Por: Matheus Rocha

A Polícia Militar afastou agentes do Batalhão de Ações com Cães que invadiram na última segunda-feira (7) uma casa na Vila Aliança, comunidade da zona oeste do Rio de Janeiro.

Cansado de ter a própria casa invadida por policiais, um morador da favela decidiu colocar uma câmera de segurança na sala e conseguiu registrar o momento em que os agentes invadem e reviram a residência. Segundo o advogado do homem, os agentes furtaram uma caixa de som, um frasco de perfume, carne e água de coco.

Nos registros, divulgados pela TV Globo e obtidos pela reportagem, é possível ver três PMs circulando pela sala e vasculhando o imóvel.

"Está cheio de jogos maneiros que você ia gostar", diz um dos agentes ao colega quando encontrou jogos de videogame. Em outro momento, o que chama a atenção deles é uma caixa de som portátil.

"Para não falar que não te dei nada na vida", diz um deles, mostrando o aparelho para o parceiro. "Caixinha, né? Essa é boa. É JBL." Instantes depois, eles abrem a geladeira e se surpreendem com o que encontram no interior dela. "Casa de luxo. Chega aqui. Vem ver a geladeira pra tu ver se é ou se não é. Dá o veredito aqui." O colega de farda vai até lá e concorda que a casa seria de luxo.

De acordo com advogado Willian Brand, em quatro meses, policiais foram 11 vezes na casa de seu cliente. Em algumas ocasiões, a casa foi invadida e, em outras, os agentes pediram para entrar.

"Nessa última fez, acontece que ele não estava em casa, mas pelo telefone pôde perceber que tinha alguém na casa dele e começou a gravar. Nós então registramos uma notícia crime na Corregedoria da Polícia Militar", diz ele, acrescentando que o objetivo da ação é fazer com que essas invasões cessem tanto na casa de seu cliente quanto em outras residências.

"Para que seja feito acesso a uma residência deve haver o flagrante delito, um mandado de busca e apreensão ou um mandado de prisão. Apenas nessas hipóteses o domicílio pode ser violado", diz o advogado. "No caso do morador, ele não se encaixava em nenhuma dessas hipóteses."

Brand não sabe ao certo o que atraia os agentes para a casa de seu cliente. Para ele, um dos motivos pode ser a a estrutura da residência. "É uma casa que, na fachada, tem piso, é bem arrumadinha, o morador tem um carro financiado também", diz ele.

A invasão de residências é uma das principais denúncias feitas por moradores de comunidades contra policiais. Reportagem do jornal Folha de S.Paulo no Jacarezinho, favela da zona norte do Rio, mostrou que a corrente da porta de uma casa estava arrebentada, roupas e objetos estavam revirados.

A favela foi uma das comunidades ocupadas pela PM e pela Polícia Civil no último dia 19 como primeira etapa do programa Cidade Integrada. Segundo o governo do estado, o plano é levar obras de infraestrutura e projetos sociais às regiões ocupadas.

Já uma manicure contou que dormia nua no dia em que a favela foi ocupada quando foi acordada pelos gritos de uma vizinha. A mulher avisava sobre a presença da polícia no andar de baixo. Quando desceu, três homens saíam pela porta. Ela disse ter discutido com eles enquanto invadiam outros imóveis. Urinou no lençol.

Em nota, a SEPM (Secretaria de Estado de Polícia Militar) diz que não compactua com as ações de agentes que invadem domicílios.

"A SEPM ressalta que não há em qualquer outra instituição pública ou privada do país uma corregedoria tão atuante como a de Polícia Militar do Rio de Janeiro. Somente nos últimos 10 anos, a corporação excluiu de suas fileiras 1.536 maus policiais, no que representa uma média anual de cerca 153 militares desligados", diz a pasta.

Por: Matheus Rocha

A Justiça determinou nesta quarta-feira (2) a prisão de três homens acusados de matar o congolês Moïse Mugenyi, 24. O imigrante foi morto a pauladas perto de um quiosque na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio de Janeiro, no último dia 24.

