últimas semanas ratificam esta percepção: entre 24 de abril e 14 de maio, foram registrados cerca de 16 mil casos e 100 óbitos. Neste caso, a letalidade foi cerca de 0,7%, número que figura entre "os menores valores estáveis desde o início da pandemia", diz a Fiocruz.

O Comitê Especial de Enfrentamento da Covid-19 (CEEC), em sua 25ª reunião, na manhã desta segunda-feira (25/4), recomendou à Secretaria Municipal de Saúde do Rio (SMS-Rio) a suspensão temporária da exigência do passaporte vacinal na cidade do rio de Janeiro. A proposta foi baseada no atual panorama epidemiológico, que se mantém favorável e estável, e pode ser alterada caso haja mudança neste cenário. A recomendação será avaliada pela SMS.

Os especialistas ratificaram a urgência do envio de novas doses de Pfizer pelo Ministério da Saúde ao município do Rio e indicaram que a SMS reivindique ao órgão federal a definição de prazo e a garantia de entrega das remessas.

A próxima reunião do CEEC acontecerá em 16 de maio.

Realizado entre os dias 4 e 8 de abril, o primeiro Levantamento de Índice Rápido do Aedes aegypti(LIRAa) após a suspensão dos trabalhos devido à pandemia da Covid-19 revelou que a cidade do Rio de Janeiro está em situação de “alerta” para as arboviroses. O índice de infestação predial (IIP) pelo mosquito transmissor de dengue, zika e chikungunya constatado pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS-Rio) foi de 1,1%. A classificação de “alerta” ocorre quando o IIP está na faixa entre 1% e 3,9%.

O LIRAa é um método de amostragem realizado em todos os municípios brasileiros, normalmente nas mesmas épocas, quatro vezes por ano. É uma importante ferramenta para se mapear as regiões da cidade onde o Aedes aegyptiestá presente, traçando assim as estratégias para controle do vetor. O município é dividido em estratos de 8,2 mil a 12 mil imóveis com características semelhantes e, em cada um desses recortes, 20% dos imóveis são visitados pelos agentes de vigilância ambiental, para verificar se existem focos de larvas do mosquito e quais os tipos de depósitos mais comuns em cada região que servem como criadouros.

– Essa é uma ferramenta de planejamento muito importante, para que as ações de controle das arboviroses sejam reforçadas nos locais onde há maior incidência do vetor. Com a pandemia controlada, pudemos liberar os recursos da secretaria para a retomada de outras ações relevantes para a saúde pública, como o combate ao Aedes aegypti. Desde março, neste período de chuvas e calor, que contribuem para a maior incidência dessas doenças, temos intensificado as ações de campo e de orientação da população sobre as formas de controle do mosquito. Para que a prevenção das arboviroses seja eficiente, é fundamental o envolvimento de todos – diz o secretário municipal de Saúde, Rodrigo Prado.

 

No primeiro LIRAa pós-pandemia, 97.283 imóveis passaram por inspeção em 248 estratos em toda a cidade. Desse total de estratos, mais da metade, 132, estavam com IIP “satisfatório” (menor que 1% das amostras); 110 na faixa de “alerta” (de 1% a 3,9% das amostras); e apenas seis na classificação de “risco” (infestação acima de 3,9% das amostras). Os estratos na faixa de risco estão em parte dos bairros de Gamboa e Cidade Nova, Campinho e Madureira, Campo Grande, Guaratiba, Pedra de Guaratiba, Cosmos, Paciência e Santa Cruz, que terão reforço das ações da SMS-Rio para o controle do vetor.

Outro fato constatado pelo LIRAa é que os criadouros do Aedes aegypti continuam predominantemente nas residências e imóveis particulares. Quase 30% dos focos estavam em depósitos móveis como vasos/frascos com plantas, pingadeiras, recipientes de degelo de geladeiras, bebedouros e objetos religiosos. A orientação para evitar a proliferação de mosquitos nesse tipo de recipiente é realizar a limpeza com bucha ou esponja esfregando as paredes do recipiente pelo menos uma vez por semana.

