As negociações que envolvem o Prefeito Marcelo Crivella e a tentativa de manter a maioria na votação do aumento do IPTU esqueceram uma das partes fundamentais deste jogo: o contribuinte/eleitor

Por Claudio Magnavita*
 
As negociações que envolvem o Prefeito Marcelo Crivella e a tentativa de manter a maioria na votação do aumento do IPTU esqueceram uma das partes fundamentais deste jogo: o contribuinte/eleitor.

Estão leiloando o que não é deles: o valor do IPTU dos nossos imóveis. Vamos pagar mais. No caso da Barra e Recreio, vamos ser extorquidos. Com apenas 17% do total das inscrições municipais, já pagamos 1/3 de todo valor arrecadado pelo município. Uma clara distorção contra a nossa região, que parece não sensibilizar os nossos vereadores.

A Prefeitura promove uma injustiça social com a nossa região e, quem vota a favor, coleciona nomeados, como foi o caso de vereador da nossa área que emplacou mais dois administradores regionais. 

Assistimos as práticas mais sórdidas da velha política se materializarem na leitura do Diário Oficial do Município dos últimos dias. Até o diretor geral de um dos melhores hospitais do município, o Lourenço Jorge, na Barra, foi demitido sumariamente para dar lugar a um apadrinhado político, que trocou seu voto por um cargo, ou melhor, pelo comando de um hospital. São várias demissões e nomeações feitas no bolsão de negócios. Envolver até um hospital neste jogo é nauseante.

A veterana vereadora Theresa Bergher foi exonerada da Secretaria Municipal para ser submetida a um teste de fidelidade, já que o seu suplente ousou pensar no contribuinte/eleitor e votou contra o aumento. Como o PSDB funcionará com esta chantagem explicita?

São apenas sete votos para acabar com os "vedilhões do templo".  Os que transformaram na cruzada do IPTU a Prefeitura e a Câmara em bazar do que existe pior na política.

Como avisou o presidente da Câmara Comunitária da Barra, Delair Dumbrosck, em email enviado a todos os vereadores: "LEMBREM-SE  QUE  A   BASE  DE  TODOS VOCES  SÃO   SEUS  ELEITORES   E   NÃO  O   EXECUTIVO.  PORTANTO,  OUÇAM   AS   VOZES  DA “RUA”. QUEM  VOTAR   PELA  APROVAÇÃO  DO   IPTU   NESTE  MOMENTO,  PODE   TER  CERTEZA  DE QUE   ESTARÁ  DANDO  UM  GRANDE  PASSO PAR TRÁS  EM SUA CARREIRA POLÍTICA."

Quem dá um passo atrás é o Prefeito Crivella. Conseguiu envelhecer o seu Governo e trazer o carimbo da politicagem para a sua administração. E esta é a primeira de muitas votações da sua gestão.

O eleitor/contribuinte precisa reagir e dizer um sonoro basta. Para a Barra e Recreio, a sobrecarga terá efeito nos imóveis residenciais e comerciais. Será um freio no desenvolvimento. Devemos pensar até na hipótese da desobediência civil e depositar em juízo o IPTU, como foi feito pelo Recreio na época do prefeito Marcelo Alencar.

Precisamos agir como a indignada passagem bíblica, Evangelho – Jo 2,13-25, que nos ensina: "Estava próxima a Páscoa dos judeus e Jesus subiu a Jerusalém. No Templo, encontrou os vendedores de bois, ovelhas e pombas e os cambistas que estavam aí sentados. Fez então um chicote de cordas e expulsou todos do Templo, junto com as ovelhas e os bois; espalhou as moedas e derrubou as mesas dos cambistas. E disse aos que vendiam pombas: ‘Tirai isto daqui! Não façais da casa de meu Pai uma casa de comércio!’ "

Devemos seguir o exemplo e gritar até sermos ouvido pelo bom senso: "Não façais da nossa Prefeitura uma casa de comércio!".

Cláudio Magnavita é Vice Presidente da ACIR RECREIO e Editor do Jornal da Barra