Na decisão, a juíza Isabel Teresa Pinto Coelho Diniz, do plantão judiciário, determinou a prisão temporária argumentando que as investigações apontam que os três homens são autores do crime. Ela destaca, porém, ser importante realizar outras diligências para elucidar os fatos.

Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca, Brendon Alexander Luz da Silva e Fábio Pirineus da Silva já estavam detidos desde a terça-feira (1º) na Delegacia de Homicídios da Capital. Os três foram presos depois que a Polícia Civil cumpriu mandados de prisão temporária por homicídio duplamente qualificado.

Eles foram identificados após o depoimento de testemunhas que presenciaram o espancamento com pedaços de pau.

Um dos presos, Fábio Pirineus da Silva, foi detido na noite de terça-feira na casa de parentes no bairro de Paciência, na zona oeste.

Ele é vendedor de caipirinhas na praia e confessou aos agentes que deu pauladas no jovem, segundo a polícia.

O delegado Henrique Damasceno, titular da Delegacia de Homicídios da Capital, afirmou que as três pessoas presas não trabalham no quiosque Tropicália, do qual Moïse era funcionário. Ele disse, ainda, que o dono do estabelecimento auxiliou nas investigações, foi solícito, forneceu as imagens do crime e colaborou na identificação dos autores.

A polícia encontrou um porrete, indicado por uma das pessoas que ajudaram na investigação, em um terreno baldio próximo ao local.

A família de Moïse diz que ele foi espancado até a morte por ter cobrado diárias que estavam atrasadas. Segundo os parentes, o congolês trabalhava em um quiosque, na altura do posto 8, onde teria sofrido agressões presenciadas por cerca de cinco homens.

"Mesmo depois de morto, os caras continuaram batendo nele. Largaram o corpo perto do quiosque mesmo, amarraram as mãos dele, colocaram elas para trás. Moïse morreu, mas continuaram torturando ele", contou Mamanu Idumba Edou, 49, tio do jovem.

Em vídeo gravado por uma câmera de segurança, é possível ver quando Moïse mexe no interior de um refrigerador e dois homens se aproximam e o empurram para longe.

Um deles o joga no chão e os dois começam a lutar. O segundo homem chega a segurar as pernas de Moïse. Enquanto isso, um terceiro agressor, com um pedaço de pau, começa a bater no congolês.

Instantes depois, quando Moïse parece estar desacordado, com um agressor agarrado a ele no chão, um quarto homem pega o pedaço de pau e o agride.

Os serviços mecânicos, a fabricação e a venda de acessórios e seguros cresceram no primeiro semestre do ano

Despontando como uma alternativa prática, seja para fugir do trânsito caótico das cidades, seja para a prática de exercícios físicos ou atividades de lazer, a utilização da bicicleta conquista cada vez mais adeptos pelo Brasil. Durante o ano de 2021 houve um crescimento exponencial desse mercado no país. Por outro lado, o número de roubos e furtos também aumentaram, fazendo cada vez mais necessária a demanda por seguros desse tipo.

Segundo a Abraciclo (representante brasileira das fabricantes de bicicletas e motocicletas do Polo de Manaus), houve um crescimento de 39,6% na montagem do veículo em setembro de 2021, quando comparado ao mês anterior do mesmo ano. Uma pesquisa anual realizada pelo Comércio Varejista de Bicicleta da Aliança Bike aponta aumento de 34% na venda de bikes no primeiro semestre de 2021 em relação ao mesmo período em 2020. Serviços mecânicos e de reparação representam quase 30% do valor de faturamento de lojas do setor. Dados que demonstram o avanço do mercado apesar da crise sanitária mundial.

Com o aumento do número de ciclistas nas cidades, cresceu também a busca por serviços de aluguel de bikes. A Tembici, empresa que opera no ramo nas cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo, registrou um crescimento de 9% no primeiro semestre de 2021.