O último LIRAa no município do Rio havia sido realizado em fevereiro de 2020, quando o IIP encontrado pelos agentes de vigilância ambiental foi de 1%, resultado já na faixa de “alerta”. Depois disso, por recomendação do Ministério da Saúde aos municípios, o levantamento foi suspenso em todo o Brasil, devido aos riscos de contágio da covid-19 e para reduzir a circulação nas cidades como forma de prevenção da doença, além da necessidade de se concentrar recursos no controle da pandemia.

A cidade do Rio de Janeiro aplicará, até maio, a segunda dose de reforço da vacina contra a covid-19 em pessoas com 60 anos ou mais de idade. Para receber a nova dose, é preciso ter sido imunizado com o primeiro reforço há pelo menos seis meses. As informações são da Agência Brasil.

A informação foi divulgada pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes, em seu perfil no Twitter. Até agora, a cidade só estava vacinando pessoas com 80 anos, ou mais, e adultos com imunossupressão, que já tenham tomado o primeiro reforço há quatro meses.

O novo calendário prevê vacinar pessoas com 70 anos, ou mais, a partir da próxima quarta-feira (27), idosos com 65 anos, ou mais, a partir de 4 de maio e aqueles com 60 anos, ou mais, a partir de 11 de maio.

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, até o momento, tomaram a primeira dose de reforço 62,3% da população adulta da capital fluminense. Já receberam o segundo reforço 36,4% dos idosos com 80 anos ou mais foram imunizados.

Por: Mônica Bergamo

A aplicação da dose de reforço da Coronavac em pessoas que já tinham sido vacinadas com o imunizante gera altas taxas de resposta imune contra a Covid-19, segundo aponta estudo realizado pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HCFMUSP).

A pesquisa acompanhou, de setembro de 2021 ao fim de janeiro deste ano, 597 pacientes imunossuprimidos tratados na unidade de saúde -considerados mais vulneráveis à doença e foco da análise- e 199 pessoas de um grupo de controle (em geral profissionais de saúde sem imunossupressão).

Os resultados foram obtidos por meio de análise sorológica feita a partir da coleta de sangue dos participantes. Foi analisado principalmente a presença no organismo de anticorpos para a Covid do tipo IgG, que indicam memória imunológica contra a doença.

Segundo a pesquisa, em setembro do ano passado, seis meses após a aplicação da segunda dose da Coronavac, a taxa de IgG nos pacientes imunossuprimidos era de 60%. Um mês após a aplicação da terceira dose do imunizante, esse índice subiu para 93%. Nas pessoas do grupo de controle, o salto foi de 76,9% para 100% no mesmo período.

"Isso significa que com as primeiras doses da vacina [Coronavac], o indivíduo começa a criar uma resposta e desenvolver essa imunidade de memória, que é mais persistente. E aí num novo contato com o antígeno (a partir da terceira dose), ele vai recobrar essa memória que criou nas primeiras doses e produzir uma resposta mais elevada", explica a médica reumatologista do HC, Nádia Aikawa.

A pesquisa também acompanhou os pacientes até o final de janeiro, quatro meses após a aplicação da dose de reforço, e quando os casos de infecção pela variante ômicron estavam em ascensão em São Paulo.

Dentre os pacientes imunossuprimidos, 10% receberam diagnóstico positivo para a doença, sendo que dois deles precisaram de internação.

Não houve registro de mortes. No grupo de controle, o número de infectados pela Covid foi de 16%. "Foi um pouquinho maior neste grupo, mas precisamos levar em conta que eram profissionais de saúde, que estão normalmente mais expostos ao vírus", afirma a médica.

"Os resultados são bastante importantes, principalmente porque grande parte do estudo foi realizado em pacientes com imunossupressão, sabidamente um público que tem resposta diminuída para vacinas em geral. Os dados reforçam que a Coronavac é um excelente imunizante para a aplicação como dose de reforço, mesmo se as pessoas já tiverem tomado duas doses da vacina anteriormente", salienta ela.