No período, as instituições tiveram ganhos de R$ 40,8 bilhões -R$ 22,4 bilhões no primeiro trimestre e R$ 18,4 bilhões no segundo

A pandemia do novo coronavírus provocou queda de 31,9% no lucro dos bancos no primeiro semestre do ano, de acordo com relatório divulgado pelo Banco Central nesta quinta-feira (15).

No período, as instituições tiveram ganhos de R$ 40,8 bilhões -R$ 22,4 bilhões no primeiro trimestre e R$ 18,4 bilhões no segundo.

Segundo a autoridade monetária, a principal razão para a queda do lucro do sistema financeiro foi o maior nível de provisionamento dos bancos para perdas com crédito por causa da pandemia.

Provisão é o valor que o banco deve manter em caixa para assegurar as operações de crédito.

"A trajetória de elevação da rentabilidade do sistema bancário foi interrompida no primeiro semestre de 2020, por conta do cenário econômico desfavorável associado à pandemia da Covid-19", afirmou o documento.

O relatório do BC apontou preocupação com o fim dos auxílios do governo e com o término do adiamento de parcelas de empréstimos, concedido pelos bancos no início da crise.

Para a autarquia, as medidas podem ter postergado o aumento da inadimplência, chamado de risco de crédito.

"A fim de mitigar esse risco, o sistema elevou o volume de provisões e apresentava, em junho de 2020, um dos maiores índices de cobertura de Ativos Problemáticos (APs) da série", disse o relatório.

Os resultados dos testes de estresse, no entanto, demonstram que o sistema bancário é capaz de absorver o nível de perdas em todos os cenários simulados.

Os testes de estresse são realizados regularmente com base em cenários que levam em conta piora em indicadores como PIB (Produto Interno Bruto), emprego, inflação, taxa de juros, câmbio e riscos avaliados de forma independente, como crédito e desvalorização de imóveis.

O BC fez uma simulação específica para os efeitos da Covid-19 na economia e no sistema financeiro. No relatório anterior, o teste apontou que, no pior cenário, os bancos levariam três anos para recompor os níveis anteriores à crise.

Neste documento, houve melhora de 50% no cenário, mas não foi especificado quanto tempo seria necessário para a retomada.

O choque estimado pela autoridade monetária faria com que o índice de Basileia, usado para medir o nível de saúde financeira dos bancos, caísse de 18,6% para 14,5%.

Houve mudanças metodológicas no teste, como a inclusão de pessoas físicas com ocupações ou situações consideradas como vulneráveis e mudança no critério de seleção de empresas sensíveis aos efeitos da pandemia.

"Os impactos esperados nesse teste foram menores do que no REF [Relatório de Estabilidade Financeira] anterior, mesmo com a inclusão de um novo componente na composição do choque, que sozinho respondeu por metade do aumento das provisões e perdas", ressaltou o texto.