Por outro lado, a utilização da bicicleta fez o número de roubos e furtos aumentar. Somente na cidade de São Paulo, nas maiores cidades de Campinas e Piracicaba, esse tipo de crime cresceu 74,5%. Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública foram registradas 288 ocorrências pela Polícia Civil entre janeiro e maio do ano passado. O cenário adverso elevou as vendas de itens como travas e cadeados entre os ciclistas.

Outra forma de proteção encontrada são as seguradoras. O crescimento de seguros de bicicletas foi de 35% em meio a pandemia. A mudança na mobilidade urbana fez ciclistas e seguradoras apostarem em um caminho de resguardo com um patrimônio que tende a ficar tão valioso quanto outros tipos de veículos. CEO e fundador da Korsa, empresa de seguros, James Theodoro afirma que: “O mercado de seguros está atento às oportunidades de negócios, e certamente as bicicletas são ótimas alternativas. Várias seguradoras estão operando na carteira. Os modelos de bike são cada vez mais sofisticados e, com isso, mais caros, levando o consumidor a contratar seguro", comentou o especialista.

Fevereiro de 2022 é um mês especial para a agricultura do estado do Rio de Janeiro. Agora é Lei! Foi publicado no Diário Oficial do Estado o Decreto que institui o Selo de Qualidade do Café do Rio de Janeiro. Um marco para a constante busca pela qualificação e melhoria do café produzido nas nossas terras.

O Selo foi idealizado pela Secretaria de Agricultura, Pecuária, Pesca e Abastecimento, com o apoio da Emater-Rio, da Pesagro-Rio e da Associação de Cafeicultores do Estado do Rio de Janeiro (Ascarj) para reverenciar o produtor que se esforça para produzir com sustentabilidade, buscando a qualidade do produto que chega até as mesas dos consumidores.

Para o secretário de Estado de Agricultura, Marcelo Queiroz, o selo vai ser mais um incentivo para os produtores. ”O selo é fruto de muito trabalho. Eu tenho que agradecer a todos envolvidos que fizeram esse momento marcante se realizar. Técnicos, extensionistas, produtores, o Deputado Estadual, Jair Bittencourt, que nos ajuda na Alerj, todos trabalharam para que a gente chegasse a esse momento. E, principalmente, o Governador Cláudio Castro que é um incentivador da agricultura do nosso Estado. Eu tenho certeza que nossos produtores vão sentir orgulho de dizer que são reconhecidos pelo trabalho no campo.”, disse o secretário.

Vice-presidente da Alerj e membro da Comissão de Agricultura da Assembleia Legislativa do Estado, o deputado estadual, Jair Bittencourt, ressaltou a importância de se valorizar a agricultura do Estado. “Quando se falava de café, não se falava do Rio de Janeiro, mas graças ao trabalho da Secretaria de Estado de Agricultura e do empenho dos produtores rurais, hoje o café especial do Rio de Janeiro é respeitado em todo o Brasil. Uma produção quase toda familiar, que dá orgulho pela qualidade que eles estão chegando”, afirmou o deputado.

Depois de tanto trabalho para chegar a aprovação do Selo do Café do Estado do Rio de Janeiro, o presidente da Emater-Rio enaltece o trabalho de cada técnico e extensionista da empresa que se empenhou para este resultado. “Há anos a Emater-Rio trabalha com os produtores rurais buscando sempre a qualidade do café e a sustentabilidade da produção. Ações que vão da escolha dos grãos até o pós colheita. Esse momento é um marco e eu tenho que agradecer a cada técnico, a cada extensionista que se esforçou para que hoje nós possamos dizer que o café do Rio de Janeiro está entre os melhores do Brasil”, concluiu.

O Selo Qualidade do Café do Rio de Janeiro é um incentivo para que os produtores continuem investindo em qualidade e sustentabilidade.

Por: Ítalo Nogueira e Nicola Pamplona 

Durante as Olimpíadas de 2016, o Inea (Instituto Estadual do Ambiente) sobrevoou diariamente a região sul da baía de Guanabara para monitorar o aparecimento de manchas de óleo.

Embarcações também faziam parte do esforço para manter a qualidade do espelho d'água, palco das competições de vela dos Jogos.

