O modelo teria causado um prejuízo de quase meio milhão ao Hotel Nacional

 

 

 

 

O modelo Bruno Fernandes Moreira Krupp, que atropelou e matou o estudante João Gabriel, de 16 anos, no fim de julho, foi indiciado pela Delegacia de Atendimento ao Turista (Deat) no último dia 18 de agosto pelo crime de estelionato. Ele é acusado de dar um golpe ao Hotel Nacional de quase meio milhão de reais.

Na última sexta-feira (26), o promotor Marcos Kac, da 1ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal da Zona Sul e Barra da Tijuca, entendeu que existe embasamento suficiente nas investigações do caso e denunciou o modelo e seu sócio, Bruno Leite. O promotor foi contrário ao pedido de prisão. A denúncia aconteceu no mesmo dia em que Bruno Krupp virou réu pela morte do adolescente.

“Pedi a prisão dele porque a fraude foi em torno de R$400 mil. Eles pegam cartões de créditos de terceiro, clonam e vendem as diárias dos hotéis com preços mais baratos. O cartão recusa e o hotel fica no prejuízo. Essa investigação começou há uns meses, após o Hotel Nacional comunicar a fraude à Deat”, contou Patrícia da Costa Araújo de Alemany, delegada titular da especializada.

Um gerente contou, durante as investigações da Deat, que na conversa com as pessoas que tiveram os cartões recusados, os clientes disseram que Bruno Krupp oferecia diárias no hotel a preços menores que no site do estabelecimento. Para conseguir a hospedagem mais barata, o modelo falava que os clientes deveriam fazer o pagamento em uma conta em nome de outra pessoa. De acordo com o gerente, a fraude foi estimada em R$428 mil.

Na denúncia, a promotoria pede que Bruno Krupp ressarça o Hotel Nacional e também todas as vítimas. Foi Marcos Kac que também fez a denúncia, já aceita pela Justiça do Rio, pela morte do estudante João Gabriel.

“Recebo a denúncia e, quanto ao pedido de relaxamento da prisão, ante o oferecimento da denúncia, fica prejudicado. Destaco ainda que, conforme informado pela Seap, quanto ao estado de saúde, o acusado está 'melhor que no início da internação'. Assim, nada indica risco de vida que justifique a revogação da prisão. Por todos esses motivos, indefiro os pleitos libertários e mantenho a prisão preventiva”, escreveu o juiz da 4ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio, Gustavo Gomes Kalil, ao aceitar o documento.

Nesse caso, o juiz faz referência a um habeas corpus que a defesa de Krupp solicitou na última semana e que falava que o estado de saúde do modelo tinha piorado. No entanto, a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária divulgou um comunicado informando que Krupp seguia internado em uma Unidade de Pronto Atendimento Penitenciária e estava bem.

O acidente que tirou a vida de João Gabriel Cardim Guimarães aconteceu em um sábado, dia 30 de julho, por volta das 23h, na Avenida Lúcio Costa, altura do Posto 3. Ao ser atropelado por Bruno Krupp, que segundo a investigação estava a mais de 150km/h, o estudante teve uma perna decepada e foi levado para o Hospital Municipal Lourenço Jorge, mas não resistiu.

Após ter alta no Hospital Lourenço Jorge, Bruno Krupp deu entrada no Hospital Marcos Moraes no domingo, dia 31. Segundo o prontuário médico do Marcos de Moraes, Bruno apresentava quadro estável, movimentando os quatro membros, respirando em ar ambiente, lúcido e orientado, apresentando múltiplas escoriações pelo corpo. As  tomografias computadorizadas de crânio, coluna cervical e joelho foram avaliadas pelos serviços de neurocirurgia e ortopedia e qualquer sinal de fraturas foi descartado, ele inclusive foi liberado do uso de colar cervical.

No entanto, a família de Krupp contratou o médico Bruno Nogueira Teixeira como assistente do caso. No dia 17 de agosto, o delegado adjunto da 16ªDP Aloysio Berardo Falcao de Paula Lopes indiciou o profissional por fraude processual porque ele teria alterado, de maneira fraudulenta, mediante laudo e pedido de internação do paciente em UTI, o estado de saúde do modelo.