Nos 22 dias da operação de monitoramento, foram encontradas 76 manchas -mais de 85% detectadas a partir das aeronaves. Só no dia 12 de agosto daquele ano foram 7.

Os números ligaram um alerta no órgão ambiental do estado não apenas pela quantidade, mas, principalmente, pela comparação com o histórico de identificação de mancha de óleo no corpo d'água da baía. Entre 1983 e 2016, a média era de oito ocorrências por ano.

A partir dos dados do período olímpico, a estimativa do Inea é de que o despejo real de óleo na baía chegue a 1.325 por ano. Entre 2017 e 2021, novamente sem sobrevoos diários, a média de manchas detectadas ficou em 12.

A disparidade revela o descontrole sobre o real passivo ambiental causado pelo uso crescente da baía por embarcações, principalmente ligadas à indústria do petróleo. Os riscos e a ocupação do espelho d'água são desafios que permanecem mesmo com o eventual cumprimento das novas promessas de despoluição.

Localizada em frente aos maiores campos de petróleo do país, a baía de Guanabara é um dos principais pólos da atividade de apoio a plataformas em alto mar.

Do Porto do Rio de Janeiro e de bases em Niterói saem embarcações que vão ajudar na instalação de plataformas e sistemas submarinos ou apenas fornecer mantimentos para as plataformas.

A atividade na região cresceu na década passada, diante da saturação da base de apoio da Petrobras em Macaé e do aumento das operações por petroleiras privadas no país. Atualmente, enfrenta a concorrência do Porto do Açu, no litoral norte fluminense.

Ainda assim, segundo a Companhia Docas do Rio de Janeiro, o fluxo segue intenso. Entre janeiro e setembro de 2021, 1.336 embarcações de apoio passaram pela baía. Antes da pandemia, que reduziu o tráfego dos navios, o número chegou a 2.926. Estudo da companhia feito em 2014 previu para 2030 um total de 6.000 atracações.

Ao lado da Ponte Rio-Niterói, um ponto de fundeio abriga dezenas de embarcações à espera de viagens ou de contratos. Em 9 de novembro, havia 42 delas, segundo informações do sistema de rastreamento de navios Marine Traffic.

Em nota, o Inea afirma que desde outubro deste ano executa "projeto que tem o objetivo de realizar monitoramento marítimo periódico na região".

As embarcações se somam aos dutos e terminais da Petrobras espalhados no fundo e em ilhas da baía como risco potencial de um acidente.

O mais grave ocorreu em 2000, quando a ruptura num dos dutos causou o vazamento de cerca de 1,3 milhão de litros de óleo combustível, atingindo quase um terço do espelho d'água, incluindo a APA (área de proteção ambiental) de Guapimirim -uma das poucas áreas de manguezal preservadas.

O histórico de grandes vazamentos, porém, é mais antigo. O primeiro registrado foi em 1975, quando o navio iraniano Tarik Ibn Ziyad despejou 6 milhões de litros de óleo na baía.

"Essas embarcações transformam a baía de Guanabara num estacionamento industrial de alto risco", afirma Sérgio Ricardo Potiguara, fundador do Movimento Baía Viva.

As atividades da indústria do petróleo e marítima tomam cerca de 60% do 328 quilômetros quadrados do espelho d'água, de acordo com o atlas do Comitê da Bacia Hidrográfica da baía.

Somada às áreas poluídas, de proteção ambiental e outras, restam aos pescadores cerca de 12% para atuar sem restrição

Segundo Alexandre Anderson, presidente da Ahomar (Associação Homens do Mar), a redução de área tem gerado conflitos entre os pescadores artesanais que usam a baía como local de trabalho.

"Hoje divido esse espaço com o pescador de São Gonçalo, que está sendo espremido pelo terminal de GNL e GLP. Gera-se um conflito entre comunidades pesqueiras. Essa disputa não é natural. Não fomos nós que pedimos isso", afirmou ele, que atua em Magé.

Até mesmo o deslocamento dos botos-cinza, símbolo da capital do estado, é afetado pelo uso intensivo da baía pela indústria do petróleo.

Além dos ferimentos causados por acidentes, a poluição sonora sob o espelho d'água interfere na comunicação dos cetáceos.

"Aqueles navios parados ficam com gerador ligado e fazem um barulho desgraçado dentro da água. Os botos usam mais o lado de São Gonçalo e Niterói, e propusemos uma espécie de corredor para eles. Mas isso nunca foi para frente", afirma José Lailson Brito Junior, coordenador do Laboratório Maqua (Mamíferos Aquáticos) da Faculdade de Oceanografia da Uerj.

A pressão da indústria sobre a baía seria ainda maior caso o Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro) tivesse saído por completo do papel. Desenhado para abrigar uma refinaria, petroquímicas e uma unidade de tratamento de gás em Itaboraí, o projeto naufragou após o início da Operação Lava Jato.

O complexo aumentaria o trânsito de embarcações, ampliaria a quantidade de dutos sob a baía e seria um indutor de crescimento urbano próximo à APA de Guapimirim.

Atualmente, apenas a unidade de gás está em construção no Comperj. Petrobras e o estado assinaram em setembro um convênio para tentar atrair para a área de 43 mil metros quadrados indústrias que dependem do combustível, como plantas química, de fertilizantes e de vidros.

A expectativa é que a infraestrutura local e a proximidade com o fornecimento garantam investimentos de R$ 15 bilhões.

Apoiadora do projeto, a Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro) defende que a atração de novas indústrias não coloca em risco o projeto de despoluição.

O gerente de Sustentabilidade da federação, Jorge Peron, diz que estudo de 2012 já mostrava que a atividade industrial tinha pouca influência na poluição da baía, provocada principalmente pela falta de saneamento básico no entorno.

"Complexos industriais vão continuar sendo implantados e operados em todo o país e também no entorno da baía. Mas hoje há questões que vêm surgindo de forma mais recorrente na agenda empresarial, na agenda ESG. Tudo isso é pressão adicional para que a indústria olhe com muita atenção para o propósito da sua atividade", afirma Peron.

O resíduo industrial foi, por muito tempo, um dos grandes problemas da baía de Guanabara. Fiscalizações iniciadas na década de 1980 reduziram o passivo. Em 2011, o governo do estado assinou um TAC (Termo de Ajuste e Conduta) com a Reduc (Refinaria Duque de Caxias) que também reduziu significativamente os impactos no corpo d'água.

"A Reduc poluía mais do que outras 130 empresas juntas. Fizemos um TAC de R$ 1,1 bilhão para exigir mudanças tecnológicas", disse o deputado estadual Carlos Minc (PSB-RJ), ex-secretário estadual do Ambiente.

Potiguara, porém, defende "uma moratória nos licenciamentos ambientais" da baía.

"Vivemos aqui uma expansão ilimitada da indústria do petróleo. Várias espécies estão em risco de extinção e quase não há mais área para pesca. A baía vive um sacrifício ambiental", disse o ambientalista.

Para o pesquisador Francisco Mendes, do Grupo de Economia do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da UFRJ, a baía de Guanabara tem espaço para os diferentes usos econômicos atuais: lazer, pesca, indústria e transporte.

Falta, para ele, clareza do poder público sobre como dividir o espelho d'água da baía e ordenar a exploração de seu entorno. Mendes afirma que esse é o principal debate a ser feito após a eventual concretização das novas promessas de despoluição.

"Afinal de contas o que a gente quer da baía de Guanabara? Que ela seja um porto importante? Um local de serviços para a indústria de óleo e gás? Que seja uma área de lazer? Retome seu papel de produtora de produtos pesqueiros? Palco de competições esportivas? Um espaço para meio de transporte mais bem estruturado?", questiona ele.

"São diferentes usuários, mas não vemos uma conversa de forma integrada. Com certeza tem espaço para todo mundo. O problema é negociar esse espaço. Isso não é simples. Faz parte de um amadurecimento político que o Brasil ainda precisa viver", afirma Mendes.